Diário do Alentejo

O projecto de reposição do Andebol no Sporting Clube de Cuba enraizou

19 de novembro 2022 - 10:30
Um trabalho gratificante
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Um trabalho projetado há cerca de três anos, atravessados pelas dificuldades da pandemia, já está a dar os seus frutos. O andebol continua a praticar-se com as cores do Sporting Clube de Cuba e já estão criadas equipas nos escalões de Minis, de Bambis, de Sub/14 e de Sub/16.

 

Texto Firmino Paixão

 

O escalão mais avançado está a disputar, em conjunto com a Zona Azul, de Beja, e o Centro de Cultura Popular de Serpa, o apuramento para o Campeonato Nacional Sub/16, algo que, tendo em conta a fase adiantada da prova e os resultados já verificados, se afigurava como inatingível.

 

João Maria Leão, dirigente, e um dos técnicos do andebol cubense (em conjunto com João Costa), revelou ao “Diário do Alentejo” que “são realidades diferentes. O Serpa e a Zona Azul já trabalham na modalidade há muitos anos, com miúdos que já têm uma boa escola no andebol, ao contrário do Sporting de Cuba, que reactivou a modalidade em 2019. E depois ainda tivemos uma paragem prolongada, devido aos problemas com a pandemia. Portanto, são, efectivamente, equipas com potencialidades diferentes. Contudo, nós continuamos aqui a fazer o nosso trabalhinho, no sentido de nos valorizarmos e de fazermos crescer estes miúdos. E está a ser muito gratificante”, adiantou.

 

As metas foram construídas com realismo. “Viemos disputar jogo a jogo e esperar que fosse possível o apuramento para a fase seguinte, embora estivéssemos convencidos de que, com estes dois adversários, seria complicado cumprirmos esse objectivo. Mas as equipas que não se apurarem, manter-se-ão em competição. Aliás, no dia 20 de novembro, quando esta fase de apuramento terminar, teremos logo a Taça”.

 

Ainda assim, estes são momentos essenciais para o crescimento dos jovens atletas, anuiu. “Sem dúvida. Nestes miúdos já se notam algumas mais-valias, são jogadores com algum potencial e, sobretudo, atletas que já desenvolveram um gosto muito grande pelo andebol. Treinamos duas vezes por semana, não é possível mais, devido à grande ocupação do pavilhão municipal com outras modalidades, mas vamos fazendo o nosso trabalhinho com muita vontade, com muita dedicação e julgo que estamos no bom caminho”.

 

O projeto do andebol não se esgota nesta equipa de Sub/16, existe uma outra formação de Sub/14 e, depois, os escalões mais baixos, Minis e Bambis.

 

João Maria Leão revelou que, no próximo dia 25, vão também organizar um evento que é o “Dia do Andebol”, “uma acção dirigida aos Manitas, miúdos com cinco anos. Será um momento de convívio entre eles. Será um evento em colaboração com a Escola Profissional de Cuba, com a Escola Básica, e com o município de Cuba para ver se conseguimos captar mais miúdos, mas o nosso maior problema é a necessidade de treinadores, porque só temos dois, eu e o João Costa”.

 

O projecto do andebol cubense está enraizado, mas ainda existem muitas sementes a germinar. “Não temos dúvidas de que já está enraizado, ainda pensámos que, devido à pandemia, os miúdos iriam desistir, mas o grupo manteve-se e continuou unido”. Porém, a escassez de treinadores que enquadrem as diferentes equipas impede um crescimento mais rápido, acentuou o dirigente.

 

“Se tivermos mais técnicos que nos permitam trabalhar com os diferentes escalões, os miúdos ganham ainda mais gosto pelo andebol. A modalidade é atractiva, tem muitos golos, muita emoção, muito espectáculo e muita dinâmica e os miúdos vêm procurar-nos. Cada vez temos mais miúdos a aderir a este projecto e estou convencido que, com estes jogos de início de época, irão surgir mais. Temos feito encontros no escalão de Minis e Bambis, coisa que, na época passada, não conseguimos fazer. Os miúdos começam a passar a palavra, na escola, e vão aparecendo cada vez mais”.

 

Mas será que os atletas que estão na equipa Sub/16 se manterão até ao escalão de seniores? “Gosto dessa ideia – diz João Leão – é um sonho, no entanto, ainda é muito complicado termos essas certezas. Não conseguimos ter Sub/18, aliás na região ninguém tem, os Sub/17 evoluem para os seniores mas, para já, queremos viver este momento e logo se verá o que o futuro nos irá reservar. No próximo ano, veremos o que será possível fazer. Por ora, não vale a pena estarmos a perspectivar o que será o futuro deste projecto, porque a prioridade é termos uma base muito alargada a este nível da formação e daí, sim, pensar depois noutros projectos, até porque depois há miúdos que procuram sempre outros clubes, outros que vão estudar para fora, portanto, vamos ser realistas e continuar este caminho”.

 

O andebol não é novidade na vila de Cuba, nos tempos em que o clube local foi mais eclécico, já teve esta modalidade, mas hoje, existe uma acentuada autonomia da secção liderada por João Maria Leão.

 

“Sim, nós temos o nome do clube, mas somos uma secção autónoma. Quando surgiu este projecto pensámos na formação de um clube diferente, mas achámos que não havia essa necessidade, havendo aqui um clube tão representativo e com um historial tão rico, como tem o Sporting Clube de Cuba que, no passado, também já tinha albergado esta modalidade, então, ficámos por aqui e temos a nossa autonomia. As dificuldades são sempre muitas, sempre maiores que os apoios. Na verdade, precisávamos de mais, mas temos que ser realistas e saber o momento que atravessamos, a realidade onde estamos inseridos e não darmos passos mais largos do que a perna. As coisas têm corrido bem, estamos orgulhosos deste projecto. Como cubense que sou, como adepto do andebol, estou feliz e sinto que, neste distrito, o andebol está a evoluir”, rematou.

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