Texto Luís Godinho
Foram as convulsões provocadas pela chamada “Primavera Árabe” que levaram a multinacional francesa Pronal a deslocalizar uma fábrica de borracha até então instalada na Tunísia. Corria o ano de 2010. Francisco Parreira, um aljustrelense emigrado há mais de quatro décadas, viu aí a oportunidade de trazer a empresa para a sua terra natal. O projeto da Strucex/Pronal arrancou em 2015 e hoje a empresa dá trabalho a cerca de 80 pessoas. Toda a produção é exportada para França e, daí, comercializada para todo o mundo.
“Trabalhei em diversos países, no Mali, na Malásia, na Tunísia, e a verdade é que a qualidade dos produtos que fabricamos no Alentejo é muito superior”, diz Francisco Parreira, diretor-geral desta unidade fabril. Todas as semanas saem de Aljustrel dois camiões carregados de borracha. Tanto podem ser depósitos para armazenamento de água ou de hidrocarbonetos, como colchões para suster paredes de habitações em casos de derrocada ou peças para plataformas petrolíferas. “Fizemos nesta fábrica o maior depósito de água do mundo, com capacidade para um milhão e 200 mil litros”.
São casos como o da Strucex que explicam o crescimento exponencial das exportações no Baixo Alentejo. De acordo com dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, as empresas sediadas na região estão a vender cada vez mais para o estrangeiro: em cinco anos, as exportações cresceram 280 milhões, representando agora cerca de 1,45 mil milhões de euros anuais. Sines, Castro Verde e Odemira continuam a ser os municípios mais exportadores. Aljustrel ocupa a quarta posição e regista um crescimento significativo: em cinco anos, as exportações subiram mais de 42 por cento, passando de 103 para 147 milhões de euros.