Diário do Alentejo

Olhar para a sua “base”

29 de dezembro 2024 - 08:00
Treinador Diogo Brantuas tem um olhar muito pragmático sobre o presente e o futuro do Clube de Patinagem de BejaFoto| Firmino Paixão

Com um trabalho feito, e muito bem feito, no comando da equipa sub/17 do Clube de Patinagem de Beja, com a qual conquistou um título regional, o técnico Diogo Brantuas já assumiu a formação de seniores.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

“Os resultados não são o que mais me preocupa”, garantiu o treinador, admitindo: “Temos objetivos bem definidos, objetivos internos, muito nossos, que ainda não atingimos, mas vamos ter de lá chegar”. E assegurou: “Sou um animal de competição, orgulho-me de representar este amarelo e preto e transmito isso para a minha equipa”. Diogo Brantuas revelou que a promoção ao escalão superior “foi um convite do clube, porque necessitavam de um treinador com um grau superior e havia ali um conjunto de jogadores que nunca tinham trabalhado” consigo e “mostraram interesse, ou reconheceram que havia ali algum crédito” na sua pessoa para trabalhar com eles, tendo aceitado “desde logo”.

Está satisfeito com o percurso da equipa nas nove jornadas já disputadas?Vamos olhar mais para o processo do que para o resultado. Iniciámos a época com cerca de 40 por cento de atletas da época anterior. Em gerações anteriores foi realizado um bom trabalho no Clube de Patinagem de Beja, que levou estes atletas a atingirem o patamar sénior com algum nível. O clube tem exportado para bons clubes nacionais jogadores que chegam à idade de juniores e seniores e vão estudar para o ensino superior. Quem esteve cá anteriormente trabalhou nesse sentido, criou bons alicerces e esses atletas têm chegado a clubes de renome a nível nacional.

 

A equipa perdeu alguns atletas?Sim. Neste ano perdemos alguns jogadores. Como disse, tínhamos 40 por cento de atletas do ano anterior. Construímos uma equipa nova, mas, desde logo, foi um desafio para mim. Disse à direção que precisava de jogadores para trabalhar e não tinha medo de enfrentar o futuro. Não estamos ao nível que desejamos, mas estamos a crescer. Há muitos momentos do jogo que ainda não estão consolidados, mas uma coisa é certa: a cada treino que passa, estamos melhores, cada treino é feito com muito suor, coisas que não se analisam através de uma tabela classificativa ou do resultado final de um jogo.

 

Quando fala em processo, refere-se ao crescimento dos atletas, à consolidação do grupo e à implementação de um modelo de jogo?A primeira coisa que fizemos foi construir um modelo de jogo para esta equipa, porque achávamos que ela precisava de uma maior disciplina e de um maior rigor, apesar de eu ser um treinador que dou muita flexibilidade às minhas equipas, tento transmitir algum conhecimento e depois cada um dos atletas recebe à sua maneira. Estamos a trabalhar a um bom nível, recebemos atletas que nunca participaram num campeonato nacional, atletas vindos da formação, por isso, somos uma equipa muito jovem. Mas também recebemos um atleta com alguma experiência, vindo de Grândola. Mas acho que o trabalho está a ser feito, o modelo de jogo está a ser exercitado, ainda não está consolidado mas, num futuro breve, estará. Não podemos esquecer que estamos a trabalhar apenas há quatro meses, com um grupo de trabalho em que 60 por centro são jogadores novos e um treinador diferente. Mas estamos a crescer.

 

Mas os adeptos pedem resultados e os resultados neste momento são apenas três vitórias…Certo! Na verdade, os adeptos pedem resultados e nós temos tido boas casas. É muito emocionante ver um jogo de hóquei em patins aqui em Beja. As pessoas devem vir ao Pavilhão João Serra Magalhães para ver o espetáculo que é o hóquei em patins. E ninguém mais do que nós deseja a vitória. Nós entramos para todos os jogos para vencer, damos o máximo e disputamos a bola com a mesma intensidade do primeiro ao último minuto de jogo. Isso é algo que me orgulha. Agora, queríamos ter mais vitórias. Começámos a época com 13 atletas, neste momento já somos 15 e este número não vai baixar. Um número que só pode aumentar, porque esta é uma casa aberta. Quem quiser praticar hóquei em patins pode vir até aqui e nós faremos o melhor trabalho possível com cada um dos nossos jogadores.

 

Mas a captação não está fácil. O clube não apresentou equipa de sub/15, os sub/17 serão poucos, ou seja, existe uma lacuna na base…Sim. O clube está a viver tempos difíceis. Temos uma lacuna grande, que terá as suas consequências na alimentação da equipa sénior, porque nós somos um clube que é alimentado a partir da formação. Devido à nossa posição geográfica e situação financeira, não conseguimos captar outro tipo de jogadores. Temos de viver da formação, mas para o fazermos temos de aumentar a base. O clube tem de olhar melhor para a sua base e alargá-la. Vamos passar uns tempos difíceis, por isso temos de direcionar as nossas forças para a nossa base, para que, daqui a cinco, seis ou sete anos, possamos voltar a ter uma equipa sénior forte.

 

O próximo compromisso competitivo será com o Vasco da Gama de Sines, uma equipa do “vosso campeonato”?É um jogo ao nosso nível, mas será um jogo difícil, devido à interrupção dos treinos durante as épocas festivas de Natal e Ano Novo. Eu próprio regressarei um tempinho ao Norte, para estar com a minha família, alimentar-me um bocadinho desse oxigénio que é a união da família de que todos nós precisamos, e depois voltaremos para fazermos o nosso melhor com as unidades de treino que temos já planeadas e definidas.

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