Prestes a completar 24 anos de existência, o Clube de Amigos do Basquetebol – Os Javalis percorre um tempo de valorização da sua equipa principal, ao mesmo tempo que reforça a sua base de formação.
Texto e Foto | Firmino Paixão
Longe vão os tempos em que as famílias reais promoviam esperas aos javalis naquela que hoje é conhecida como a serra de Grândola. Reza o seu foral que, um certo dia, se lhes escapou do ponto mira da espingarda, um animal de grande porte. Só tiveram tempo de exclamar: “Que grande olha”. Levou tempo, mas a fonética da expressão evoluiu e esteve na origem do nome que, mais tarde, seria a designação da “Vila Morena” e o javali passou a constar na sua heráldica. Não terá sido ao acaso que o Clube de Amigos do Basquetebol de Grândola adoptou também a designação de “Os Javalis”. André Jesus, treinador da equipa sénior dos grandolenses, que veio ganhar ao Beja Basket Clube por 45-72 (parciais de 16-22, 14-14, 13-16, 2-20), também admitiu: “A inspiração passou por aí e também porque entendemos que o javali é um animal que tem garra, tem atitude, não é qualquer coisa que o derruba e quem fundou este clube escolheu os símbolos da heráldica da nossa terra para podermos, sempre que vamos fora, dizer que o javali é um animal típico da nossa região e que Grândola está no mapa “. Mas vamos ao jogo!
Uma vitória em Beja plena de justiça?O jogo hoje foi diferente e mais desequilibrado. Em Grândola, curiosamente, tinha sido mais renhido. Estas pausas nas épocas natalícias e de ano novo não são benéficas para as equipas, mas nós fizemos o máximo para estarmos ativos e podermos regressar no início do ano o mais fortes possível e entrámos com o pé direito. Agora só temos que continuar a trabalhar para fazermos o melhor possível, sendo que a nossa equipa é formada em 90 por cento por atletas oriundos da formação. Isso é o mais importante para nós, é isso que conta, termos miúdos que vêm desde o mini-basquete até ao escalão sénior e que podem contribuir bastante para a equipa, ajudando os mais experientes e dois ou três jogadores que não são de Grândola, mas que fazem com que o grupo seja coeso, e esse é o nosso trabalho, é o nosso ADN.
Seis vitórias e seis derrotas nas 12 jornadas. Era este o percurso que projetava?Não! Os nossos objetivos eram outros. Colocámos como objetivo a presença na segunda fase do campeonato. Várias contrariedades fizeram com que tivéssemos perdido os últimos três jogos, o que não estava minimamente nos nossos planos. Se isso não tivesse acontecido, pelo menos, estaríamos no segundo lugar ou num dos três melhores terceiros, numa zona diferente. Agora vamos terminar esta fase do campeonato, sabendo que não conseguimos ir mais além, e vamos preparar a competição seguinte, que é a Taça Nacional de Seniores, onde queremos ter uma boa prestação.
As últimas três derrotas aconteceram com o Ginásio Ibéricafrio, com o Quarteira e com o Reguengos. Não eram jogos fáceis?Mas não foram derrotas naturais. Foram até derrotas bastante estranhas para não dizer outras coisas. Mas é isso, temos que saber conviver com as dificuldades, superarmo-nos. Mas estamos a evoluir e estamos a crescer e, como os meus colegas do Beja Basket Clube disseram no início da época, nós estamos aqui para competir, e é isto que queremos, competir e fazer o melhor possível, tendo a plena noção de que podíamos estar melhor.
O Ginásio Ibéricafrio lidera a série. É o principal candidato?Nós perdemos lá por cinco pontos e agora, por várias contrariedades, não pudemos fazer o jogo com eles em nossa casa. Fizemos os dois jogos fora contra essa equipa, o último, inclusive, às nove e meia da noite, por comum acordo dos clubes. Mas as derrotas com o Reguengos, por sete pontos, e contra os Tubarões, em casa, por dois pontos, essas sim, foram as derrotas marcantes para ditar a classificação onde estamos.
Gostaria de ter uma equipa mais robusta?A realidade dos que trabalham e vivem da sua formação é terem isto. Para um projeto mais ambicioso, teríamos que ter um capital que não temos, para irmos buscar jogadores estrangeiros, mas isso também iria fugir daquilo que é o ADN do nosso clube. O nosso clube quer, primeiro, formar e depois fazer com que os miúdos tenham uma equipa para jogar no escalão sénior, ao contrário de outros que jogam só até aos sub/18 e depois os miúdos não têm onde continuar a jogar. Nós, o Beja e outros clubes, aqui principalmente no Alentejo, temos esta forma de trabalhar, Podíamos, se calhar, ter a sorte de possuir mais um dinheirinho que nos desse capacidade de irmos buscar um jogador norte-americano, ou de uma outra divisão mais acima, que nos desse mais qualidade e que fizesse a diferença desta divisão, mas o campeonato está muito competitivo e cada vez é mais difícil ganhar jogos. Este ano, tirando praticamente duas equipas que se destacam com níveis mais fracos, as outras seis equipas conseguem facilmente disputar jogos equilibrados entre elas.
O universo da formação forma uma pirâmide perfeita?Temos um trabalho sustentado e queremos que continue a crescer. O minibasquete e os escalões de sub/14 são a nossa prioridade e depois, obviamente, temos que preparar os miúdos para competirem em sub/16 e sub/18 e chegarem a este nível. É essa a nossa aposta: conseguirmos ter mais crianças, irmos às escolas cativar os miúdos para saírem do sofá e praticarem esta modalidade coletiva, divertindo-se a jogar basquetebol.