Assim que o grande pelotão se estendeu pela espuma das ondas que celebravam o amanhecer no areal da praia de Melides e, mais adiante, saiu de Comporta outro ainda mais numeroso, ambos tendo Troia como destino final, logo a organização terá olhado para a edição de 2024.
Texto Firmino Paixão
A Ultra Maratona Atlântica Melides-Troia é uma competição única em Portugal e na Europa, com 18 anos de existência, não consecutiva, porque a pandemia não permitiu a sua realização em 2020.
As 18 edições que já se realizaram tiveram oito vencedores diferentes, sendo Eusébio Rosa, antigo atleta da Sport União Caparica, aquele que maior número de edições venceu, num total de seis, incluindo o recorde da distância em 2012.
Custódio António e Mário Cassaca foram os dois grandolenses que já subiram ao lugar mais alto do pódio. No setor feminino o recorde de triunfos, oito, e o melhor registo horário pertencem a Patrícia Serafim Marques, atleta algarvia que já defendeu as cores do Beja Atlético Clube e que hoje corre pelo Grupo Desportivo Areias de São João.
Desde 2014, o município de Grândola, organizador do evento, criou uma prova acessória, mais curta e mais apetecível, a Corrida Atlântica, sem a carga física, motivacional e psicológica que a prova maior encerra.
Bruno Paixão, fundista do Beja Atlético Clube, é o detentor do maior número de vitórias e do melhor registo horário, desígnio que reparte com a bielorussa Kcénia Bougrova, embora, neste setor, o maior número de triunfos (quatro) pertença ainda à almadense Inês Marques.
A promoção turística do concelho, nomeadamente, da sua majestosa frente atlântica, tem sido a aposta do município da Vila Morena, como fez notar o presidente do município, António Figueira Mendes.
“É sempre com muito orgulho que voltamos a fazer esta prova, que continua a ter muita adesão. Neste ano contámos com cerca de 650 atletas inscritos, sobretudo, pela adesão, cada vez maior, que verificámos na Corrida Atlântica, entre a Comporta e Troia. Mas é também de sublinhar o elevado número de atletas que fizeram os 43 quilómetros, entre Melides e Troia, o que significa que esta prova se consolidou, razão pela qual continuamos a investir na melhoria das condições. Mas, de facto, este é um grande evento desportivo nacional. Acho que devemos continuar a trabalhar nele e a valorizá-lo, pelo que significa de promoção turística, de promoção do nosso concelho, dando a conhecer às pessoas de fora a beleza das nossas praias nesta costa que se estende de Troia até Melides, mas que também se prolonga pelo concelho vizinho, até à costa norte de Sines. Portanto, isso é uma zona fabulosa do ponto de vista da preservação da natureza, da paisagem, que nos dá muito trabalho, mas que queremos manter desta forma e que é conciliadora, também, com este tipo de prova que aqui fazemos, no ponto de vista desportivo”.
Afinal, o desafio de 43 quilómetros recortados na espuma das ondas, permanece há 18 anos.
“É um grande desafio e, sobretudo, nesta última edição, em que a manhã estava com muito vento, o que constituiu mais um desafio à energia e à capacidade destes atletas. Tínhamos algum receio, depois de termos criado esta Corrida Atlântica apenas com 15 quilómetros, que as pessoas deixassem de competir na de 43 quilómetros. Mas não foi assim. Temos atletas que todos os anos repetem a sua presença na Ultra Maratona e já percebemos que não vão desistir de a fazer. Aliás, nestas 18 edições ainda temos três atletas que são totalistas, independentemente das suas idades, continuam a apostar em competir na Ultra Maratona. É um desafio à sua capacidade de superação e acredito que alguns deles venham só para testar se ainda são capazes de responder a este desafio”.
Depois, também o número crescente de atletas locais é um regozijo para o autarca.
“Temos muitos participantes locais e isso também é muito interessante para nós. Mobilizar os nossos, digamos assim, para participarem também nesta prova, querendo também usufruir e fruir deste espaço, mas também do divertimento que isto acaba por ser, porque as pessoas, de uns anos para os outros, vão criando laços e fica uma amizade entre todos. Esta disputa é apenas naquele tempo enquanto não chegam à meta”, concluiu Figueira Mendes.
Palmarés da Ultra Maratona Atlântica Melides-Troia (43 quilómetros):
- 2005 | Pedro Pessoa 3h11.21 | Chantal Xervelle 4h26’48;
- 2006 | Pedro Pessoa 3h15’58 | Amélia Costa 4h56’30;
- 2007 | Eusébio Rosa 2h51’11 | Chantal Xervelle 3h44’55;
- 2008 | Eusébio Rosa 3h14’03 | Verónica Correia 4h20’57;
- 2009 | Custódio António 3h03’41 | Chantal Xervelle 3h57’32;
- 2010 | Eusébio Rosa 3h00’40 | Chantal Xervelle 4h22’56;
- 2011 | Eusébio Rosa 3h08’01 | Gema Borgas 3h42’44;
- 2012 | Eusébio Rosa 2h46’30* | Gema Borgas 3h33’48;
- 2013 | Eusébio Rosa 3h04’49 | Patrícia Serafim Marques 4h04’54;
- 2014 | Igor Timbalari 3h18’57 | Patrícia Serafim Marques 4h08’40;
- 2015 | José Gaspar 2h58’46 | Patrícia Serafim Marques 3h33’01;
- 2016 | José Gaspar 3h04’32 | Patrícia Serafim Marques 3h30’46;
- 2017 | Mário Cassaca 3h10’09 | Patrícia Serafim Marques 3h32’55;
- 2018 | Mário Cassaca 3h33’23 | Patrícia Serafim Marques 3h46’56;
- 2019 | José Gaspar 2h59’40 | Palmira Quinhama 3h48’42;
- 2021 | André Costa 2h47’54 | Patrícia Serafim Marques 3h18’16*;
- 2022 | Carlos Papacinza 3h02’51 | Patrícia Serafim Marques 3h36’44;
- 2023 | Carlos Papacinza 3h09’03 | Patrícia Serafim Marques 4h08’18;
*recorde
Palmarés da Corrida Atlântica Comporta-Troia (15 quilómetros):
- 2014 | João Cruz 54’25 | Inês Marques 1h07’43;
- 2015 | Rui Fontes 55’35 | Inês Marques 1h03’05;
- 2016 | Jorge Robalo 55’31 | Inês Marques 1h06’35;
- 2017 | Pedro Arsénio 52’25 | Sofia Argentina 1h08’09;
- 2018 | Pedro Arsénio 51’58 | Alexandra Alves 1h06’31;
- 2019 | Bruno Paixão 50’17 | Inês Marques 1h00’35;
- 2021 | Bruno Paixão 47’47* | Kcénia Bougrova 59’00;
- 2022 | Bruno Paixão 48’35 | Kcénia Bougrova 58’10*;
- 2023 | Bruno Paixão 54’23 | Kcénia Bougrova 1h02’26.
*recorde