Diário do Alentejo

São Silvestre de Santo Aleixo Restauração quer crescer em número de participantes e em qualidade

04 de janeiro 2025 - 08:00
“Com pouco se faz muito”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Os fundistas Luís Campaniço, da Casa do Benfica em Reguengos de Monsaraz, e Ângela Ameixa, do Clube dos Trilhos de Ficalho, foram as estrelas mais cintilantes da São Silvestre de Santo Aleixo da Restauração.

 

Texto Firmino Paixão

 

Luís Campaniço, conhecido atleta da Casa do Benfica em Reguengos de Monsaraz, apresentou-se como principal favorito ao triunfo nesta segunda edição da Corrida de São Silvestre de Santo Aleixo da Restauração, a aldeia heróica da restauração de Portugal, uma dimensão histórica ainda hoje muito preservada. E não desiludiu quem, precocemente, vaticinou o seu sucesso. Conseguiu até melhor tempo do que o vencedor da edição de 2023 e melhor do que ele próprio conseguira nessa edição, em que ficou em segundo lugar.

No setor feminino a estrela brilhou para Ângela Ameixa, que beneficiou, já na segunda volta ao percurso, da desistência da atleta que a precedia, Flávia Duarte, companheira de equipa de Luís Campaniço, e concluiu a prova na primeira posição.

Uma prova “durinha”, com um constante sobe e desce, desde a praça da Restauração, passando por lugares que se inscrevem na memória coletiva daquela população à beira da raia.

“Uma prova muito bonita, numa terra extraordinária”, comentou o vencedor da corrida, Luís Campaniço, lembrando: “Estive aqui na primeira edição e fiz questão de estar na segunda. A prova tem animação em todas as ruas, são jovens e menos jovens, com muitos incentivos aos atletas. É uma terra pequena, mas onde ‘com pouco se faz muito’. É uma prova espetacular, tem uma altimetria exigente, não dá para descansar as pernas, são subidas íngremes e descidas rápidas, muito cotovelo, viragens rápidas que não dão descanso à mente, nem às pernas, mas estas coisas fazem falta a estas terras. Promovem a prática desportiva e atenuam os efeitos do despovoamento”.

Ângela Ameixa estava feliz e confirmou o quão desafiante foi a corrida. “Correu muito bem, apesar de ser uma prova difícil, com uma exigente altimetria, depois, à noite, tem momentos de menor visibilidade, mas estou feliz, gostei imenso, pois nunca tinha feito uma prova noturna. Não estava à espera desta vitória, vinha uma atleta à minha frente durante a primeira volta, não a voltei a ver, mas nem sabia que vinha na frente”, fez notar.

No final, Francisco Almeida, presidente da Associação de BTT Cocheiros e Companhia, organizadora do evento, considerou: “O balanço é extremamente positivo. Foi um início de noite muito agradável, tivemos um número de inscrições semelhante ao ano anterior, também não temos condições para recebermos muito mais”. E admitiu a existência de potencial de crescimento, deixando a ideia: “Temos muito para fazer, temos muito por onde crescer e temos a consciência de que somos uma prova muito humilde, mas temos vontade de, ano após ano, irmos fazendo melhor. Esta foi a segunda edição e serviu um pouco para consolidar o trabalho que fizemos no ano passado. No próximo ano, na terceira edição, certamente que procuraremos fazer ainda melhor, para podermos crescer em número de participantes e na qualidade do evento”.

Quanto ao envolvimento da população, o dirigente lembrou: “Sabemos que a vida no interior do Alentejo não é fácil. Estes eventos fazem-nos falta e as pessoas aderem e acarinham. Santo Aleixo compromete-se muito com as organizações que faz, quer sejam desportivas, quer sejam culturais. A população envolve-se, nós apelamos a que as pessoas venham à rua, que aninem e aplaudam os atletas. A noite esteve fria mas a população ergueu-se, animou-se, o objetivo está cumprido e estamos felizes”.

Sobre o percurso, e a obrigatoriedade de revisitar locais históricos da freguesia, fez notar: “Fazer uma prova num percurso urbano não pode deixar de fora a igreja Matriz, o Forte, a praça da Restauração, a fonte de Aroche, a capela de Santo António. São locais emblemáticos por aonde temos de passar obrigatoriamente. Também vamos à Coitada. São ruas muito íngremes, mas é justo que as pessoas conheçam todo este património e a informação que temos é que todas gostam de passar por esses locais e chegam aqui felizes”.

E agora? Já se olha para o futuro? “Sim! Se Deus quiser haverá uma terceira edição que desejamos que seja ainda melhor e que honre estas duas que já organizámos, e queremos que seja com uma grande envolvência também de todos – a equipa, a população, as associações, o comércio local –, só assim chegaremos a bom porto”.

Francisco Almeida admitiu que os Cocheiros e Companhia estão no bom caminho: “A nossa associação deriva da prática do BTT, depois, virámo-nos para o trail, temos mais gente a aderir, nós não fazemos convites, nem dizemos que não a ninguém, portanto, já somos muitos”. E, entre eles, a atleta Marisa Machado, uma das mais destacadas do grupo. “A Marisa está noutro patamar competitivo comparando-a com os restantes elementos da equipa. Consegue grandes desempenhos nas provas em que participa, cruza as metas muitas vezes na frente e faz provas do norte ao sul do País, é a nossa grande embaixadora”, concluiu.

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