Uma organização partilhada entre a Associação de Patinagem de Lisboa e a Associação de Patinagem do Alentejo que fez reviver tempos em que as corridas em patins tiveram uma enorme implantação e dinâmica nesta região, nomeadamente, através de eventos nas cidades de Beja e de Serpa.
Texto e Fotos | Firmino Paixão
Ora viva! Sejam bem-vindas as corridas em patins, neste seu regresso à cidade de Beja, cujo Pavilhão Municipal de Desportos João Serra Magalhães acolheu, no último domingo, a terceira fase da Taça Neves de Carvalho- -Speedy (escalões de bâmbis, escolares, infantis, iniciados e cadetes), uma organização partilhada entre a Associação de Patinagem de Lisboa e a Associação de Patinagem do Alentejo, que contou com a participação de cerca de uma centena de patinadores de cinco clubes.
O Roller Lagos Clube de Patinagem e a APVA – Associação de Patinagem de Velocidade do Algarve, de Lagoa, representaram o sul do País; a grande Lisboa esteve presente através do Parede Futebol Clube (Cascais), do ODC Rollers – Clube Desportivo de Odivelas e do Inline Skating Patinagem de Loures. E se esta Taça Neves de Carvalho é um tributo que mantém viva a memória do antigo dirigente federativo, considerado o maior impulsionador da patinagem de velocidade em Portugal, o palco escolhido, o Pavilhão João Serra Magalhães, não deixou ninguém indiferente, porque o seu patrono foi o maior dinamizador do hóquei patinado, nas suas diferentes variantes, na cidade de Beja. Em suma, uma bem-sucedida ação promocional das corridas em patins, evento que se enquadra na estratégia de revitalização e de dinamização da patinagem, que o novo executivo da Associação de Patinagem do Alentejo percorre.
Um dos meios para fazer regressar a disciplina à cidade de Beja (onde outrora brilharam Marta Nunes e João Azevedo, entre outros) foi o desafio lançado à antiga patinadora do Roller Lagos, Mariana Pacheco, para incrementar o regresso da modalidade. Não será tarefa fácil mas a jovem universitária, a viver em Beja, está motivada.
“Fizeram-me esse desafio para dinamizar a patinagem de velocidade na cidade de Beja. Sei que não será fácil, mas acho que estou pronta para levar a bom termo esse desafio”, garantiu a jovem ao “Diário do Alentejo”, sem se coibir de revelar a estratégia. “O mais importante será publicitarmos bastante esta nossa ação, para que consigamos angariar atletas, porque sem os miúdos não se conseguirá fazer esse trabalho. O essencial passa mesmo pela divulgação do projeto. Necessitamos que as pessoas de Beja acarinhem esta modalidade como, no passado, já acarinharam outras. Que ganhem gosto por esta disciplina, porque é um desporto muito divertido, muito atrativo. Agora, precisamos que venham já os primeiros miúdos, para iniciarmos a aprendizagem”.
O projeto é partilhado entre a associação regional e o Clube de Patinagem de Beja e numa pausa das provas da Taça Neves de Carvalho já conseguiu atrair quase duas dezenas de meninos e meninas para um primeiro contacto com a modalidade. Um momento que deixou Marina Pacheco mais otimista: “Temos de acreditar... Estamos confiantes. As pessoas dizem que o povo português tem muita fé, e eu, como boa portuguesa, tenho essa fé”. Paralelamente, a jovem assumiu a importância deste torneio na intenção de promover a disciplina. “Foi uma boa ajuda. Estou expectante que as pessoas de fora tenham passado pelo pavilhão para verem do que se trata, pois a realidade é que a patinagem de velocidade é um pouco desconhecida na cidade de Beja e o primeiro passo que temos que dar é dá-la a conhecer, por isso, nada melhor do que um torneio como este para que o consigamos fazer”.
Presentemente, no sul do País, só o Roller de Lagos e a APVA (clubes tutelados pela Associação de Patinagem do Alentejo) praticam as corridas em patins. Ana Sofia, dirigente lacobrigense, revelou que o clube tem cerca de 70 patinadores em diferentes níveis, iniciação, pré-competição e competição. “É um desporto de velocidade e adrenalina em que as crianças se divertem imenso. Uma prática com rigor e disciplina que são preponderantes nesta modalidade e isso é muito útil ao crescimento dos praticantes”.
Com um notável palmarés em termos nacionais e internacionais, o Roller Lagos veio a Beja com uma ideia definida: “Viemos com a intenção de despertarmos o interesse das pessoas nesta região, também para desafiar o Clube de Patinagem de Beja a regressar à prática desta disciplina e formar atletas para que possa existir mais competição entre os clubes filiados na Associação de Patinagem do Alentejo”, revelou Ana Sofia. Voltando ao mérito da modalidade, a adjetivação deixada pela dirigente algarvia foi confirmada pela mãe de uma muito jovem patinadora, Patrícia Ribeiro, com a afirmação: “Os meninos e as meninas focam-se muito na atividade desportiva, desenvolvem espírito de equipa, porque ganham a consciência de que não conta só o resultado individual, mas também o resultado coletivo e, depois, estamos a falar de uma prática de atividade física que tira os miúdos de casa e afasta-os de outras atividades de contributo menos valioso para a saúde”.
O torneio, revelou Leonardo Bonelli, elemento da organização, foi diversificado. “Tivemos vários tipos de corridas, percursos técnicos e de destreza, corridas combinadas e de perseguição. Confiamos que a cidade possa voltar a ver esta modalidade que é muito fascinante para os jovens praticantes”, concluiu.