Diário do Alentejo

Clube de Bilhar de Beja desenvolve a sua atividade na Sociedade Filarmónica Capricho Bejense

24 de novembro 2023 - 11:40
O sonho da primeira divisão
Foto| Firmino PaixãoFoto| Firmino Paixão

O Clube de Bilhar de Beja está a competir no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão e na Taça de Portugal da modalidade. A Sociedade Filarmónica Capricho Bejense é o seu “porto de abrigo”: ali treinam e competem oito jogadores que dão forma à equipa liderada pelo bejense Francisco Marreiros.

Texto Firmino Paixão

Uma vitória sobre o Real Massamá, dois empates, um com o Ginásio do Sul, outro com o Clube de Bilhar da Amadora, um trajeto que mantém o Clube de Bilhar de Beja na segunda posição da série 3 do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de Bilhar (“Carambola às 3 Tabelas”).

Um início de campeonato prometedor, tendo em conta os objetivos do clube, admitiu Francisco Marreiros, o seu fundador e capitão da equipa: “Entrámos muito bem. Estamos muito esperançados, porque, no ano passado, prometemos que nesta época iriamos lutar pela subida de divisão, fizemo-lo até perante o presidente do município de Beja, quando ele nos veio aqui visitar e, neste momento, é nessa luta que estamos”.

Ainda assim, Marreiros reconhece as dificuldades do percurso. “Sabemos que não será fácil, são muitas séries e serão apurados os dois primeiros de cada série. Depois, subirão duas ou quatro equipas. Na época passada ficámos em terceiro lugar, disputámos uma taça em que entram as equipas que não se apuram para a segunda fase”. E, de certo modo, até brilharam. “Fomos à final, com o Real. Vencemos em casa e perdemos, por uma bola, em Massamá. Ficámos a uma bola de vencer esse troféu, conquistámos o segundo lugar, entre as 16 equipas”. Neste ano, porém, a ambição está reforçada. “Queremos mesmo tentar chegar aos dois primeiros lugares no final desta fase do campeonato e tentar subir à primeira divisão, ainda que seja muito complicado”. Esse é o objetivo maior. Seria não só o cumprimento da promessa feita perante o edil bejense, mas é mesmo o sonho do dirigente do clube. “Gostávamos imenso, sabendo que será muito difícil, mas, sim, é esse o nosso sonho. Temos quatro jogadores com um nível de primeira divisão, porém, basta que numa jornada nos falhe um desses jogadores – porque isto é uma competição puramente amadora – ficamos logo com a equipa reduzida e as coisas complicam-se”.

Neste ano, adiantou o também jogador, têm “jogado com a equipa completa”. “Se conseguirmos que esses quatro jogadores estejam presentes em todos os jogos, aí, sim, acredito que podemos ficar nos dois primeiros lugares. Estou muito confiante, mas isto é como tudo, é desporto, existem sempre imponderáveis, é uma bola que falha e compromete-se tudo”. Quando falamos da equipa estamos a referir-nos aos oito atletas inscritos pelo Clube de Bilhar de Beja no organismo em que é filiado, a Federação Portuguesa de Bilhar: Francisco Marreiros, Aníbal Reis, Roger Freymond, Vital Guerreiro, João Maurício, Luís Maurício, Luís Antão e Constantinos Papatheodorou. É nestes oito bilharistas que está depositada a responsabilidade de, tacada após tacada, carambola após carambola, dar mais e maior projeção ao Clube de Bilhar de Beja.

Este é um clube que nasceu da paixão de Francisco Marreiros pela modalidade. Um clube que nasceu de uma ideia bem amadurecida. “Andei a ver todos os salões a nível nacional. Corri Portugal do norte a sul para saber como eles funcionavam”, precisou o fundador. “Depois, há algum tempo, inscrevi-me no Clube de Bilhar de Évora, que representei durante dois anos e onde aprendi tudo o que pude sobre a modalidade. Entretanto, falei com os outros jogadores de Beja e concluímos que teríamos capacidade para abrir um clube nesta cidade”. E assim nasceu o Clube de Bilhar de Beja. O passo seguinte não demorou: “Tentámos adquirir uns bilhares mais baratos, cada mesa nova custa cerca de cinco mil euros, não conseguíamos lá chegar. Conseguimos reunir muitos amigos que nos ajudaram financeiramente e fizemos um empréstimo, que ainda estamos a pagar, para adquirirmos dois bilhares usados, por 3500 euros”. O espaço para os instalar terá sido a dor de cabeça seguinte: “Sondámos várias entidades, até que conseguimos que a Capricho Bejense nos acolhesse e cedesse um espaço, em condições muito acessíveis, para desenvolvermos a nossa atividade. O nosso centro de operações é a Capricho, já fomos sondados pelo Despertar, tentaram que fossemos uma secção desse clube, mas a nossa ideia foi sempre termos uma sede própria, com a ajuda de algumas entidades”.

Francisco Marreiros fez notar ainda: “A Sociedade Filarmónica Capricho Bejense é tudo para nós. Se não fosse esta sociedade, nós não existiríamos enquanto clube. Só temos dois bilhares, é pouco, porque um jogo dura cerca de uma hora e meia”. Depois, os encargos são maiores do que os apoios, os jogadores pagam do seu bolso as deslocações para representarem o clube, assegurou o dirigente. “O município de Beja, no princípio, ajudava-nos com a cedência de transportes, mas depois veio a pandemia e perdemos esse apoio. Agora, dá-nos um apoio financeiro. Neste ano, por exemplo, recebemos 250 euros, mas já gastámos 700 em panos de mesa. Cada vez que vamos jogar fora temos 100 euros de despesas, tudo à conta dos atletas. Os jogadores pagam para jogar ao bilhar, além de uma quota mensal”. Mas fica também o convite: “Qualquer pessoa que queira ver os jogos pode entrar livremente. Só pedimos silêncio, naturalmente, mas o bilhar não cativa muita gente. Hoje em dia há clubes que já têm equipamento digital para fazerem a transmissão dos jogos, mas nós ainda não temos condições financeiras para isso”.

Outra ideia de Francisco Marreiros é a criação de uma escola de aprendizagem. “Tive um projeto pessoal para criar uma escolinha de bilhar, que funcionasse ao fim de semana, e as pessoas que quisessem vinham aprender, mas pus a ideia de lado. Não está totalmente abandonada, penso ainda retomá-la. O bilhar é uma atividade física interessante e que nos exercita mentalmente, é das melhores atividades físicas que existem. Temos pessoas no País, com 80 e 90 anos, que ainda jogam bilhar”.

Porém, a prioridade é mesmo promover o Clube de Bilhar de Beja à primeira divisão nacional. “Teríamos muito mais visibilidade, porque viriam a Beja as grandes equipas do Sporting, do Benfica e de outros grandes clubes nacionais”, concluiu.

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