Diário do Alentejo

Rui Mateus não garante recandidatura à presidência da Associação de Patinagem do Alentejo

30 de julho 2023 - 09:00
Só se for “mais útil”…
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Os atuais órgãos sociais da Associação de Patinagem do Alentejo (APA) terminam o seu mandato em 2024. O organismo tutela também os clubes do Algarve ainda que, devido a um erro de forma, ou omissão jurídica, a estrutura não possa acrescentar à sua nomenclatura a região sul do País.

 

Texto Firmino Paixão

 

Quando questionado sobre uma eventual recandidatura a um terceiro mandato como líder da APA, o lacobrigense Rui Mateus garantiu: “Tenho por princípio nunca dizer nunca. Mas entendo que vou completar dois mandatos, em que tenho dado o melhor de mim na missão que me incumbiram e completarei um ciclo”.

 

Por isso, sublinhou: “Enquanto cidadão não tenho intenção de me voltar a candidatar. Tal e qual! Agora, se concluirmos que será mais útil para a associação que eu faça algo mais, então poderei pensar sobre o assunto, mas a minha vontade não é essa. E temos feito tudo para que a associação seja efetivamente atrativa, para que outros cidadãos tenham a disponibilidade de dar esse passo”.

 

O vosso mandato terminará em 2024. O que é possível ainda fazer, ponderando o facto de viver em Lagos e presidir a uma associação com tamanha abrangência territorial?

Não tenho qualquer cansaço em relação a isso. A associação foi estruturada através dos comités técnico-desportivos de cada disciplina e não tenho nada a dizer. Todas as pessoas que trabalham nesses comités têm feito um trabalho louvável. Estão a cumprir-se com normalidade todas as nossas atividades e todos os nossos calendários. O único comité que teve alguma dificuldade foi, realmente, o de patinagem de velocidade, mas que foi ultrapassado numa reunião com os clubes. E já estamos a programar a próxima época, assegurando os calendários competitivos, algo que é uma das principais missões da associação, e eu aí não vejo qualquer dificuldade. Os clubes mostram renovadas dinâmicas, com isso estamos motivados e não se perspetiva qualquer desalento.

 

E os projetos mais imediatos?

O que nós temos em mente fazer é consolidar e agilizar as relações que temos com associações congéneres e que nos permitam ampliar a nossa atividade. Como não somos muitos, sozinhos não faremos muito melhor. E estamos a ampliar a relação de trabalho com as federações da modalidade do país vizinho, mais próximas da fronteira, nomeadamente, com a Andaluzia e a Extremadura. Temos desenvolvido alguma atividade em termos do hóquei. Não escondo que, antes do final do mandato, gostaria de fazer algo com eles no âmbito das outras disciplinas. Veremos se será possível.

 

E ficamos por aí?

Não. Por último, e isso sim, é importante resolver até ao final do mandato aquilo que ainda não fomos capazes de resolver administrativamente. Nós, enquanto associação, já reunimos os quatro distritos, Faro, Beja, Évora e Portalegre, assumidamente e trabalhando em conjunto, sem qualquer diferenciação. Contudo, juridicamente, perante o Estado Português, não foram legalizados os termos da fusão das duas associações, Alentejo e Algarve. No início teremos cometido um lapso no modo como o fizemos, foi um erro de forma. O Registo Nacional de Pessoas Colectivas não nos permitiu o registo e voltámos atrás. A federação está a par disso e quer ver isto resolvido. Temos uma nova imagem, um conjunto de coisas para assumirmos este corpo mas, por ora, ainda somos só Associação de Patinagem do Alentejo.

 

Como avalia o atual estado da patinagem ao sul do País?

Estamos satisfeitos. Conseguimos envolver e apoiar os clubes para recuperarmos os atletas que se afastaram e a associação saiu do ano de 2022 com o maior número de atletas de sempre. Temos bastante mais atletas do que tínhamos antes da pandemia. Isso foi possível por termos mantido os clubes do hóquei e recuperado mais um que, antes, tinha passado por dificuldades. Na patinagem artística temos mantido todos os clubes e, quando digo mantido, não é a associação por si, são os clubes que fizeram o esforço para se manter. Depois, houve um florescimento que vem das novas disciplinas, nomeadamente, o skateboarding, o inline freestyle, onde também já temos dois clubes na associação e que também contribuíram para o aumento do número de atletas. Portanto, o nosso sentimento é de satisfação.

 

O crescimento da patinagem de velocidade foi uma das suas bandeiras…

Foi. Temos procurado encontrar uma solução para isso, mas tenho dificuldade em entender as razões do decréscimo da patinagem de velocidade. E temos que assumi-lo. Até posso dizer que é a única disciplina que tem hoje menos atletas do que tinha antes da pandemia. Inclusive, já não é a terceira disciplina em número de atletas, é o inline freestyle. Não são números astronómicos, teremos cerca de 100 atletas no inline freestyle e 80 na velocidade. A patinagem de velocidade sofreu de alguns fenómenos no seu próprio desenvolvimento. O ideal seria que houvesse um fluxo constante e não existiu. Porém, o inline freestyle e o skateboarding são duas disciplinas que têm, diria, uma vida um bocadinho própria, não estão num caminho tão tradicional como as outras três disciplinas.

 

No hóquei em patins as equipas seniores continuam no patamar mais baixo, mas tivemos um título regional em sub/17 para o Clube de Patinagem de Beja…

Este crescimento tem essa fatura a pagar. São miúdos novos, estamos com muita gente, mas gente ainda nova e em percurso de aprendizagem, portanto, acredito que os resultados mais significativos virão mais adiante. Somos, só por si, uma associação regional porque temos mais do que um distrito, mas como, às vezes, não temos um número de equipas suficientes para disputar um campeonato entre nós, fazemo-lo com Setúbal, que tem uma realidade um bocadinho diferente. Os seus clubes têm maior proximidade, mantiveram durante mais tempo os níveis de competição entre eles e acabam por ter mais clubes e com índices competitivos mais elevados. Mas nós também lá chegaremos.

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