Diário do Alentejo

Centro Republicano de Instrução e Recreio de Aljustrel mostrou aprendizagens dos seus jovens nadadores

27 de abril 2024 - 12:00
A nadar em boas ondas

O 8.º Festival de Escolas de Natação do Centro Republicano de Instrução e Recreio de Aljustrel (Crira) reuniu cerca de seis dezenas de jovens nadadores na categoria de cadetes. O Clube de Natação de Beja e o clube Grândola Rescue foram convidados a participar neste convívio.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

Seis dezenas de jovens nadadores, com idades entre os sete e os 12 anos, reuniram-se nas Piscinas Municipais Cobertas de Aljustrel para dar forma ao 8.º Festival de Escolas de Natação, organizado pelo Crira. O centenário clube da “Vila Mineira” repôs no seu calendário um certame que confirma a dinâmica com que se movimenta na modalidade, quer através da sua classe competitiva, quer através da atividade que tem protocolado com a Câmara Municipal de Aljustrel, na crescente valorização das escolas municipais de natação.

Sérgio Picão, diretor técnico da modalidade, disse ao “Diário do Alentejo” que o evento serve para darem a conhecer a atividade do clube, mas também para proporcionar aos jovens nadadores “uma primeira experiência do que é uma prova de natação”. “Fazemo-lo num ambiente naturalmente festivo, de convívio, sem árbitros oficiais e numa vertente mais recreativa, com música, um lanchinho e um diploma, para os cativar, porque para os nossos pequeninos esta é a primeira prova que realizam e o intuito é mesmo proporcionar-lhes um ambiente de convívio com os nadadores dos clubes convidados e que aceitaram estar presentes hoje aqui em Aljustrel”, adiantou.

Terá sido um ponto de partida para novas e mais promissoras braçadas ou um ponto de chegada, após uma primeira etapa de aprendizagens? O dirigente da secção de natação do Crira esclareceu: “Essa é uma boa questão mas, para nós, nestas idades, é o princípio. E porquê? Porque começámos a trabalhar com eles no final de setembro, início de outubro. No passado, antes da pandemia, faziam-se muitos festivais deste tipo, organizados por muitos clubes e com uma dimensão maior, mas perdeu-se um bocado esse hábito”. O Crira, porém, resolveu repor os bons velhos hábitos. “Quisemos voltar a este tema dos festivais e recebermos jovens nadadores, mas o facto é que o fazemos sempre quando o tempo já o permite. Organizá-lo em janeiro ou fevereiro, certamente, que as probabilidades de êxito não seriam tão grandes, e, nesta altura, já temos mais garantias da presença dos clubes, da presença dos pais e outros familiares dos meninos e meninas e de um maior convívio até à volta da piscina e, daí, podermos dizer que, se calhar, reabrimos aqui a época dos festivais”. O desejo dos promotores seria, certamente, alargar o leque de convidados, porém, lamentou Sérgio Picão, por limitações do espaço, foram convidados apenas três clubes, o Grândola Rescue, o Clube de Natação de Beja e o Clube de Natação do Litoral Alentejano que, à última hora, acabou por não comparecer.

A natação aljustrelense está, acreditamos, na crista da onda, admitiu também Sérgio Picão. “Digamos que sim. Quer ao nível dos mais velhos, com quem temos conseguido presenças nos nacionais, algo que ainda não tínhamos feito e que era uma das nossas metas. Temos a Catarina Fernandes já com mínimo para os nacionais, em Coimbra, e apontamos para a presença de mais um ou dois atletas para estarem no Jamor naquela que é a competição maior da natação em Portugal, que são os campeonatos nacionais de juvenis, juniores e absolutos. E isso deixa-nos muito orgulhosos pelo trabalho que se tem vindo a fazer, porque todos estes miúdos passaram por estes festivais de escolas. Hoje, eles próprios estiveram a colaborar na logística deste oitavo festival, mantêm-se a ajudar na câmara de chamada e na função de árbitros, e isso deixa-nos satisfeitos e orgulhosos. Um sinal de que o trabalho e a mensagem do que são os valores do desporto estão a ser bem passados e existe compromisso da parte deles para com o clube”. Por outro lado, adiantou Sérgio Picão: “Nós também lhe proporcionamos tudo, desde a parte da formação técnica. Quase todos os nossos treinadores possuem o grau técnico mais alto possível e os que ainda não têm para lá caminham, e os nossos atletas sentem que não estão sozinhos, e quando podem também dão algo ao clube, e não só eles, como os próprios pais, ficam entusiasmados e o resultado final torna-se fantástico”.

A participação em campeonatos nacionais, algo que, no passado, era uma ambição, hoje é uma realidade. Mudou o estatuto, mas também se alteraram as estratégias. “No ano passado proporcionámos à equipa de absolutos, os miúdos mais velhos, a partir dos 16 anos, uma vivência diferente. Percebemos que se exigirmos demais deles as coisas começam a ser difíceis. Exigir naquele sentido de lhes dar muita carga”. Porque, fez notar: “Eles terão que se manter aqui de corpo e alma, e com gosto, caso contrário, vão embora. Então mudámos para uma estratégia que foi proporcionar-lhes muitas vivências, muitos meetings, provas diferentes, de outras associações, e estamos até a pensar competir numa prova perto de Sevilha (Espanha), em junho, e, com isso, eles convivem, estão em família e competem de uma forma séria”. Uma mudança de paradigma “para darmos margem de manobra aos miúdos mais velhos, os absolutos, que foi claramente assertiva, porque conseguimos uma maior taxa de retenção e estamos a obter resultados”, disse ainda, acrescentando: “Um atleta que se sinta motivado e feliz vem treinar, sonha com um objetivo. À parte disso, também a competência técnica de treinadores que foram nadadores, alguns que estão a tirar o nível três. Não se fazem omeletas sem ovos, poderíamos ter a melhor das intenções, mas sem competência técnica não chegaríamos lá, apesar de termos a nossa forma de estar e a nossa filosofia de trabalho”.

O universo do Crira, precisou o técnico, “faz-se com uma base alargada, porque a pirâmide, depois, começa a afunilar”. “Apostamos bastante nos cadetes. Para o ano teremos mais, com base no protocolo de recrutamento dos atletas da escola municipal de natação do município de Aljustrel, e, quando existir vontade, assiduidade e gosto pela modalidade, receberemos de braços abertos todos os nadadores que quiserem seguir a natação mais a sério, numa vertente de maior compromisso e de disponibilidade para a competição. No Crira somos cerca de 70, com a escola municipal temos mais de 200 atletas. São valores espetaculares numa vila como Aljustrel”, concluiu.

Comentários