Os terrenos anexos ao Complexo Desportivo Fernando Mamede, na cidade de Beja, acolheram a realização do corta-mato regional do Desporto Escolar, competição que reuniu mais de um milhar de alunos e alunas/atletas, de diferentes escolas do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.
Texto Firmino Paixão
O corta-mato regional do Desporto Escolar voltou à cidade de Beja. Uma competição que teve uma participação recorde de mil e cem alunos e alunas das escolas tuteladas pela coordenação local do Desporto Escolar do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. O docente Nuno Mamede, coordenador local, disse ao “Diário do Alentejo”: “O corta-mato é a prova que tem um maior historial e também um maior número de participantes, por isso, é realmente uma prova emblemática do Desporto Escolar, à qual queremos dar uma boa imagem do desporto e da promoção da atividade física nas escolas”.
Tudo começa nos diferentes agrupamentos, explicou: “Cada uma [das escolas] faz o seu apuramento, digamos assim, e traz aqui ao corta-mato regional os seis primeiros classificados da sua escola. Há escolas que fazem as provas em conjunto com outras, ou fazem corta-matos concelhios, como se faz, por exemplo, em Cuba e em Odemira. Cada escola poderá depois trazer seis alunos, de cada género e escalão, para o corta-mato regional”. Um apuramento, uma qualificação, se quisermos, que neste ano gerou um número de atletas superior a um milhar, tendo em conta a dimensão geográfica da região”, admitiu. “Temos uma região única, com os seus constrangimentos que todos nós que vivemos por aqui conhecemos, o que leva a que uma prova desta natureza nunca consiga ter o seu início antes do meio da manhã, porque as deslocações das escolas até aos locais de prova são sempre muito morosas. Obviamente que os apoios que vamos tendo, em termos de transportes, também não são muito relevantes. A oferta também não é muita e as escolas deparam-se com enormes problemas para conseguirem que os seus alunos participem nestas atividades. Claro que as distâncias são sempre penalizadoras e, em termos temporais, obriga-nos sempre a uma ginástica muito grande para que os alunos consigam depois voltar a casa ainda a horas de cumprirem eventuais compromissos”.
Mas o processo não terminou aqui, os melhores vão em frente. “Os melhores são apurados para o corta-mato nacional, que se realizará na cidade de Coimbra, em março de 2025. Qualificam-se para o nacional atletas desde os infantis até aos juvenis”. Entre eles, alguns federados em diferentes clubes, porque o regulamento assim o permite, lembrou Nuno Mamede. “O corta-mato é aberto a toda a comunidade escolar, independentemente, de serem, ou não, atletas federados, sabendo nós que quando estão ligados a determinada modalidade, o atletismo ou outra, e a praticam com determinada regularidade, estarão, teoricamente, em vantagem, mas são alunos das escolas tal e qual como os outros e têm toda a legitimidade para participar em igualdade de condições com os restantes”.
A logística, como se perceberá, é pesada, assumiu: “Contamos sempre com a colaboração do curso profissional de Desporto da Escola Secundária Diogo de Gouveia, contamos com o apoio de muitos colegas, porque são realmente os docentes que fazem andar o Desporto Escolar e põem isto em marcha. Vêm professores acompanhando os alunos de todas as escolas da nossa região, o envolvimento é grande e muito exigente, porque o enquadramento de 1100 alunos obriga à presença de bastantes professores e, muitas vezes, também, de pessoal não docente, por isso, é de realçar essa vontade e esse empenho de todos eles, enquanto pilares do Desporto Escolar”.
E o Desporto Escolar neste distrito? Está bem? Recomenda-se ou nem por isso? “Vamos com muito esforço dos professores de todas as escolas e, principalmente, deles, tentando levar a bom porto esta missão de proporcionar aos nossos alunos a prática desportiva de uma forma regular”, admitiu o coordenador local, acrescentando: “Há muitos alunos que não têm essa possibilidade nas regiões onde residem, por isso, o Desporto Escolar é uma ferramenta importantíssima para que eles possam ter essa oferta e essa oportunidade. Temos, naturalmente, muitos constrangimentos, porque os apoios financeiros são cada vez mais exíguos, mas tem sido possível. Volto a realçar, com o grande empenho dos professores. É com muita vontade que continuamos a proporcionar estas atividades aos nossos alunos”.
O Plano Estratégico do Desporto Escolar, em vigor, terminará no final do presente ano letivo e Nuno Mamede admitiu: “Tem sofrido algumas dificuldades devido a constrangimentos financeiros. O nosso país continua com esta dificuldade em apoiar verdadeiramente o desporto, em perceber a dimensão e a importância que o desporto tem na nossa população em geral, mas, principalmente, para as nossas crianças. Mas estamos sempre na esperança de que o próximo plano nos valorize um bocadinho mais e estamos sempre a lutar por isso”. Ainda assim, tem sido possível detetar talentos, fez notar: “Temos, habitualmente, muitos atletas que são referências olímpicas e que assumem ter iniciado a sua atividade desportiva no Desporto Escolar. Isso é um motivo de orgulho e é isso que devemos ter também como bandeira”.