Diário do Alentejo

O importante é formar

21 de março 2025 - 18:00
Centro de Cultura Popular de Serpa entrou a ganhar no Torneio de Encerramento Sub/18 Masculinos de andebolFoto | Firmino Paixão

O Centro de Cultura Popular de Serpa ganhou ao Clube Vela de Tavira (por 29-26) em jogo relativo à segunda jornada do Torneio de Encerramento Sub/18 Masculinos. Uma partida que se disputou no Pavilhão Municipal de Desportos Carlos Pinhão, na cidade de Serpa.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

O Torneio de Encerramento Sub/18 Masculinos é uma prova complementar, organizada pela Associação de Andebol do Algarve, que está a ser disputada pelos cinco clubes que, após o campeonato regional, não se qualificaram para o nacional de andebol. A saber: Costa d’Oiro, de Lagos, Vela de Tavira, Académico de Lagoa B, Andebol Clube de Olhão e Centro de Cultura Popular de Serpa. Na ronda inaugural o Serpa folgou. Na segunda jornada, primeiro jogo para os serpenses, a equipa treinada por Fernando Charraz bateu o Tavira por 29-26, numa partida em que o resultado final não exprime a supremacia da formação alentejana, sobretudo, na primeira parte.

O treinador não escondeu a satisfação, revelando: “É sempre bom ganhar, sobretudo, contra uma equipa a quem nunca tínhamos ganho. Fizemos tudo para vencer, porque hoje foi a primeira vez que conseguimos ter a nossa equipa completa. Jogámos sempre com sete e oito jogadores. Tivemos muitas lesões e só nesta fase conseguimos superar essas dificuldades. Hoje tivemos muita atitude, empenhámo-nos bem, tínhamos mais soluções e conseguimos vencer, algo que poderíamos ter feito no campeonato regional, mas não foi possível”.

Uma vitória que poderia ter sido mais robusta, não fora o setor ofensivo ter sido um pouco perdulário na finalização. Por outro lado, o guardião serpense, Tomás Picareta, também assinou uma grande exibição. Uma ideia que mereceu a concordância de Fernando Charraz, dizendo: “Foi um dos primeiros jogos que o nosso guarda-redes fez, porque veio de uma lesão no cotovelo. Mas, sim, hoje, na primeira parte, fez a diferença. Mas as segundas partes são sempre mais fracas, porém, a vantagem que conseguimos no primeiro período de jogo deu-nos alguma tranquilidade. Mas quero igualmente sublinhar o desempenho do nosso setor defensivo que, junto com o guarda-redes, foram essenciais neste triunfo”.

A terceira jornada deste torneio levará a equipa serpense para Lagoa, uma partida difícil, reconheceu Charraz. “Esperamos muitas dificuldades. O Lagoa tem uma boa escola. Eles têm uma primeira equipa no nacional, com grandes resultados e, nesse jogo, mesmo sendo a equipa B, que geralmente são os sub/16, vamos sentir algumas dificuldades. Mas, se levarmos a equipa completa, seremos capazes de lhes dar alguma luta”. O técnico assumiu que os objetivos são limitados, justificando: “Estamos numa competição em que o mais importante é competir, para que os miúdos possam rodar. O meu papel aqui, e os jogadores estão informados disso, é formar jogadores para, no futuro, integrarem o escalão de seniores”.

No campeonato o clube ficou aquém daquilo que era a expectativa dos seus responsáveis, admitiu o treinador: “Ficámos aquém, pelas razões que já apontei, as grandes dificuldades em termos todos os atletas disponíveis. Nunca tivemos a equipa completa, sobretudo, sem podermos contar com os nossos laterais, que são os jogadores com mais influência no conjunto. Estiveram sempre lesionados. Se tivéssemos a equipa toda, poderíamos ter apontado para o quarto lugar, ainda assim, fizemos um bom jogo em Beja contra a Zona Azul, que acabou por se qualificar, porque a equipa B do Lagoa não podia competir no nacional, dado que tinha lá a equipa principal”.

Agora, já se olha para o futuro. “Vamos continuar a trabalhar com estes jovens, vamos direcionar os nossos treinos para melhorar as transições ofensivas e reforçarmos o setor defensivo, principalmente, porque quando peguei nesta equipa ela não sabia defender. Os miúdos ficavam parados, não defendiam. Hoje estão a fazê-lo muito melhor porque, como referi, o nosso papel é formar, prepará-los para o futuro”, repetiu Fernando Charraz.

O treinador referiu-se à “boa escola” do Académico de Lagoa, mas, na verdade, o Centro de Cultura Popular de Serpa também tem feito uma grande aposta da formação. “Sei que tem sido assim, estou neste clube há mais de 40 anos. O centro tem tido sempre uma grande preocupação em formar jogadores. A diferença para outros clubes, como, por exemplo, o Lagoa, é a quantidade de atletas que dispõe para promover esse trabalho de formação. São clubes que, todos os anos, podem fazer captação nas escolas, e nós sentimos sempre muita dificuldade em fazê-lo”. E, sem se deter, identificou as maiores dificuldades no recrutamento: “O concelho tem um leque muito diversificado de atividades, à cabeça das quais o futebol, que nos leva a grande maioria dos jovens. Há dois anos fizemos captação nas escolas e tivemos bons resultados, fizemos jogos de demonstração da modalidade, mas é difícil. Devia existir um protocolo que nos permitisse fazer esse trabalho junto das escolas, depois, mais adiante, são as universidades que nos levam os atletas”.

Afinal, esta é uma interação que está prevista no Programa Estratégico do Desporto Escolar 2021/2025: “(…) a possibilidade de o Desporto Escolar ser realizado em cooperação estreita com instituições externas, como federações desportivas, clubes desportivos locais (…)”. Algo que nem sempre acontece.

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