Diário do Alentejo

Num ano para esquecer, houve quem alcançasse a glória

10 de janeiro 2021 - 00:00
JOGOS OLÍMPICOS João Miguel Torrão (na foto) e Ana Cabecinha vão representar Portugal, e o Baixo Alentejo, em TóquioJOGOS OLÍMPICOS João Miguel Torrão (na foto) e Ana Cabecinha vão representar Portugal, e o Baixo Alentejo, em Tóquio

Afirmar que 2020 foi um ano atípico, tornou-se um cliché repetido até à exaustão. Foi, efetivamente, um ano diferente, um tempo de pandemia que nos encurralou e que nos amedrontou, mas que trouxe novas aprendizagens. Será um ano para esquecer, ou para sempre recordar?

 

Texto Firmino Paixão

 

No plano desportivo, não existem grandes razões para evocar o ano velho. Cancelaram-se todos os acontecimentos desportivos, ainda hoje a retoma não foi global, Confinaram-se os jovens, retirou-se o público dos estádios e dos pavilhões, enfim, 2020 é um ano que ficará na memória de todos como ficaram os anos idos, em que outras pandemias assolaram o mundo. Ainda assim, entre o pouco que se fez, houve quem ganhasse notoriedade, quem mostrasse solidariedade, quem obtivesse reconhecimento e quem assumisse compromisso. Merecedores, por inteiro, de figurarem no nosso quadro de honra dos acontecimentos desportivos mais relevantes do ano que agora terminou.

 

BEJA ATLÉTICO CLUBE - NOTORIEDADE

O Beja Atlético Clube foi, ao longo do ano, a coletividade que mais projetou a sua cidade. Fê-lo porque, um pouco por todo o território nacional e também no país vizinho, os atletas ostentam ao peito o emblema com a silhueta da sua torre de menagem; por outro lado, porque o valor e a competência dos seus representantes lhe tem granjeado inúmeros pódios, diversos títulos individuais e coletivos, algo que nenhum outro emblema trouxe para esta cidade, numa modalidade amadora com o carisma que tem o atletismo. Foram vários os atletas que brilharam ao mais alto nível, por isso, o que aqui se distingue é o coletivo, o clube.

 

EDGAR MATIAS E JOSÉ CEBOLA - SOLIDARIEDADE

O desporto tem no seu ADN uma componente solidária. Apoia causas e essa nobreza, no ano findo, tiveram-na dois alentejanos nascidos em terras tão diferentes desta região. O Edgar Matias, de São Francisco da Serra, correu pela espuma das ondas do litoral alentejano, desde a praia de Sines até à Marina de Tróia. José Cebola, agente da Polícia de Segurança Pública, em Évora, nascido em Reguengos de Monsaraz, apoiou o lar de idosos da sua terra natal pedalando ao longo de 1 200 quilómetros, literalmente, pelo perímetro de Portugal. Parece pouco, não é? Mas foram dois momentos de grande solidariedade e partilha.

 

DESPERTAR SPORTING CLUBE - LONGEVIDADE

O mês de junho, em plena pandemia, ficou assinalado pelo centenário do Despertar Sporting Clube. Decorreu sem a celebração que os seus dirigentes, atuais e antigos, que os seus atletas, técnicos, associados e adeptos desejariam, porque as medidas de segurança sanitária assim o determinaram, mas o momento não foi secundarizada pelo facto de não ter sido festejado à volta da mesa. O centenário é sempre um marco determinante na vida de qualquer coletividade, sobretudo nos tempos modernos em que o associativismo dá sinais de algum empobrecimento. O importante será que os atuais dirigentes do velhinho "rasga" consigam incutir nos seus jovens atletas, que são muitos, a mística que sobreviveu transversalmente entre gerações, para que a sintam, a preservem e a valorizem. Confiamos nisso!

 

JOÃO TORRÃO E ANA CABECINHA - RECONHECIMENTO

O Alentejo estará representado nos Jogos Olímpicos Tóquio/20 por dois nossos atletas, praticantes de modalidades muito distintas. O cavaleiro João Miguel Torrão, 27 anos, com raízes e com toda a infância vivida na cidade de Serpa (embora lisboeta de nascimento) integra a equipa equestre de 'dressage' (ensino) que se apurou jogos. Há três anos, João Torrão tinha revelado ao nosso jornal que sonhava com grandes palcos. Eis, pois, que chega um momento especial na sua carreira desportiva. Noutro palco, estará a atleta de Baleizão Ana Cabecinha, 36 anos (Clube Oriental de Pechão), sete vezes campeã nacional dos 20 quilómetros em marcha atlética, também com passaporte para Tóquio. Um ano de 2020, por certo, inesquecível pelo reconhecimento das suas carreiras.

 

BANDEIRAS DA ÉTICA - COMPROMISSO

No desporto, o respeito pelos princípios éticos é algo primordial no crescimento dos jovens praticantes, na formação do indivíduo e na valorização da intervenção na sociedade. O Instituto Português da Juventude e Desporto considera a ética e a sua premiação, como uma das grandes apostas. “Um galardão ao qual damos uma importância extrema” assegurou Miguel Rasquinho, delegado regional do IPDJ. No ano de 2020, destacaram-se nesta área, quatro clubes do distrito de Beja: Clube Desportivo Praia de Milfontes, Associação Promoção e Desenvolvimento do Desporto Cautchú (São Teotónio), Clube Desportivo de Beja e o Grupo Desportivo e Cultural de Baronia. Um aplauso a todos estes clubes extensivo também ao Clube de Futebol Vasco da Gama, distinguido com o segundo lugar no Programa “Futebol para Todos” instituído pela Federação Portuguesa de Futebol.

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