Prestes a completar uma década de existência, a Associação de Promoção e Desenvolvimento de Desporto – Cautchú, fundada em 16 de dezembro de 2013, de São Teotónio, no concelho de Odemira, atingiu um objetivo histórico: a constituição de equipas em todos os escalões de formação.
Texto | Firmino Paixão
“Estamos a crescer, aliás, essa tem sido a nossa tendência e esperamos um dia, talvez brevemente, porque a questão está a ser avaliada, apresentar também equipas seniores”. Quem o revelou foi Sandra Bento, atual presidente da Cautchú, reconhecendo que este seu compromisso com a associação e com a modalidade de andebol “é de uma enorme responsabilidade”. “Os meus colegas de direção são incansáveis no apoio, somos uma grande equipa, também nesse aspeto de união e de dedicação. Os pais, os treinadores, todos unidos, têm conseguido traçar este caminho. E estou bastante otimista quanto ao futuro”.
O Cautchú apresenta-se cada vez com mais dinâmica, mais vivacidade, e uma atividade crescente. Como têm conseguido todo este sucesso?
Com muita dedicação e muito esforço de todos, nomeadamente, dos pais dos atletas, treinadores, do município de Odemira, que também nos ajuda, e da Associação de Andebol do Algarve. Tem sido um esforço conjunto. Vivemos num território com uma densidade populacional baixa, um território muito extenso, e não é fácil juntarmo-nos todos em Odemira, por isso, temos polos em São Teotónio, em Vila Nova de Milfontes e agora também em Saboia, com “bambis” e “manitas”, portanto, com o esforço de todos, temos feito aqui o nosso caminho crescente e bem-sucedido.
Este é um projeto com alguma singularidade ao nível da região Sul do País. O concelho não tinha andebol, a associação Cautchú dinamizou a modalidade… O resultado está à vista?
É verdade. É um orgulho para todos nós. Completamos neste ano 10 anos. É a nossa marca, quase uma década. O concelho de Odemira não tinha qualquer historial de andebol, nós decidimos apostar numa modalidade de pavilhão e, realmente, o projeto tem sido um sucesso. Acho que o andebol, sendo possível ser praticado pelos diferentes géneros, masculino e feminino, tem fortalecido a nossa aposta e temos desenvolvido bastante a modalidade.
O recrutamento tem sido fácil? O método de “passa palavra” na rua ou nas escolas tem dado frutos?
Temos procurado passar a palavra, nós, os treinadores, os atletas e as famílias. Temos também divulgado junto do agrupamento de escolas. Neste momento, a associação Cautchú também promove atividades extra-curriculares nas escolas do concelho. Tem sido uma grande aposta para recrutamento de novos atletas. Os nossos técnicos também são docentes em várias escolas e isso também faz com que consigamos trazer cada vez mais meninos e meninas para a nossa modalidade.
A associação está devidamente certificada como entidade formadora. Tem merecido o reconhecimento da Federação de Andebol de Portugal?
Completamente. Temos desenvolvido, anualmente, os nossos processos de certificação e temos também sentido um bom retorno da parte da Federação de Andebol de Portugal.
Quais são os objetivos para a época que agora se iniciou?
Os objetivos passam, obviamente, por formar os atletas, dar-lhes as melhores condições possíveis e, claro, ao nível desportivo gostaríamos muito de nos qualificarmos para as segundas fases nacionais nos diferentes escalões. Vamos trabalhar para isso. Se o conseguirmos será um complemento que premeia o nosso esforço; se não passarmos, não desistiremos, continuaremos a trabalhar para que, na próxima época, o consigamos. Mas é esse o objetivo que traçámos: passarmos às segundas fases dos diferentes campeonatos, trabalhando todos em conjunto, proporcionando as melhores condições aos atletas e aos treinadores para que isso aconteça.
Existe alguma equipa que seja referência, que se destaque relativamente às outras? Têm surgido talentos?
Todas as nossas equipas sub/16 e sub/18 podem ser equipas com essa hipótese de se qualificarem para as segundas fases. Temos alguns atletas a representar as seleções regionais, quer de sub/14, quer de sub/16, e também já estivemos representados nas seleções nacionais. Esperamos continuar a ter atletas convocados para essas seleções porque é o reconhecimento do nosso trabalho.
A associação está sediada em São Teotónio. Já revelou que tem polos em diferentes freguesias do concelho. Essa deslocalização da atividade também potencia o crescimento?
Pretendemos, para já, manter esses polos e fazê-los crescer em número de atletas. Esse é o objetivo: dar sustentabilidade aos polos e aumentar o número de atletas. Por ora, não pensamos expandirmo-nos para mais nenhuma localidade deste concelho.
Há toda uma logística pesada, transportes, deslocações, um rol imenso de dificuldades para superar…
Exatamente. É bastante difícil. Temos duas carrinhas e é com elas que fazemos o transporte dos atletas para os treinos. Nunca conseguimos abranger todos, porque temos cerca de 80 atletas que necessitam de transporte para os treinos, mas esse tem sido também um esforço que os pais têm feito em conjunto connosco, transportando os seus filhos. Só com o esforço de todos temos conseguido manter esta dinâmica.
O Cautchú, até pela novidade que esta época apresenta, com equipas em todos os escalões, é já uma potência da modalidade neste distrito?
Conseguimos realmente alcançar um objetivo que perseguíamos, que era termos todos os escalões de formação. Já somos, efetivamente, uma referência no distrito de Beja, mas queremos crescer ainda mais e tornarmo-nos uma referência a nível nacional, apesar de a federação também reconhecer o nosso trabalho, o nosso esforço e aquilo que alcançámos em tão pouco tempo. Acabámos a última época com cerca de 150 atletas federados, o que é excelente, principalmente, numa região como a nossa.
A população do concelho tem olhado para este trabalho?
Sem dúvida. Cada vez temos mais pessoas a assistir aos nosso jogos, a reconhecer e a identificar a Cautchú como uma associação de referência e isso só nos motiva a trabalharmos cada vez com mais afinco.