Diário do Alentejo

Um Serpa de Honra

05 de maio 2024 - 12:00
Casa do Povo de Serpa juntou-se à Sociedade Luso União Serpense na 2.ª Divisão de Honra de ténis de mesaFoto| Firmino Paixão

Brindemos! A Casa do Povo de Serpa conseguiu a promoção ao Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de Honra, em ténis de mesa. O feito dos mesa-tenistas serpenses foi conseguido uma jornada antes do final do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão. Seguir-se-á a discussão do título.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

Com a subida de divisão já garantida, após a vitória sobre o Padernense, no último sábado, a Casa do Povo de Serpa fechará esta fase do campeonato em casa do Vitória de Setúbal (B), oitavo classificado da prova. Com esta promoção a equipa pode juntar-se, na mesma divisão, ao Luso Serpense, se, entretanto, este não conseguir ascender à 1.ª Divisão Nacional, para cuja decisão está qualificado. O treinador da equipa da Casa do Povo de Serpa, António Bentes, reconheceu que a promoção da equipa tem um significado especial. “Premeia todo o trabalho que se fez ao longo da época, em que todos os atletas se empenharam em fazer o melhor possível, prescindindo, muitas vezes, da sua vida particular para participarem na prova. Também a dedicação que mostraram ao longo do ano, em que treinaram devidamente. Por outro lado, a grande qualidade dos atletas que temos e que proporcionou um treino de melhor qualidade porque o Luso Serpense e a Casa do Povo treinam em conjunto na mesma sala”.

O treinador sublinhou a entrega e a dedicação, às quais também não faltará talento.

“Nós temos aqui atletas cuja formação começou com seis e sete anos de idade e que agora estão bastante maduros, já trintões, mas que no ténis de mesa significa muita experiência acumulada, o saber estar na mesa, o momento de decisão, experiência adquiridas ao longo desse percurso”. Um percurso notável, sem derrotas, ainda que falte um jogo no recinto do Vitória de Setúbal, onde se apresentarão como favoritos. Porém, agora a estratégia pode mudar.

“Conseguimos o que perseguíamos e provavelmente nesse jogo, em Setúbal, no dia 11, iremos jogar com atletas que têm jogado menos, embora tenhamos a mesma ambição de vencer. Contudo, pensamos dar lugar a dois ou três jogadores que têm participado menos, porque a rotação também é importante para a equipa”, assinalou António Bentes.

Com a subida de divisão aumentará a exigência. Estarão os atletas fidelizados à Casa do Povo de Serpa? Será com eles que irão jogar na Divisão de Honra? O treinador está otimista. “Acredito que continuem, e mais: acredito que, tanto a Casa do Povo de Serpa, como o Luso Serpense, irão dar muita luta na próxima época no Nacional da 2.ª Divisão de Honra”.

A equipa do Luso União Serpense, líder da Zona Sul da Divisão Nacional de Honra, está já qualificada para discutir uma eventual subida à divisão principal. Se o não conseguir, juntar-se-ão as duas equipas de Serpa na mesma divisão, proporcionando grandes dérbis. “Serão dérbis interessantes”, anuiu António Bentes. Mas este é um desporto em que as pessoas sabem estar, principalmente, os nossos atletas, mesmo jogando uns contra os outros, darão sempre o máximo para ganhar, mas continuarão amigos”. Porém, o técnico da equipa da Casa do Povo é também jogador do Luso Serpense. Um bico-de-obra! “Oficialmente, o treinador do Luso Serpense é o meu filho João Bentes, eu treino a Casa do Povo mas, por outro lado, sou jogador do Luso. Depois, terei que me colocar à parte disso”.

Quanto à eventual conquista do título nacional, Bentes admitiu que gostaria de colocar a “cereja no topo do bolo”: “Serão quatro equipas com muita qualidade, as equipas do Norte (CP Alvito) e Centro-Norte (Valbom B) são muito difíceis. A do Centro-Sul (SC Torres) já é nossa conhecida, mas também é forte. Vamos ver, serão quatro equipas a discutir o título nacional, nos dias 25 e 26, no Centro de Alto Rendimento em Vila Nova de Gaia”. Nesse local acontecerá a discussão do título nacional da segunda divisão e a decisão da eventual subida à primeira divisão nacional do Luso Serpense, com as primeiras duas equipas de cada uma das zonas. António Bentes fez notar: “O Luso Serpense jogará para ganhar e para tentar a subida à primeira divisão, onde iremos encontrar equipas muito fortes, com outros orçamentos, com jogadores mais profissionais. Nós temos um orçamento muito limitado, somos amadores, enfim, mas a ambição será forte”.

Aconteça o que acontecer, Serpa terá duas equipas de ténis de mesa a competir a um nível bastante elevado, um exemplo na cidade, no concelho e no distrito, algo que poderá, eventualmente, despertar o interesse de mais jovens para a modalidade.

O “senhor ténis de mesa” serpense, acredita: “Creio que sim. Aqui em Serpa temos alguns entusiastas, mas, repare, o futebol tem público e nós temos o nosso ‘publicozinho’. O futebol e o andebol, como modalidades coletivas, atraem mais espetadores, para nós é sempre mais difícil termos público”. Porém, lamenta: “Muita gente pensa ainda no pingue-pongue, em vez do ténis de mesa, mas isto é uma modalidade olímpica, uma modalidade que a NASA considerou a mais difícil de ser praticada, em que se têm que aliar diversas competências para se ser um bom jogador.

A agilidade, a inteligência, a leitura de jogo do adversário, a preparação física, mental, enfim, mil e uma coisas que têm que estar presentes num bom mesa-tenista”. E deixou uma última nota: “Os méritos destas modalidades não terão sido divulgadas como deve ser, ou então, as pessoas não o quererão entender. E, depois, os jovens hoje em dia também têm uma oferta mais variada. Mas nós andamos nisto há 42 anos e sentimo-nos muito bem”, concluiu.

Comentários