Depois de Tavira e de São Bartolomeu de Messines, a cidade de Beja recebeu a terceira das sete etapas que formatam o Torneio Regional de Andebol Adaptado para a Deficiência Intelectual, uma organização da Cercibeja, sob patrocínio da Associação de Andebol do Algarve.
Texto Firmino Paixão
A Casa do Povo de Messines, o Clube Vela de Tavira/Aejac, o Andebol Clube de Olhão/ /Acaso, a Associação de Paralisia Cerebral de Odemira/Cautchú e a Cercibeja/Ec Travel foram as cinco instituições que, na última semana, proporcionaram aos seus utentes/ /clientes uma manhã de atividade desportiva em que prevaleceram valores como a inclusão, a capacitação e a reabilitação. Os próximos encontros, com as mesmas equipas, terão lugar em Olhão, Odemira, praia da Rocha (Portimão) e, de novo, em Tavira, no encerramento do circuito regional.
Vanda Rodrigues, técnica da instituição anfitriã, a Cercibeja – Cooperativa para a Educação, Reabilitação, Capacitação e Inclusão, de Beja, revelou ao “Diário do Alentejo”: “Já organizamos estes encontros há cerca de quatro anos e temos mantido estas cinco equipas/instituições, algumas delas trabalham em parceira com clubes da sua área de residência. A Cercibeja está hoje aqui, no Pavilhão Municipal de Beja, com a responsabilidade da organização do terceiro encontro deste ciclo de atividade. São momentos de prática desportiva, momentos de convívio e de grande alegria entre todos os participantes, jovens e menos jovens. Terminada a prática desportiva, iremos para a nossa instituição, que lhes abre as portas para a realização de um almoço para todos confraternizarem. São sempre momentos muito agradáveis”.
À parte a própria prática desportiva, que é sempre saudável, os ganhos mais relevantes estão, necessariamente, ancorados à socialização, admitiu. “É sempre importante reforçar essa componente, além do desporto que aqui vêm praticar e do benefício que lhe está intrinsecamente associado, também a proximidade entre os utentes das diferentes instituições, o convívio que, muitas vezes, se gera entre todos, são, de facto, os momentos que ficam na recordação de todos eles e de todas elas. Mercê de alguma sedentarização, de doenças específicas e da própria medicação que lhes é ministrada, alguns acabam por evidenciar alguma obesidade e, nessa medida, a atividade desportiva sempre lhes potencia alguma mobilidade”.
Vanda Rodrigues destacou ainda: “Importa referir que, antes destas atividades, todos passam pela realização de exames médicos para se avaliar a sua capacidade de participarem nos eventos. São perfeitamente acompanhados, antes e depois da prática desportiva, e o próprio exercício que desenvolvem está sempre parametrizado com aquilo que são as suas capacidades e a sua mobilidade”. Um dia que quebra a rotina diária, assinalou: “Eles estão sempre ansiosos pela chegada destas organizações. São momentos muito desejados que eles esperam com alguma ansiedade e com enorme expectativa de poderem participar. Mas já sabem que uma vez por mês têm andebol, uma vez por mês tem futsal, já conhecem esta rotina e perguntam mesmo quando é que chega o dia dos jogos. Temos um calendário multidisciplinar organizado, mais os treinos que fazemos, internamente, na nossa instituição”. Para além do andebol adaptado, a Cercibeja tem no seu plano outras atividades. “Temos outras modalidades para outros utentes que não gostam, ou não conseguem, até por dificuldades de mobilidade, praticar este desporto, que acaba por ter um bocadinho de intensidade”.
Sem que se valorizem resultados, até porque são visíveis diferentes níveis de incapacidade entre os praticantes, importa, sobretudo, a participação, a presença e a satisfação, contudo, a comitiva local até foi bastante numerosa, considerou Vanda Rodrigues: “Estão aqui, no pavilhão, 11 atletas a participar, mas também temos ali na bancada mais alguns que vieram assistir e apoiar e que são praticantes de outras modalidades, como corfebol, natação, futsal, atletismo”.
Nos bastidores, é confortante testemunhar a notável dedicação e o elevado espírito de humanismo com que os técnicos das diferentes instituições se aplicam nesta verdadeira missão de inclusão. Vanda e Sandra Rodrigues, técnicas da Cercibeja, são disso um excelente exemplo. “É a nossa missão, o nosso objetivo”, sublinhou Vanda, adiantando: “Mas é, principalmente, o objeto e a missão da Cercibeja enquanto instituição direcionada para a educação, reabilitação, capacitação e inclusão de pessoas, jovens e menos jovens, com deficiência e com problemas de inserção sociocultural. Neste ano vamos assinalar 47 anos de existência, 47 anos de história no apoio às pessoas que precisam de nós e, nesta missão, o desporto tem sido, sem dúvida, uma mais-valia para o desenvolvimento e para a integração dos jovens com quem trabalhamos”.
Sobre os apoios que têm para realizar estas atividades, a técnica deixou a nota: “Temos o apoio do município de Beja na cedência das instalações, o transporte e a alimentação são oferecidos pela nossa própria instituição, também a Associação de Andebol do Algarve e a Federação de Andebol de Portugal têm um papel importante, porque nós estamos federados e não suportamos qualquer custo ao nível de inscrições, de seguros e exames médicos. Tudo isso é assegurado pela associação, o que é, de facto, uma grande ajuda para que consigamos manter estas atividades e levar a bom termo estas organizações”.