Diário do Alentejo

João Baiôa (CB Reguengos) e Vanessa Amaral da Silva (GDC Rio de Moinhos) venceram a 5.ª Corrida Viana-a-par-de-Alvito

19 de janeiro 2024 - 08:00
Correr entre castelos
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Uma corrida com história e outras estórias. Uma corrida entre dois castelos. O de Alvito, de onde, neste ano, saiu o numeroso pelotão de atletas, e o de Viana do Alentejo, onde, também neste ano, foram chegando, aos poucos, claro, aqueles que conseguiram cumprir os 12 quilómetros do percurso que passou, também, pela freguesia de Vila Nova de Baronia.

 

Texto | Firmino Paixão

 

Na verdade, trata-se de um exemplo de cooperação intermunicipal entre dois municípios que fazem fronteira entre si. Dois concelhos com governos de cores diferentes, de distritos também distintos, enquadrados por diferentes comunidades intermunicipais, mas que, face à história remota das duas vilas, inscrita nas cartas forais, decidiram promover este evento desportivo que vai ganhando adeptos, melhorando a sua qualidade e mostrando às suas comunidades que a prática de atividade física saudável, a caminhar ou a correr, é uma via para uma melhor saúde.

A prova realiza-se anualmente com percursos alternados – partida de Alvito e chegada a Viana, partida de Viana chegada a Alvito – e nas duas últimas edições sempre entre os castelos. O de Alvito, um palácio fortificado mandado edificar em 1481 por D. Afonso V e terminado no reinado de D. Manuel I, e o de Viana do Alentejo, de estilo gótico, erigido no sopé do monte de São Vicente. Ambos, conjuntos arquitetónicos com elevada notoriedade.

Dito isto, refira-se que o programa do evento, para além da corrida pedestre de 12,77 quilómetros e da caminhada entre Vila Nova de Baronia e Viana do Alentejo, teve as habituais provas para os escalões mais jovens. Esta, que foi a quinta edição da prova, contou com mais cerca de meia centena de participantes do que a anterior, tendo na prova pedestre 162 atletas inscritos, dos quais chegaram 147. E mais não foram porque a corrida coincidiu com a realização dos campeonatos nacionais de estrada, em Tomar.

O jovem João Baiôa, atleta da Casa do Benfica de Reguengos de Monsaraz, foi o vencedor absoluto e masculino. No setor feminino, a vitória (e o 24.º lugar da geral) sorriu a Vanessa Amaral Silva, do Grupo Desportivo e Cultural de Rio de Moinhos (Borba). Uma meia surpresa, porquanto, deixou para trás a vencedora da edição anterior, a odemirense Ana Lourenço e a eborense Carolina Escada, que, dois dias antes, vencera a Corrida da Vila de Redondo, onde a atleta do Rio de Moinhos se classificou na terceira posição.

Na hora de registar a opinião dos vencedores, João Baiôa, que na sexta- feira anterior tinha ganho a tal corrida de Redondo, revelou a estratégia: “Comecei na frente, em grupo com o atleta do Amiciclo que acabou por ser o segundo classificado da geral. Destacámo-nos ligeiramente mas, ao oitavo quilómetro, apertei mais o andamento, distanciei-me dele e foi só gerir a vantagem até à meta”.

Feliz pela vitória, a enóloga, perdão, a atleta Vanessa Amaral da Silva, reconheceu: “Gostei imenso do percurso, gostei de contemplar a bela paisagem alentejana. Não vinha com a perspetiva de ganhar, vinha mais com a intenção de desfrutar da prova. Tenho mesmo uma grande paixão pela natureza, por isso estas provas, para mim, são sempre muito apelativas. Às vezes não tenho muito tempo para isso, mas tento tirar o máximo proveito de cada prova que faço”.

Licenciada em Engenharia do Ambiente e investigadora da Universidade de Évora, a atleta, que faz do treino a sua meditação matinal, revelou: “Tenho o meu projeto de investigação na Tapada de Coelheiros (Igrejinha, Évora), trabalho com duas castas fortes, que fazem os melhores lotes, o Arinto e o Alicante Bouschet. Vejo a influência que a rocha e o microclima do solo têm na fisiologia da videira, na qualidade da uva e do vinho. Faço todo o processo, isto com o intuito de alavancar práticas mais sustentáveis de gestão do solo, para permitir a maior qualidade do produto final, mas sempre em sintonia com a natureza”. E, a par de tudo isto, a também colaboradora do “Diário do Alentejo” corre que se farta e deixou-nos de água na boca. “O vinho é o sangue de Cristo, é o sangue da terra que nos dá vida, é a alma de cada região. Costumo deixar nos meus testemunhos sobre esta bebida divina que, sem ela, a existência não faria sentido”. Brindemos então ao sucesso da atleta Vanessa, cujo próximo compromisso será o corta-mato de Mourão. Saúde…

 

5.ª Corrida Viana-a-par-de-Alvito

Classificações

 

Absolutos femininos

  • 1.º Vanessa Amaral da Silva (GDC R- Moinhos) 52’49
  • 2.º Ana Lourenço (NDC Odemira) 53’27
  • 3.º Carolina Escada (GD Diana Évora) 55’32
  • 4.º Dalila Romão (CB Castelo Branco) 56’32
  • 5.º Joana Capelo (NAR Messejana) 57’28

Absolutos masculinos

  • 1.º João Baiôa (CB Reguengos Monsaraz) 43’41
  • 2.º Manuel Muando (Amiciclo/Grândola) 44’44
  • 3.º Carlos Silva (GD Reboleira) 45’43
  • 4.º Paul Roothans (Level Up) 46’06
  • 5.º Hugo Daniel Silva (GD Ronda) 46’36
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