A Associação de Andebol do Algarve, organismo que tutela também os clubes do distrito de Beja, reuniu no Pavilhão Municipal de Desportos António dos Anjos, na vila de Castro Verde, as selecções regionais sub/14 femininas do Algarve/Baixo Alentejo, Portalegre e Santarém.
Texto e Fotos | Firmino Paixão
Competir, formar através de vivências diferentes, incrementar a modalidade na região, também, e, especialmente, no feminino, foram ideias ancoradas a este encontro de seleções regionais sub/14 femininas, que a Associação de Andebol do Algarve promoveu em Castro Verde, com o apoio do respetivo município.
“O que se pretende, no fundo, é o desenvolvimento da modalidade a partir do desenvolvimento das próprias atletas”, revelou João Estrela, o dirigente alentejano que preside à associação algarvia, justificando: “As seleções servem exatamente para que isso seja feito. Trouxemos aqui as seleções de Santarém, de Portalegre e do Algarve/Baixo Alentejo. Portalegre está a iniciar este processo, nós queremos ajudar essa evolução e por isso é que estamos também a organizar estes encontros, para que possam participar e consigam evoluir”.
Quanto ao potencial e nível competitivo das equipas, visivelmente diferente, João Estrela esclareceu: “A nossa seleção que competiu neste encontro é a seleção B, temos duas de sub/14 femininas e duas masculinas, mesmo para que os resultados não sejam muito desnivelados porque, na realidade, o que pretendemos é ajudar no desenvolvimento da modalidade. Nesta seleção do Algarve/Baixo Alentejo temos algumas atletas de clubes do distrito de Beja, nomeadamente, da Zona Azul, de Beja, e do Cautchú, de Odemira”.
Incremento e evolução, palavras-chave de um processo que terá novas ferramentas. O presidente da associação anunciou, por isso: “Estamos aqui com a ideia de que exista evolução, podendo, neste momento, revelar que existe um trabalho que está a ser levado a cabo com o intuito de promoção do desenvolvimento do andebol no Alentejo. Um projeto que foi feito em conjunto com as associações de Portalegre e de Setúbal, que tem a delegação de competências em Évora”. E esclareceu a metodologia: “Fizemos um apanhado com a caraterização dos clubes que existem e, com base nesse trabalho preliminar, apresentaremos um plano de trabalho para ser discutido com os próprios clubes e, posteriormente, submetê-lo-emos à Federação de Andebol de Portugal para avaliarmos o apoio que nos podem dar.
No entanto, para além do apoio que a Federação nos possa dar, teremos de fazer alguma coisa. O Alentejo precisa de ter o andebol a funcionar. Dentro de pouco tempo prevemos ter 20 clubes da região”. Uma boa razão para a Associação de Andebol do Algarve pôr no terreno o seu futuro plano de atividades, aqui revelado por João Estrela: “Teremos o Torneio Cidade de Beja – Bexiga Fialho, com quatro seleções femininas, nos dias 12 e 13 de abril, e, nesses mesmos dias, vamos ter o Torneio de Aljustrel, igualmente, com quatro seleções, mas masculinas. Mais adiante, em Odemira, teremos o Sudoeste Cup, com oito seleções, quatro femininas, quatro masculinas, tudo isto no escalão de sub/14. No próximo fim de semana teremos um torneio entre os centros de treino da federação que existem a nível nacional, com equipas sub/16, que se realizará em Tavira”.
O trabalho do dirigente na promoção e desenvolvimento da modalidade tem sido notável, porém, como “não há bela sem senão”, existem dificuldades: “Temos um problema grave que é a inexistência de treinadores. Existem alguns concelhos em que os próprios municípios estão recetivos ao incremento da modalidade e até nos apoiam nesse sentido. Temos agrupamentos de escolas que estão abertos a que se trabalhe lá o andebol, porém, faltam treinadores ou, pelo menos, duas ou três pessoas que se interessem pela modalidade. O andebol esteve muito tempo sem atividade na região, com dois ou três clubes apenas. Neste momento já temos o Cautchú, em Odemira, com grande atividade, Cuba e Aljustrel a trabalhar, Moura está parado, mas tem existido atividade. A minha ambição está entre os seis e oito clubes, mas a funcionar com regularidade. Temos a possibilidade de avançar em Castro Verde, Vidigueira e Ferreira do Alentejo, o problema é que não temos técnicos”.
Nos escalões seniores também compete o Centro de Cultura Popular de Serpa, na 2.ª divisão, a Zona Azul, na 3.ª, e a perspetiva de a Cautchú se apresentar na próxima época com uma equipa sénior. Sobre este cenário, o líder associativo anunciou: “Na próxima época poderemos ter já oito equipas de seniores sob a nossa tutela, para disputarem o campeonato nacional da 3.ª divisão. O Andebol Clube de Sines, embora filiado em Setúbal, poderá competir connosco, o Costa d’Oiro, de Lagos, e o Lagoa, que também se espera que venham a ter seniores. As coisas estão a compor-se nesse aspecto, para além do que existe na formação. No Algarve temos já mil atletas e no distrito de Beja já chegámos aos 400”.
O brilharete da seleção nacional no último mundial pode também ser uma ferramenta, um impulso determinante, admitiu: “Neste momento já quase toda a gente fala nesse brilharete, mas temos é de arranjar capacidade e imaginação para aproveitar isso em termos do desenvolvimento da modalidade, porque os recursos financeiros são muito escassos. Se as autarquias deixassem um dia de apoiar estas modalidades isto acabava tudo, eventualmente, ficaria apenas o futebol”.