Diário do Alentejo

Uma semente a germinar

08 de fevereiro 2025 - 08:00
Pavilhão Carlos Pinhão, na cidade de Serpa, recebeu Torneio Regional de Minis em andebolFotos| Firmino Paixão

Uma cidade ecléctica. Uma terra de gente dinâmica e predisposta para a promoção atividade física, de lazer ou competitiva, em diferentes modalidades. O andebol não é exceção. Serpa também respira andebol.

 

Texto e Fotos | Firmino Paixão

 

Cinco dias depois de terem passado pelo Pavilhão Carlos Pinhão, em Serpa, as equipas seniores de andebol do Sporting Clube de Portugal e do Clube Balonmano Puente Genil (Córdoba), da Liga Asobal de Espanha, eis que aquele pavilhão voltou a viver uma grande jornada da modalidade, embora com protagonistas diferentes, desta vez, meninas e meninos, andebolistas de palmo e meio. Juntaram-se ao Centro de Cultura Popular de Serpa as equipas do Costa d’Oiro, de Lagos, do Cautchú, de Odemira, da Zona Azul, de Beja, e Andebol Clube de Olhão. Onze equipas no total, sendo três femininas e as restantes masculinas, e mais de 30 jogos.

António Baião, coordenador da formação do Centro de Cultura Popular de Serpa, entidade organizadora deste torneio regional de minis, sob promoção da Associação de Andebol do Algarve, revelou ao “Diário do Alentejo”: “O grande objetivo é, acima de tudo, o convívio entre os jovens praticantes, para que os miúdos se fixem à modalidade através destes momentos competitivos informais, porque se andarem só a treinar as coisas não resultarão”. Por essa razão, continuou: “Temos tido o cuidado de trazer para Serpa iniciativas desta natureza e hoje até com uma atividade mais intensa, porque temos aqui cinco clubes, 11 equipas, sendo três femininas e oito masculinas. Neste ano, em Serpa, conseguimos trabalhar um bocadinho mais na base da formação e até ao escalão de sub/14 temos cerca de meia centena de miúdos a praticar andebol. Um número que é, realmente, muito proveitoso”. Uma forma de fidelizar estes jovens à modalidade? Essa é a grande questão: “Naturalmente que existem sempre alguns que acabam por não continuar, mas grande parte ficará no andebol, sobretudo, se insistirmos em iniciativas deste género, para que eles ganhem gosto e continuem a praticar a modalidade, por isso, estas organizações são essenciais, de resto, a Associação de Andebol do Algarve tem um conjunto de iniciativas dirigidas a estes escalões mais jovens. No nosso clube o lema é: primeiro ganhá-los para o andebol e, mais lá para frente, é que pensaremos em resultados”.

Será esta a semente que garantirá o desenvolvimento do andebol na região? Bexiga Fialho, quer acreditar que sim: “Efetivamente é nestas idades, com miúdos entre os oito e os 10 anos, que vamos tentando incrementar a modalidade. Nestes encontros, onde não existem resultados, o importante é que eles comecem a perceber os princípios do jogo, que há vários colegas dentro da equipa, que é preciso passar a bola, que é preciso recebê-la, que é preciso atacar e defender, rematar, e o grande objetivo é motivá-los para a prática do andebol”, assumiu o presidente da Zona Azul. Nesse sentido, revelou: “Até estamos a trabalhar num projeto que é o ‘Andebol vai à escola’, ação que se prolongará até junho, em que um nosso técnico, com a colaboração dos diferentes agrupamentos, irá divulgar e incentivar os miúdos e miúdas para a prática da modalidade”.

Do litoral alentejano as notícias não podiam ser melhores do que as que revelou o treinador do Cautchú, Miguel Felício: “Temos equipas desde os minis e bâmbis até aos sub/18, e até temos a intenção de, em breve, formarmos uma equipa de seniores, de forma a darmos continuidade ao trabalho que temos vindo a fazer ao longo destes anos. Temos todos os escalões, femininos e masculinos, temos muitos atletas e gostaríamos até de possuir mais capacidade para recebermos mais praticantes”.

O percurso notável dos “Heróis do Mar”, seleção nacional masculina que terminou com o quarto lugar no último campeonato do mundo, na Noruega, poderá revelar-se num inquestionável impulso para que a semente do andebol germine em todo o território nacional. As opiniões foram unânimes. “O andebol nunca teve tanta visibilidade como aconteceu com este mundial. Acredito que o trabalho, a todos os títulos, notável, feito pela seleção nacional, ajudará, e muito, os clubes a trazerem mais gente para o andebol”, admitiu António Baião, enquanto Bexiga Fialho comentou: “É sempre importante que, ao mais alto nível e em termos internacionais, a modalidade consiga bons resultados. Isto teve muita visibilidade junto dos miúdos, dos pais, principalmente, porque, normalmente, são eles que incentivam e levam os filhos a praticar as modalidades, e se escolherem o andebol ficaremos muito satisfeitos”. Já Miguel Felício sustentou: “O andebol teve mais visibilidade, foi mais noticiado e o percurso brilhante da seleção chegou ao conhecimento dos miúdos. Os jovens acompanham o trabalho que tem sido feito e, de alguma forma, poderão entusiasmar-se para continuarem a praticar esta modalidade. Somos um país de futebol, o andebol sofre um pouco com isso, contudo, temos de ganhar o nosso espaço e trabalhar para ele”.

 

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