A oitava edição da maratona de BTT Por Trilhos Mineiros, organizada pelo Centro Republicano de Instrução e Recreio de Aljustrel, foi uma prova solidária, inserida na Taça de Maratonas de BTT da Cercibeja.
Texto Firmino Paixão
Ricardo Gil, atleta da Casa do Benfica de Almodôvar, e Femke Hofma, da Macebike, na maratona de 75 quilómetros, Casimiro Caneiras, do BTT Figueirense, e Susana Fialho, do BTT Conceição de Faro, na meia maratona de 45 quilómetros, e Vítor Calvino, do Buscatrilhos de Alcochete, na maratona E-Bike, foram os vencedores das diferentes variantes da oitava edição da maratona de BTT Pelos Trilhos Mineiros, uma organização, de muito bom nível assinale-se, do Centro Republicano de Instrução e Recreio de Aljustrel (Crira), uma instituição centenária, e ecléctica, da Vila Mineira.
Pedalou-se, e muito, pelas históricas e heróicas terras mineiras. Primeiro, pelos trilhos de barro, ressequido, da freguesia vinícola de Ervidel, depois, na sede de concelho, com os operários a escavar o subsolo, alheios às pedaladas que, à superfície, ligavam a cementação das Pedras Brancas ao moinho do Maralhas, terminando entre as árvores frondosas e os canteiros floridos do jardim 25 de Abril, o magnifico espaço verde da Vila Mineira.
Um pelotão com quase 200 bicicletas. Numa delas, o antigo autarca do concelho, Nelson Brito, hoje deputado eleito pelo círculo de Beja na Assembleia da República. Estaria a ganhar força e endurance para os grandes debates?
“Ganhar, não! Manter. Eu diria, antes, manter”, garantiu o socialista, justificando depois: “Esta é uma prova muito gira, de uma modalidade que gosto de praticar de uma forma muito amadora, mas que demonstra também aquilo que de bom nós temos nesta região. A amizade, a confraternização, o desporto e o associativismo, também, porque há sempre muitas pessoas que estão por trás destas organizações. Diria que que são soldados amadores, mas que fazem um exército muito forte a que nós chamamos o nosso associativismo e que existe um pouco por toda esta região”.
Nelson Brito continuou dizendo que “o BTT, a par de tantas práticas desportivas e recreativas, vão ainda preenchendo a marca que temos nesta região e que move mulheres e homens, todos os dias, a sair de casa, uns para organizar, outros para praticar”.
Para o ex-autarca, a partir dos Trilhos Mineiros “fica demonstrado que há um associativismo ainda disponível para trabalhar para a sociedade, e isso é muito importante e deve ser realçado. Nós praticamos, e é importante que o façamos, mas os homens e as mulheres que, todos os dias, saem das suas casas para fazer o bem comum, é determinante, até pela forma altruísta como o fazem, pela forma descomprometida com que o partilham, sobretudo, em nome dos símbolos e do bairrismo que ainda vai persistindo nas nossas terras e na nossa região”.
Nelson Brito, antes de dar a primeira pedalada para estes Trilhos Mineiros, quis também agradecer ao Crira e a todas as outras organizações que vão promovendo os seus eventos nas diferentes modalidades, mantendo este forte espírito associativo. “Uma marca que esta região não quer, nem pode, perder”, assegurou.
Responsável pela equipa organizativa da maratona, Alexandre Pimpão sublinhou uma das novidades desta edição, os percursos: “Desta vez fomos para a zona de Ervidel, em anos anteriores não temos conseguido lá ir devido à data em que anteriormente organizávamos a prova, em março chovia mais e era impossível passar por aquelas terras de barro mas, neste ano, em junho, demos esse miminho às pessoas que vieram conhecer a região, passando por aquela freguesia, nomeadamente, pela barragem do Roxo, em terrenos agrícolas onde ainda se cultiva o girassol, e foi diferente, demos a conhecer mais um bocadinho do concelho de Aljustrel”.
O objetivo, segundo os organizadores, é estimular a utilização da bicicleta como meio de prática desportiva e de lazer, associando-a, igualmente, à natureza. Algo que tem sido conseguido.
“Pensamos que sim, temos até um projeto em curso que é uma escolinha de BTT, com cerca de 15 crianças, da iniciação até aos 15 anos. Os objetivos não se conseguem atingir se não criarmos uma base de formação e, por isso, é por aí que temos ido, porque temos de deixar um legado a alguém”.
Alexandre Pimpão foi mais longe, recordando: “Uma prova como esta tem sempre uma vertente competitiva. Atletas que estão focados nos resultados e que, provavelmente, estarão pouco disponíveis para desfrutar da natureza ou em olhar para as paisagens, mas temos um maior número de participantes numa vertente lúdica, com ritmos mais moderados e dispostos a fruir mais da paisagem, ficando com um conhecimento mais aprofundado e, quem sabe, sentirão um apelo para regressarem mais tarde, para virem conhecer melhor Aljustrel, bem como os trilhos que aqui possuímos e que estão abertos à comunidade em geral”.
Quanto ao nível de participações o organizador lembrou: “Há oito anos que andamos nisto, no passado já tivemos cerca de 300 ou 400 inscrições, hoje cerca de 200, verificamos que o BTT está numa curva descendente em termos de participação, certamente, devido a vários fatores, porque a vida é feita de ciclos e há momentos em que estamos lá em cima, outros estamos cá em baixo. Mas a participação nesta edição esteve dentro daquilo que esperávamos”.
Os Trilhos Mineiros são, afinal, uma marca deste concelho.
“Não podemos fugir daquilo que é o maior símbolo e a caracterização da economia do nosso concelho que é o setor mineiro. Faz todo o sentido”, garantiu Alexandre Pimpão, lembrando que, desde sempre, esta prova é solidária e que, por isso, neste ano, integrou a Taça de Maratonas da Cercibeja. “Sempre tivemos uma atitude solidária, neste ano proporcionou-se entrarmos na Taça de Maratonas da Cercibeja, e, se calhar, continuaremos assim. Nós já éramos solidários, até com os nossos bombeiros, porque parte do valor da inscrição era-lhes doada. Neste ano ajudámos a Cercibeja mas, se conseguirmos mais qualquer coisinha, estaremos ao lado dos bombeiros, porque eles ajudam-nos sempre”.