Diário do Alentejo

Campeonato do Mundo de Clube, em feeder, poderá disputar-se, em 2024, na barragem de Odivelas

06 de agosto 2023 - 11:00
Um excelente plano de água
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A barragem de Odivelas (Ferreira do Alentejo) recebeu as primeiras duas provas do Campeonato Nacional de Clubes em Pesca Desportiva, em feeder. Concorreram 12 clubes, 60 pescadores de norte a sul do País, e a Associação de Pesca Desportiva de Foros de Salvaterra sai na frente para as duas provas finais marcadas para setembro, em Ílhavo (Aveiro).

 

Texto Firmino Paixão

 

A imagem da albufeira da barragem de Odivelas é bem o espelho da seca extrema em que a região e o País se encontram, ainda assim, este plano de água no concelho de Ferreira do Alentejo é ainda um local de excelência para a prática da pesca desportiva, a avaliar pelos mais de 900 quilos de capturas nos dois dias de prova.

António Combadão, presidente da Associação Regional do Baixo Alentejo de Pesca Desportiva (Arbapd), entidade organizadora destas meias-finais do campeonato, por delegação da Federação Portuguesa de Pesca Desportiva (FPPD), confirmou: “Neste momento, a barragem de Odivelas é o espaço que temos com melhores condições para receber eventos dessa natureza”.

 

E este foi apenas mais um, porque “foi já a terceira prova nacional deste ano, depois da 3.ª Divisão em Boia, da 3.ª Divisão Sul de Feeder e, agora, a fase-final sul do Campeonato Nacional de Clubes em Feeder”.

 

Em outubro, na Quinta da Boavista, disputar-se-ão as duas provas finais, que irão apurar o campeão nacional e os clubes que, no próximo ano, poderão representar Portugal no Campeonato do Mundo que, anunciou o dirigente, “tudo indica que esse mundial se realizará em Odivelas em 2024”.

 

O que é, afinal, esta pesca com feeder?

É uma modalidade recente, que está com grande implantação, não apenas em Portugal, mas por toda a Europa, principalmente, no centro e leste europeu. É uma pesca ao fundo, com gaiola, um pequeno recipiente que leva o engodo e o isco até ao local de pesca, na profundidade. Estamos a pescar, essencialmente, ao fundo, com utilização de engodo e do isco. É uma modalidade importante, com grande implantação. Dizem muitos pescadores que é menos exigente do ponto de vista físico e mais acessível do ponto de vista do material. O feeder já está a movimentar muita gente.

 

Entre os 12 clubes presentes só estão dois representantes da Arbapd?

Houve um apuramento prévio, no Norte e no Sul, com alguns clubes que, no ano passado, já tinham garantido a manutenção e, neste ano, temos de facto 12 clubes de todo o território nacional que procuram aqui o título de campeões nacionais. Competiram dois nossos filiados, o Clube de Pesca Desportiva de Mértola (3.º classificado) e o Clube de Amadores de Pesca do Baixo Alentejo, de Alvito (4.º). Nos últimos anos a federação tem convidado para o mundial não só o campeão nacional, como o segundo classificado. Neste ano o campeonato foi na Irlanda, estiveram presentes o Benfica e o GAP Trabuco. Estas são as primeiras duas provas, depois teremos mais duas na Quinta da Boavista, em Ílhavo, Aveiro, e essas, sim, serão o corolário desta competição.

 

A federação já delegou na Arbapd diferentes campeonatos nacionais e ainda se prevêem outros. Será pela qualidade dos nossos planos de água?

O nosso território tem características de excelência e ímpares para a pesca desportiva. Felizmente, nós temos muitas albufeiras. Na verdade, estamos a atravessar um período muito grande de seca, mas Alqueva veio também dar um contributo para que estas albufeiras se mantenham com água durante todo o ano, porque são abastecidas pela “grande mãe de água”. Em Alqueva, a pesca que lá podemos fazer é aos achigãs, quer da margem, quer embarcada, depois, neste momento, fruto de condições que têm sido criadas pelo município de Alvito, a quem temos que estar extremamente reconhecidos, mas também a António Nunes, o vice-presidente de Água Doce da Arbapd, que muito tem feito para que a barragem de Odivelas apresente as condições que aqui se vêem. A barragem está com um nível muito mais baixo do que há um mês atrás, mas mantém condições muito boas para a pesca desportiva.

 

A federação também confia na vossa qualidade organizativa…

Neste ano já aqui organizámos três campeonatos nacionais. Voltaremos em setembro, com o nacional de clubes em boia, com a segunda prova no nacional de feeder e teremos ainda o nacional de achigã em margem, na barragem do Chança (Mértola). São provas que a federação nos delega pelo nosso histórico de competência organizativa. Temos correspondido sempre àquilo que são as exigências e os pescadores têm confirmado isso e saem contentes.

 

Amanhã começam a disputar-se os mundiais jovens no rio Sorraia, em Coruche. A Arbapd vai estar representada?

Neste momento temos apenas um pescador juvenil a representar a nossa associação. É um pescador de Mértola, o Gonçalo Palma. Contudo, competirá também o Ivo Figueira, um bejense que representa o Benfica, mas que não é nosso filiado. O número de miúdos na pesca tem diminuído, não é um problema só nosso, é transversal a todos os clubes do País. Estamos com algumas dificuldades nessa área e, olhando para o futuro, não estamos muito esperançosos, porque, de facto, estão a aparecer poucos jovens para aquele rejuvenescimento que a modalidade necessitava.

 

Os campeonatos regionais estão ainda em curso, mas têm decorrido com normalidade?

Sim. Já concluímos o campeonato regional de feeder. Neste momento falta uma prova para terminarem os campeonatos regionais de senhoras e o campeonato regional da 1.ª divisão seniores individuais, no de clubes estamos a meio, faltam duas provas, e depois temos de terminar os campeonatos de jovens e de masters, estão feitas duas provas, faltam as outras duas. Nos achigãs estamos ainda a meio do campeonato. Tudo isto na água doce. No mar, já temos campeões na vertente dos jovens, decorre ainda o campeonato de veteranos… A nossa associação é, provavelmente, a associação do País que mais campeonatos regionais organiza. Mas também é uma forma de mantermos todos os pescadores e clubes nossos filiados em movimento, quer seja na água doce, quer na pesca de mar.

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