O meio século de existência da Associação Cultural e Recreativa Zona Azul está ali ao virar da esquina. Os órgãos sociais do clube apagaram as velas do 49.º aniversário e abriram o ciclo de comemorações do ano do cinquentenário. Um programa com memórias e projeções para o futuro.
Texto Firmino Paixão
Os órgãos sociais da Associação Cultural e Desportiva Zona Azul, de Beja, celebraram, no passado dia 9, o 49.º aniversário da fundação do clube, momento aproveitado para promover o evento que designaram de “Apagar as velas”, anunciando também um conjunto de atividades de diferentes índoles e dirigidas a diferentes públicos, que se desenvolverão até ao dia 9 de outubro de 2025, espaço temporal que os órgãos sociais do clube assinalaram como “o ano das comemorações do cinquentenário”. A cerimónia reuniu sócios fundadores, atuais e antigos dirigentes, técnicos e representantes das autarquias da cidade. Recordamos que o emblema do bairro das Alcaçarias teve como fundadores Jerónimo Duro, Joaquim Alves Santos, Manuel Pies Serrano, António José Vitória, Joaquim Palma Cavaco, Francisco Tecedeiro Fresco, João Neves Mimoso, José Carlos Augusto, António Rosa da Costa e José Manuel.
José Bexiga Fialho, atual presidente da direção (recentemente reeleita para um novo mandato), deixou uma imagem pormenorizada das ideias e dos objetivos que nortearam esta celebração, admitindo: “Esta iniciativa, se calhar, será um pouco inovadora, pois não é muito vulgar um clube, ou uma associação, celebrar o ano do cinquentenário”. Porém, salientou: “O ano do cinquentenário começa hoje, dia 9 de outubro de 2024, dia em que celebramos 49 anos de existência, e terminaremos, obviamente, no dia 9 de outubro de 2025, com uma ação semelhante à que organizamos hoje”. Realçou ainda: “O ano do cinquentenário não é uma expressão vã, é uma expressão perfeitamente assumida, uma expressão sobre a qual refletimos bastante, no sentido de podermos concretizar e acrescentar o sucesso que desejamos a esta iniciativa”. O dirigente, também histórico atleta e técnico, assumiu a inquestionável premissa de o clube se manter perfeitamente ligado à comunidade onde, há quase 50 anos, está inserido, deixando a nota de que essa ligação foi “cimentando-se e reforçando-se ao longo deste quase meio século”. “Essa tem sido a orientação para o trabalho que temos feito neste clube”, garantiu Bexiga Fialho. Nessa medida, o dirigente reiterou: “Queremos juntar a família da Zona Azul, e fá-lo-emos também tentando implementar o lema que é ‘Quem passou pela Zona Azul será sempre Zona Azul’. Acreditamos que este clube marcou, muito, todos aqueles que por aqui passaram”.
Revisitando o passado, Bexiga Fialho lembrou alguns dos factos e figuras icónicas da Zona Azul, recordando o atleta olímpico Luís Barroso e o internacional Fernando Damásio. Lembrou a internacionalização dos futebolistas Francisco Fernandes e António Rolim, sem esquecer os andebolistas Luís Moreira, Borrela, Tomás Pirata e Catarina Moleiro. A célebre equipa de juniores que atingiu a primeira divisão nacional e a memorável estafeta dos Campos Verdes foram igualmente afloradas. Ficou também assumido que, com esta comemoração, este ciclo de gratidão e memória, que fará a ponte entre o passado, o presente e o futuro, a Zona Azul tem a intenção de reunir antigos e atuais atletas, técnicos e dirigentes e outras pessoas que, ao longo de todo este tempo, colaboraram com o clube e lhe conferiram o ecletismo que se foi esbatendo com o passar dos anos.
O clube dinamizou modalidades como o futebol, ciclismo, badminton, columbofilia, atividades aquáticas e gímnicas e andebol. Não admira, por isso, que, ao longo deste ciclo, se proponha organizar atividades que permitam um encontro entre o passado e o presente deste clube. Como? Reunindo antigos atletas do clube das várias modalidades, cuja prática dinamizaram ao longo destes anos. Por tudo isso, adiantou Bexiga Fialho: “Queremos desenvolver um largo painel de atividades, que terão não só caráter desportivo como social, e atividades abertas a toda a população e a antigos atletas, mas também momentos dedicados à formação. Sempre nos preocupou a formação. Neste ano não quisemos deixar de organizar algumas ações de formação”.
Um processo, para já, de intenções, que passa pelo regresso dos mastros de santos populares ao largo das Alcaçarias, um momento musical com ex-atletas que hoje são músicos, a distinção da antiguidade dos associados no “jantar do cinquentenário”, mas também atividades dirigidas à população, como provas de corrida e de pedestrianismo, atividades aquáticas, torneios populares de andebol e de outras modalidades.
Paulo Arsénio, presidente do município de Beja, que assistiu a este “Apagar das velas”, acedeu ao desafio de Bexiga Fialho para deixar algumas notas, e sublinhou, sobretudo, “a atividade muito relevante que o clube tem tido nesta região”. E recordou: “A Zona Azul é um clube genuinamente popular, assim nasceu, assim se desenvolveu e assim se mantém”. Fez ainda notar: “Hoje, quando olhamos para a Zona Azul, uma coisa que é extraordinário observar é que os seus órgãos sociais, num elevado número de componentes, são antigos atletas do clube, o que vai ao encontro daquela ideia que o professor Bexiga Fialho nos deixou e que nós conhecemos, aquela ideia de família que a Zona Azul conseguiu criar“. O autarca identificou como fundamental a ação formativa que o clube continua a manter junto dos jovens e não deixou de felicitar o emblema pelos seus (ainda) 49 anos de existência, mas a caminho do meio século.