Diário do Alentejo

Clube Academia de Desporto de Beja persegue título nacional

21 de maio 2023 - 10:00
Um sonho legítimo
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O 2.º Torneio Cidade de Beja, em ginástica de trampolins, reuniu uma centena de ginastas de cinco clubes: o emblema anfitrião, as casas do povo de Corroios e de São Bartolomeu de Messines, o Núcleo Sporting Clube de Portugal em Olhão e a Sociedade Artística Reguenguense.

 

Texto Firmino Paixão

 

A conquista de um título nacional, por um atleta da Academia de Desporto de Beja, é o sonho de Sandra Rodrigues, a diretora técnica da academia bejense. Uma meta exequível, um sonho legítimo, alicerçado na resiliência, mas também na qualidade da comunidade ginasta de Beja, que pretende projetar-se para outros patamares. Não estivéssemos a falar de ginástica de trampolins, em que a projeção faz todo o sentido.

 

“Os objetivos principais na organização deste Torneio Cidade de Beja passam por mostrar a esta cidade a ginástica de trampolins, pois somos o único clube do distrito de Beja filiado na Federação de Ginástica de Portugal e competimos quase exclusivamente no Sul do País, porque estamos agregados à Associação de Ginástica do Algarve. Por isso, o nosso objetivo aqui é que a nossa cidade tenha um bocadinho o conhecimento daquilo que fazemos quando vamos para fora com os nossos ginastas e mostramos as capacidades deles”.

 

Ou seja, mostrar às famílias e à comunidade o trabalho feito diariamente na Academia de Desporto de Beja.

 

“Também passa por aí, mostrarmos aos familiares o trabalho que eles fazem e as suas competências, embora os familiares nos acompanhem sempre, porque o clube não tem meios de transporte e, normalmente, são os pais que se esforçam e que levam os miúdos para as provas, por isso, as famílias conhecem o nosso trabalho e aquilo que os nossos ginastas sabem fazer”.

 

Sandra Rodrigues diz mesmo: “Gostamos sempre que estejam presentes e hoje, principalmente, conseguimos mobilizar quase toda a família da academia, como nós lhe chamamos, para nos ajudar, quer para o nosso bar, quer para montagem no pavilhão, e temos aqui muitos pais envolvidos neste processo, o que nos deixa muito felizes, porque é sinal de que o nosso trabalho está a ter alguns frutos e merece a sua solidariedade”. Por outro lado, garantiu a diretora técnica, outra meta ancorada ao torneio é a oferta de mais competição para os ginastas.

 

“A ginástica já existia há alguns anos na cidade de Beja, esteve sempre ligada à Zona Azul, clube que nunca quis enveredar pela área da competição, e a academia nasceu daí, exatamente, para proporcionar competição, nessa área, aos meninos da nossa cidade”.

 

Entre a centena de ginastas que, ao longo do dia, evoluíram no Pavilhão de Santa Maria, em Beja, onde o certame decorreu, assinaram o ponto alguns atletas de elevado nível técnico.

 

“No escalão de iniciados tivemos duas atletas da primeira divisão a competir e um atleta da primeira divisão nos iniciados masculinos”, revelou Sandra Rodrigues. Quanto à academia, e ao dia a dia deste polo associativo, que procura impor-se junto da comunidade bejense, a técnica adiantou: “Neste momento estamos com cerca de 60 praticantes na ginástica de trampolins e também na ginástica acrobática. Temos participado em várias provas: neste ano conseguimos participar já em três campeonatos nacionais no escalão de infantis, conseguimos ter 20 ginastas em campeonatos nacionais e depois, nos outros escalões de base, a partir dos iniciados até aos seniores, já conseguimos ter 14 dos nossos ginastas a competir a nível nacional. Não alcançando pódios, os resultados têm sido bons para nós porque, num universo de 200 ginastas, a nível nacional, tivemos uma atleta classificada em quinto lugar no escalão de iniciados”.

 

Porém, nem só da competição nos trampolins se faz a ginástica nesta academia. “Temos também as classes de formação [BasicGYM], a atividade começa a partir dos dois anos, com os ‘BabyGYM’, que são os mais novos, e daí vamos dando continuidade, mesmo nas disciplinas de trampolins ou de acrobáticas, em que temos classes só de formação, sem competição”.

 

A Academia de Desporto de Beja, fundada em 2017, mas federada apenas há três anos, tem crescido por força da existência de um corpo técnico qualificado, ainda que escasso, num percurso em que tem sido necessário recorrer a alguma criatividade para superar obstáculos.

 

“Não possuímos um espaço próprio, estamos num espaço arrendado, em que pagamos uma renda mensal, e a principal dificuldade que sentimos é a aquisição de material para os nossos ginastas desenvolverem a sua atividade nas melhores condições, como encontramos, por exemplo, na Casa do Povo de Messines, que possuem todas as condições”.

 

A técnica recordou: “Os aparelhos de ginástica são muito caros, conseguimos, recentemente, adquirir um duplo minitrampolim, em segunda mão, mas para o conseguirmos tivemos de participar no desfile de Carnaval, em Cuba, mobilizando os nossos ginastas e os pais, para obtermos algumas verbas. No ano passado, comprámos também um trampolim individual, mas não temos colchões para lhe pôr à volta. Já solicitamos às uniões de freguesia, quando recolherem colchões de cama de casal, que no-los entreguem, para nós protegermos os nossos ginastas. São essas as nossas maiores dificuldades, a escassez de receitas, sendo certo que obtivemos alguns apoios do município para conseguirmos realizar este torneio, e agradecemos os esforços que têm feito para nos apoiar, reconhecendo que a nossa modalidade é um pouco diferente das outras, mas é uma modalidade que as pessoas têm de se habituar a conhecer”.

 

Ainda assim, existe um sonho, afinal, “o sonho comanda a vida”.

 

“O nosso, neste momento, é termos um campeão nacional, já no próximo ano. Temos qualidade para isso, mas temos de trabalhar muito, porque os nossos meninos andam nisto só há meia dúzia de dias e os outros andam há anos. Mas temos aqui meninos muito esforçados e com muita qualidade técnica que nos podem ajudar a concretizar esse sonho”.

Comentários