O Clube Desportivo de Almodôvar ergueu a Taça de Honra da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja batendo a ACR Penedo Gordo na final disputada no Estádio Municipal 25 de Abril, na vila de Castro Verde.
Texto Firmino Paixão
À semelhança do que acontecera na final da Taça Distrito de Beja foi através da marcação de grandes penalidades que se desempatou a final da Taça de Honra da 1.ª Divisão, disputada entre as equipas do Clube Desportivo de Almodôvar e da Associação Cultural e Desportiva de Penedo Gordo. Uma competição complementar ao campeonato, disputada pelos mesmos 12 clubes e intercalada entre as suas jornadas. Nas meias-finais, disputadas na cidade de Serpa, o Almodôvar tinha eliminado o Moura e o Penedo Gordo afastou o Mineiro Aljustrelense.
O Estádio Municipal 25 de Abril, em Castro Verde, muito bem emoldurado por centenas de adeptos dos dois clubes, recebeu o jogo decisivo para a conquista do troféu. Um jogo típico de final de época, com os intervenientes a revelarem já menor disponibilidade física, com momentos de maior ascendente de uma e de outra equipa, com oportunidades, poucas, também repartidas.
O Penedo Gordo marcou primeiro, por Miguel Facaia, decorriam 73 minutos de jogo, e o Almodôvar empatou aos 77, por João Assunção. No desempate, com recurso às grandes penalidades, brilhou o guardião almodovarense, João Sardinha, defendendo dois remates da marca de 11 metros (2-4). A sua equipa festejou esta conquista, numa tarde em que a memória de Filipe Venâncio, o eterno capitão, foi recordada com lágrimas.
Uma tarde, também, em que o técnico dos bejenses anunciou a sua provável retirada do futebol. “O Penedo Gordo foi superior ao longo dos 90 minutos. Jogámos bem, fomos superiores e, já no período de compensação, tivemos duas oportunidades de golo claras”, afirmou António Calatróia, suscitando uma dúvida: “Não percebo como se disputa uma final com tanta convicção de que, levando a decisão para os penáltis, seria possível vencê-la, porque, no jogo jogado, o Almodôvar nunca conseguiu fazê-lo”. Contudo, felicitou o adversário: “Parabéns ao Desportivo de Almodôvar. Quem ganha, ganha sempre bem. São eles que levam o trofeu. Mas nós só podemos estar orgulhosos de tudo o que fizemos”.
E enumerou: “Conseguimos um campeonato excelente e chegámos à final da Taça de Honra, fomos eliminados na meia-final da Taça Distrito de Beja pelo Moura, que foi a equipa campeã. Portanto, foi uma época excelente. A equipa, a direção, a massa associativa, mereciam conquistar este troféu. Gostava de acabar a carreira assim”. Soou a despedida. Questionámos: “Sim, em princípio, será a minha despedida, estou cansado, tenho 60 anos, ando nisto há muitos anos. Chegou a altura de parar, estou mesmo decidido. Em princípio este foi o meu último jogo”, concluiu.
Já o técnico do Almodôvar, João Nunes, não teve dúvidas: “Fomos mais competentes. Sabíamos também do valor desta equipa do Penedo Gordo. Quero salientar que, nos últimos 11 jogos, o Almodôvar tinha perdido sempre com o Penedo Gordo, mas este foi um jogo em que conseguimos equilibrar as coisas e tivemos até alguma superioridade em termos de posse, de bola, de organização de jogo, em termos de sabermos mais o que é que queríamos”.
E contrariou a ideia do treinador oposto: “Não queria chegar à decisão em penáltis, tentei sempre a vitória, fiz algumas substituições, mesmo a arriscar um pouco, mas tentando sempre a vitória no período normal de jogo. Fomos para a lotaria dos penáltis, mas isso não é só lotaria, é competência também, e temos jogadores que, tecnicamente, são muito competentes na cobrança de grandes penalidades, e acabámos por ser uns justos vencedores”.
João Nunes deixou ainda a nota: “Este foi um prémio para a nossa equipa, que estava um pouco em baixo e em penúltimo lugar. Conseguimos a manutenção, ganhámos duas vezes ao campeão distrital e conseguimos aqui este troféu, derrotando o terceiro classificado do campeonato. Estes adeptos que aqui estão mostraram que o futebol no Alentejo está bem vivo e que a vila de Almodôvar o merece, porque respira futebol”, rematou.
João Sardinha, o guardião que susteve as duas grandes penalidades que deram o triunfo ao seu emblema, recusou o protagonismo. “Fomos todos heróis. Lutámos, durante 90 minutos, para conseguirmos levar esta taça para Almodôvar. Fomos eficazes na decisão através das grandes penalidades, conseguimos conquistar o troféu e acho que vencemos com justiça. Não sei se foi inspiração ou não, tê-los defendido, mas sei que foi relevante para mim e para a equipa. Tínhamos treinado todos os dias para estarmos preparados para o caso de isso acontecer. Ganhámos porque fomos mais competentes”.
SUPERTAÇA DO DISTRITO DE BEJA
Com o final desta época desportiva já no horizonte, o título e a Taça Distrito de Beja entregues ao Moura Atlético Clube, emblema que, a par do Futebol Clube de Serpa, representará o distrito de Beja no próximo Campeonato de Portugal, falta apenas conhecer o vencedor da Supertaça, o que acontecerá no próximo domingo, 2 de junho, no Complexo Desportivo Filipe Venâncio, em Almodôvar, entre o Moura e o Milfontes, uma reposição da final da Taça Distrito, entre estes mesmos opositores. O Moura na condição de campeão distrital, o Milfontes enquanto finalista vencido da Taça.
Um jogo que José Luís Prazeres, líder dos mourenses, projetou, dizendo: “Vamos à procura de novas conquistas. Queremos a tripleta! Seria histórico, porque penso que o clube nunca o conseguiu”. Mas lembrou a expulsão de Kevin Nunes na final da taça (dois jogos de exclusão): “Ficámos privados de mais um jogador para este compromisso, para além do desgaste que temos tido neste final de época, com problemas físicos e lesões”. Mas sublinhou: “Estou muito reconhecido pelo carinho que tenho recebido de toda a estrutura deste clube que tenho o orgulho de representar”.
No lado contrário, os “Guerreiros do Mira” não dão, nunca deram, qualquer batalha por perdida, porém, Vítor Madeira, treinador dos milfontenses, lembrou: “Existe um desequilíbrio muito grande entre equipas com grande poderio financeiro, que conseguem contratar, e outras, como nós, que não o conseguem fazer, e nós temos que criar e formar os jogadores”. E deixou esta analogia: “É tal e qual como acontece nas nossas casas, quando temos que trabalhar para fazer uma refeição ou quando a compramos fora e só temos que nos sentar à mesa e comer”.