Diário do Alentejo

Tiago Gonçalves estreou-se nesta época nas equipas sub/17 e seniores B do Hóquei Clube Patinagem de Grândola

02 de novembro 2023 - 16:16
Vencer as adversidades
Foto| Firmino PaixãoFoto| Firmino Paixão

O Hóquei Clube Patinagem de Grândola ocupa o sexto e penúltimo lugar do Campeonato Regional sub/17, em hóquei em patins. Perdeu em Sines (9-1), ganhou em casa ao Fabril (3-2) e foi derrotado na cidade de Beja (5-0) no último fim de semana. Um percurso que se adivinha bem difícil.

Texto Firmino Paixão

“Só tenho três jogadores de campo neste escalão, depois, tenho o guarda-redes, mas os restantes são do escalão sub/15”, comentou o treinador da equipa grandolense, Tiago Gonçalves que, além desta equipa, orienta também a formação B do mesmo clube que disputa o nacional da terceira divisão. Uma experiência nova para o jovem treinador que foi guarda-redes do Alverca, Sporting, Tigres de Almeirim, Vilafranquense, Alenquer e Fabril, mas que tem no seu palmarés um título nacional nos sub/19 do Benfica, como treinador-adjunto de Luís Duarte, o selecionador nacional sub/20 com vários títulos mundiais e europeus conquistados. O seu futuro próximo, assegurou Tiago Gonçalves, é manter-se “neste clube” que lhe “abriu as portas” e que lhe dá “todas as condições” para desenvolver o seu trabalho”. Mas as dificuldades, como se verá, são imensas.

Como tem sido o percurso do Hóquei de Grândola neste Campeonato Regional de sub/17?O percurso tem sido difícil. A nossa equipa é curta, temos apenas quatro jogadores sub/17 e temos que recorrer muito aos sub/15. Tem que ser um trabalho contínuo. São adversidades com que nos debatemos, mas que cabe ao treinador ultrapassar e, dentro deste percurso, tentar desenvolver o melhor possível as capacidades dos atletas, sejam eles de que escalões forem. Os que estão connosco terão que ter capacidade para jogar nos sub/17, como se a esse escalão pertencessem, apesar de, nas partes físicas, mentais e técnicas, ainda se notarem algumas diferenças. Mas têm ajudado. Não será por termos perdido em Sines, ou em Beja, que não ajudam, porque jogámos contra o Fabril, em casa, e ganhámos. O percurso tem sido de altos e baixos, mas com muito trabalho para fazer.

E logo à quarta jornada defrontaram o Clube de Patinagem de Beja, campeão regional em título nesse escalão. As dificuldades foram evidentes?Claro. Sabia que vinha encontrar muitas dificuldades. Aliás, para nós, face às contrariedades que já enumerei, este percurso competitivo será sempre difícil. Gostei muito de ver a equipa do Beja a jogar contra nós. Tem processos muito bem definidos. Sinceramente, não conhecia a equipa, porque vim recentemente para o Alentejo. Não conhecia a realidade que aqui existe em termos de hóquei em patins. Sabia que a equipa do Hóquei Vasco da Gama de Sines era muito forte, uma equipa com quem já jogámos e sofremos uma derrota volumosa. Será, talvez, a melhor do campeonato. Mas, como disse, todos os jogos serão difíceis para nós, portanto, cabe-nos, dentro dos recursos que possuímos, e com as opções que eu tomo, contornar ou amenizar essas dificuldades em cada jogo que disputarmos, tentando fazer o melhor que nos seja possível. E isso passa, a par do crescimento dos jogadores, essencialmente, por dignificarmos a camisola do Grândola.

O objetivo que trouxeram para a temporada foi esse? O crescimento dos atletas sempre a dignificar as camisolas que representam?Sim. Viemos para aqui para deixarmos a melhor imagem do clube que representamos. Nunca entraremos em campo previamente derrotados. Entramos sempre com a ambição de ultrapassarmos as nossas fragilidades e tentarmos ganhar os jogos. Caso contrário, seria melhor ficarmos em casa ou irmos jogar ao berlinde. Se assim não fosse, não valeria a pena estarmos a perder o nosso tempo, ficaríamos em casa com a família ou com os amigos. Acreditamos neste processo e queremos evoluir. O pensamento desta família, jogadores, treinadores, dirigentes responsáveis pelo clube, passa sempre por representar bem a vila de Grândola, dignificando sempre a nossa camisola e o nosso emblema.

E já não é coisa pouca…Na verdade, não podemos ganhar sempre, mas devemos sempre tentar. Ninguém anda aqui para perder, mas importa deixar a mensagem de que não interessa apenas ganhar, porque nestas idades conta mais o processo evolutivo dos jogadores do que propriamente os resultados. E veja: quantos jogadores do Alentejo chegam lá acima, à primeira divisão? É raríssimo. Portanto, mais do que vangloriarmo-nos que ganhámos a este ou àquele, que somos campeões disto ou daquilo, o que interessa mais, e essa é a mentalidade que terá de mudar, é que, além das vitórias e dos títulos, importa desenvolver as capacidades dos miúdos, porque se agora forem dependentes dos resultados, quando chegarem lá acima não conseguem lidar com as dificuldades e, normalmente, desistem.

Já identificou a chamada de jogadores à seleção regional, portanto, terá alguns talentos no seu plantel?Temos dois ou três jogadores sub/17, do ano passado, que estiveram na seleção de Setúbal, outro sub/15 que, neste ano, também já foi convocado. São miúdos com qualidade, são talentosos, mas, sejam os que vão à seleção ou os que ainda não tiveram essa oportunidade, terão todos eles que desenvolver as suas capacidades. O percurso também terá de permitir que todos desenvolvam as suas competências e se valorizem.

Que realidade encontrou em Grândola? Uma terra onde o hóquei em patins tem muita tradição, com uma equipa na segunda divisão nacional, outra na terceira e uma boa escola de formação…Confesso que não conhecia muito a realidade daquele clube, embora, enquanto jogador do Fabril, conhecesse muitas pessoas aqui da região. Conheço minimamente os clubes e quando me apresentaram o projeto, e me convidaram a treinar o Grândola, sabia que o clube tinha passado por um momento de algumas dificuldades estruturais e financeiras, mas agora está bem organizado e tem uma academia de formação que garante o seu futuro e a continuidade do hóquei em patins em Grândola. A região tem um problema de natalidade e de despovoamento, por isso, terá que ser feito um grande trabalho junto das escolas, porque todas as gotas que se puderem ir buscar para preenchermos este oceano serão fundamentais.

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