Diário do Alentejo

O jovem serpense António Infante já é jogador do Futebol Clube de Vizela

08 de julho 2022 - 20:15
Ainda nem acredito ...
Foto | Futebol Clube de VizelaFoto | Futebol Clube de Vizela

“Senti-me sempre muito acarinhado pelas pessoas de Serpa. No plantel não existiam muitos jogadores da terra e eu sentia muito esse carinho, quer nos jogos, como no dia-a-dia quando caminhava pelas ruas. Se fazia um bom jogo toda a gente me elogiava, e isso vai-nos dando mais motivação. Um jovem acaba por se sentir orgulhoso de si próprio, porque, aos 17 anos, jogar num campeonato nacional de seniores não é vulgar. Vou sentir muito essa saudade da minha terra”.

 

Texto Firmino Paixão

 

António Infante, o médio ofensivo que se vem revelando nas equipas seniores do Futebol Clube de Serpa, quer no distrital, pela equipa b, aos dezasseis anos, quer no plantel principal, a disputar o Campeonato de Portugal, com 17 anos, quiçá o mais jovem atleta a competir a este nível, apresentou-se, na passada segunda-feira, na cidade de Vizela, onde vai representar o clube local, o Futebol Clube de Vizela, nas próximas três épocas desportivas.

 

O jovem futebolista serpense nasceu no dia 4 de junho de 2004 e contou que “quando tinha cinco anos, a minha mãe perguntou-me se eu gostaria de jogar andebol ou futebol, porque, nessa altura, o meu irmão João já era andebolista do CCP Serpa. Respondi que não decidiria antes de experimentar as duas modalidades. A primeira experiência foi no futebol, agradou-me de tal forma que já nem fui ao andebol, modalidade que nem me chegou a motivar, porque nem sequer experimentei”. Iniciou então o seu percurso formativo com a camisola do Serpa, interrompido por uma incursão no Despertar Sporting Clube, revelou. “Estive uma época (2018/2019) no Despertar, a disputar o Campeonato Nacional de Iniciados, em Beja. Surgiu-me essa oportunidade que ainda não tinha tido em Serpa”.

 

No ano seguinte, explicou, voltou ao emblema da sua terra natal. “Iria competir no campeonato distrital e, para estar em Beja a jogar no distrital, jogava no clube da minha terra, que estava no mesmo campeonato e eu estaria em casa, além de que o Serpa também insistiu bastante para que eu ficasse cá, porque pelo clube da nossa terra sentimos sempre uma paixão maior, é sempre diferente. Aqui, toda a gente me conhecia, toda a gente gostava de mim e isso influenciou muito a minha decisão de voltar a jogar neste clube”.

 

Nesse percurso de formação foi convocado para a seleção distrital Sub/14. “Disputei vários torneios e estive no Interassociações Lopes da Silva, em Braga, onde até fiz um golo”. Entre os vários treinadores que conheceu, o António Infante destacou um deles, pelo contributo que teve no seu crescimento. “Quem mais me marcou foi o míster Marcos Borges, que me acompanhou sempre, desde os cinco anos. Ele treinava o escalão acima do meu, mas chamava-me sempre para ir ao escalão superior. Foi ele que apostou em mim, fui campeão com ele, na época passada e, nesta última, ainda foi meu treinador. Tenho que lhe agradecer bastante, porque foi das pessoas que mais acreditou em mim. Sem essa confiança que ele me deu, se calhar, não estaria hoje onde estou, deu-me muitas oportunidades, ajudou-me a crescer, acreditou muito em mim, às vezes quando nem eu próprio acreditava, portanto, só tenho que lhe estar muito reconhecido”.

 

O médio ofensivo, com versatilidade para jogar a lateral, não está deslumbrado, aliás, revela muita humildade, ao mesmo tempo que acredita no seu potencial mas, quando se lhe falou em talento, hesitou. “Não sei, ter ou não ter talento é uma apreciação que eu não posso fazer, que o façam as pessoas que me observam dentro do campo”. É talentoso, sim senhor. Só por isso chegou tão cedo às equipas principais do Serpa. “Eu ainda fiz um jogo pela equipa sénior no campeonato distrital da 1.ª divisão, com 16 anos. Na altura, sempre tive o desejo de chegar ao plantel principal, não esperava é que fosse tão jovem, mas as coisas foram acontecendo naturalmente, sendo certo que eu dei sempre tudo de mim em cada treino e em cada jogo e hoje estou bastante feliz”. Quando assim é, será legítimo esperar que se abra uma janela de oportunidade e o António bem a procurou. “Cheguei a ir treinar aos três grandes, Benfica, Sporting e Porto, mas era ainda muito jovem, não tinha ainda a mentalidade de poder ser um profissional de futebol. Mas, com o passar dos anos, fui sentido a minha evolução, via jogos de campeonatos superiores e pensava que, se calhar, tinha mais qualidade do que alguns dos que eu via em campo. Comecei a trabalhar mais e melhor, todos os dias, comecei a acreditar em mim. Quando estive no Despertar notava isso”. Sempre inconformado, não desistiu, até porque, admitiu: “Muitos dos meus colegas iam treinar a outros clubes e ficavam lá, eu ia e voltava para trás, embora sentisse que tinha o mesmo potencial que eles tinham. Foi isso que me deu mais motivação. Talvez me faltasse trabalhar mais”. E foi o que fez! Até porque “sentia que algo estaria para acontecer. A toda a hora saiam notícias sobre o António Infante. As pessoas começaram a falar muito em mim, felicitavam-me pelos jogos que fazia e eu comecei a ganhar essa convicção de que poderia surgir alguma oportunidade. Sei que só com muito empenho e muito compromisso e humildade é que as oportunidades podem surgir. Aconteceu-me! Sou jogador do Vizela nas próximas três temporadas”.

 

E como aconteceu a ida para o Vizela? O António explicou: “O meu representante apresentou-me várias propostas, tive outros convites, o Vizela foi o que me chamou mais a atenção, pelas condições que estavam a oferecer e pelo facto de apostarem muito na formação. Aceitei e estou pronto para representar o clube”. Nesta segunda-feira começou a treinar, ao que revelou, com a equipa Sub/23, e mais adiante, conforme a avaliação das equipas técnicas, manter-se-á nesta escalão, podendo também dar o seu contributo aos Sub/19, mas, num, como no outro, caso “com os olhos na equipa principal”. Esclareceu também que foi muito bem recebido na cidade minhota. “Toda a gente sabia quem eu era, em que clube e em que posição jogava, até as lesões que já tinha tido. Acarinharam-me muito” por isso, sabendo que este passo pode representar uma ponte para algo mais ambicioso, garantiu que “neste momento só penso no Vizela. É o meu clube. Estou comprometido em dar o melhor por este emblema”.

 

Sem esquecer que o apoio da família tem sido fundamental, António Infante pensa concluir, em breve, o estágio do Curso Profissional de Técnico de Desporto, que agora interrompeu, na Academia do Sporting. Porém, a palavra que escolheu para melhor definir o atual momento que vive é “Orgulho! É a palavra ideal para definir este momento e esta minha ambição, é orgulho, porque, eu próprio, ainda nem acredito bem no momento que estou a viver”. Boa sorte, miúdo...

 

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