Diário do Alentejo

Sport Clube Odemirense, campeão distrital da 2.ª Divisão, recebe amanhã o troféu e as medalhas

07 de junho 2025 - 08:00
Unidos e em família
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Sport Clube Odemirense sagrou-se campeão distrital da 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja e regressa ao escalão principal do futebol regional. Neste sábado, frente ao vizinho de Boavista dos Pinheiros, dirigentes, treinadores e jogadores terão o reconhecimento ao mérito de um percurso competitivo quase imaculado, repetindo o título de 2021/22.

 

Texto Firmino Paixão

 

Tiago Matos, de 30 anos, jovem treinador da formação odemirense, elegeu a união do grupo e o espírito familiar que se interiorizou no grupo de trabalho para justificar a temporada de sucesso que amanhã terminará no Estádio Municipal de Odemira frente à vizinha formação do Juventude Boavista de Pinheiros, emblema que ainda sonha com a possibilidade de, também, subir de divisão. Convidado a eleger o momento da época mais especial e determinante, Tiago Matos admitiu: “Será difícil, mas eu diria que o mais recente, e o momento em que percebemos que a estrelinha estava do nosso lado, foi o golo da vitória que conseguimos em Albernoa, já nos descontos, marcado por Roberto Assunção, o homem que entra sempre para marcar golos. Foi aí que percebemos que o campeonato seria nosso e que iríamos subir de divisão, pois a estrelinha esteve do nosso lado. Será esse, provavelmente, o momento que a equipa levará para memória futura”.

 

Foi um percurso quase imaculado?

Sobre o caminho, sim, é verdade. Estamos sólidos, é assim que nos queremos manter até ao final do campeonato, sem derrotas, só falta um joguinho com o nosso vizinho Boavista dos Pinheiros, um dérbi concelhio. Vamos ver o que acontecerá. Esperamos manter a mesma consistência, provavelmente, iremos estar na máxima força, na medida em que jogamos em casa, faremos a nossa festa, a entrega de medalhas faixas e da taça, até teremos lá os nossos benjamins a receber as medalhas da Liga Formação. Será um dia de festa. A entrega da taça é o culminar de uma época dura e vitoriosa.

 

Que pena aquela derrota, em casa, com o Aldeia dos Fernandes…

Foi um jogo que não nos correu tão bem. Não estivemos na máxima força, devido a lesões, suspensões e indisponibilidade de jogadores, por diferentes motivos. Estamos a falar de futebol amador. Foi uma época longa e dura. Começámos a temporada com o risco de não termos equipa para competirmos, foi muito difícil recrutar jogadores, começámos com cinco atletas vindos da época em que descemos de divisão. Mas conseguimos formar um grupo, uma família forte e muito unida. As palavras-chave da época são união e família. Com esse lema, conseguimos ser campeões e festejámos a duas jornadas do final da prova.

 

Com tantas dificuldades iniciais para formar o plantel, conseguiu formar uma equipa de campeões?

Foi um trabalho duro, um trabalho longo, porque as épocas são longas, e ainda bem, porque dá para fazermos muitos treinos e muitos jogos, até conseguirmos colocar as nossas ideias em prática. Mas, sim, foi algo que nos saiu do pelo. Sabíamos que tínhamos uma retaguarda de juniores a que podíamos recorrer, com quem trabalhei dois anos e em que tinha a máxima confiança. Sabíamos que durante a primeira fase eles podiam adaptar-se ao futebol sénior, interiorizar a nossa identidade e perceberem a mensagem que lhes passámos. Mas tudo isso deve-se ao trabalho que esta equipa técnica foi realizando ao longo da época. Este é o caminho, formarmos mais equipas de juniores, para alimentarmos os seniores. Estamos numa região despovoada, mas os jovens que conseguirmos reter, temos de os formar e rentabilizar para que as equipas se formem com jogadores maioritariamente da região.

 

O Tiago Matos resgatou o Odemirense à segunda divisão, conseguindo o título regional. Foi algum sonho que concretizou?

Claramente. Foi um sonho. Individualmente falando, tenho já uma longa história neste clube, comecei a jogar com seis ou sete aninhos. Fomos campeões em todos os escalões de formação, depois, fui estudar para fora e, no regresso, fui campeão de juniores, que era o título que me faltava na formação. Agora fui campeão de seniores, só me falta mesmo ser campeão na primeira divisão distrital. Concretizei muitos objetivos, mas sempre soube que era aqui que queria estar. Queria fazer vida na minha terra, ajudando a minha comunidade a desenvolver o desporto e a promover os valores locais. Como é óbvio, desenvolver o Sport Clube Odemirense para que ele se torne cada vez melhor. Portanto, sim, foi a concretização de um objetivo, a concretização de um sonho.

 

No seu percurso como treinador teve, também, uma passagem pelo Belenenses que, seguramente, o valorizou…

Quando fui para Lisboa trabalhei no Belenenses, no Benfica e também tive oportunidade de trabalhar no Oeiras e no Alcoitão, um clube onde tenho muitos e bons amigos. Trabalhei também no estrangeiro, Índia e Polónia, aprendizagens que sempre vivi com o pensamento de encher a mochila com essa bagagem de conhecimentos, para trazer um dia para a minha terra. Esse foi sempre um objetivo. Pensava que iria ficar mais tempo lá por fora, mas a saudade da terra trouxe-me, de novo, para o litoral alentejano.

 

Como será o regresso do Odemirense à primeira divisão? Já prepara esse futuro?

Já estamos todos a trabalhar nesse sentido. Quer a equipa técnica, quer a direção, sabendo que temos eleições à porta, mas estamos todos com o pensamento de o Odemirense se manter na primeira divisão distrital, com um grupo jovem, unido e com o máximo de jogadores formados localmente, mantendo esta ideologia, ainda que, pontualmente, tenhamos que nos reforçar.

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