Diário do Alentejo

O treinador do Centro de Cultura Popular de Serpa confia na manutenção

05 de novembro 2022 - 10:30
Merecíamos um pouco mais...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Um mês e cinco jornadas após o início do Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de Andebol, em seniores masculinos, o Centro de Cultura Popular de Serpa ainda procura o seu primeiro triunfo na temporada.

 

Texto Firmino Paixão

 

Um empate, um jogo adiado, e três derrotas, a última das quais frente à poderosa equipa do Boa Hora, recentemente despromovida da liga principal. Mas, em boa verdade, esse maior potencial dos lisboetas (em cujo plantel esteve o bejense Tomás Pirata, autor de seis golos) não se notou no cômputo geral, senão no resultado final de 24-26, para o Boa Hora. A boa prestação dos serpenses leva-nos mesmo a dizer que a equipa talvez não merecesse aquela derrota. E o técnico Manuel Ramos comunga de opinião semelhante.

 

O Serpa merecia ter ganho ou, pelo menos, não perder este jogo?

Sim, pelo jogo que fizemos, acho que os jogadores estão de parabéns. Jogámos contra uma equipa que não é fácil. Uma equipa que se reforçou bastante, para esta temporada fez 16 aquisições. Certamente que andará sempre pelos primeiros lugares. Mas nós, por aquilo que fizemos e pelo que batalhámos, tendo em conta que estávamos limitados por algumas lesões que não nos permitiram utilizar todos os jogadores e pelas peripécias com que fomos hoje confrontados, inclusive, em determinado momento, a jogar apenas com apenas três jogadores de campo e o guarda-redes, ainda conseguimos discutir o resultado até ao fim. Portanto, foi pena não termos conseguido chegar à vitória. Este foi um daqueles jogos em que merecíamos um bocadinho mais.

 

O histórico e a qualidade do adversário não intimidaram os jogadores do Serpa?

Claro, não nos intimidámos. Foi isso que se notou dentro do campo. Pelo contrário, mostrámos hoje a nossa qualidade, provando que, porventura, conseguiremos realizar bons jogos, contra equipas com muita qualidade e bem apetrechadas, como foi o caso do Boa Hora. Foi um sinal de que, trabalhando um bocadinho mais, conseguiremos chegar às vitórias, o que não tem acontecido até agora, pois temos apenas um empate e três derrotas. Mas penso que o caminho é esse, continuarmos a trabalhar e, se mantivermos a atitude que tivemos hoje, certamente que as vitórias acontecerão.

 

Houve um momento determinante: o 10.º minuto da segunda parte, quando aconteceram as suspensões que perturbaram a sua equipa…

Foi a primeira vez, na minha vida de treinador, que fui castigado com dois minutos de suspensão. Disse-o ao árbitro. Mas acho que também é preciso um bocadinho de bom senso da parte das equipas de arbitragem. Naquela altura, o jogo até estava bonito, de parada e resposta, e ficámos, temporariamente, sem três jogadores. Ora, numa equipa de andebol de sete, isso faz muita diferença. Conseguimos aguentar, mas o esforço físico que fizemos reflectiu-se depois até ao final da partida e no respectivo resultado. Disse aos árbitros que também se exige um pouco de bom senso da parte deles e perceberem aquilo que se está a passar. Responderam-me que, a este nível, numa 2.ª divisão, não é permitido que o banco se levante. Mas temos que entender que, no calor do jogo, existem muitas emoções à flor da pele e isso exige alguma tolerância. Foi pena que tivesse acontecido, mas, infelizmente é sempre para o nosso lado

 

Esta época vê-se muita juventude na formação do Serpa…

Sim, conseguimos reunir aqui cerca de 80 por cento de atletas oriundos da nossa formação. Temos, inclusive, um jogador que vem de Sines. Faz cerca de uma centena de quilómetros, para vir treinar e jogar. Felizmente, conseguimos reunir todo o plantel com regularidade para realizarmos os treinos. Este ano, por acaso, até temos um plantel um bocadinho mais alargado. Neste momento temos 23 jogadores e isso permite-nos que, durante a semana, apareçam entre 16 a 18 atletas nos treinos. Uma assiduidade e um mérito que são de louvar, pelo esforço que fazem para estar connosco a treinar, mesmo depois de saírem dos seus trabalhos e, inclusive, à sexta-feira, saímos do pavilhão já depois das 22:00 horas. Mas é assim, correr por gosto não cansa.

 

Têm um empate e três derrotas, mas com o Estrela da Amadora tiveram o resultado mais desequilibrado…

Empatámos o primeiro jogo, em casa, com o Alto Moinho, andámos sempre na frente do marcador e, na parte final, permitimos o empate. Com o Benfica, também em casa, foi um jogo em que poderíamos ter feito mais. Os jogadores tiveram essa noção, perdemos por quatro pontos e, no Estrela da Amadora, o jogo não nos correu bem logo pelo início. É uma equipa muito experiente e, a nós, as coisas não nos saíram nada bem. Hoje, foi o que se viu, correu bem mas, infelizmente, não conseguimos vencer. Temos que continuar a crescer.

 

O próximo jogo será em Lisboa, frente ao Sporting, outro adversário difícil…

Pelo meio, tivemos ainda o jogo da Taça de Portugal, no Pavilhão do Sassoeiros e, amanhã, sim, jogaremos com a equipa B do Sporting, no Pavilhão João Rocha, um prémio para estes jogadores, porque nunca lá jogaram. Mas iremos com ambição e com o pensamento na vitória.

 

A tabela de pontos está um bocado dividida em dois blocos...

Equipas como o Boa Hora, o Funchal, o Almada, são equipas que se irão destacar. Cá mais para trás, existe um lote de equipas, onde nos incluímos, que lutarão, até ao final, pela manutenção. Mas, de facto, já existe uma boa diferença entre as equipas do topo e as restantes. Contudo, com a qualidade que temos e, pelo jogo que fizemos hoje, percebemos que podemos lutar contra qualquer outra equipa, com ambição e confiança de modo a ficarmos mais um ano na 2.ª divisão.

 

 

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