O Grupo Desportivo e Recreativo de Faro do Alentejo (Cuba), emblema que comemorou, recentemente, 35 anos de atividade, recebeu no Campo de Jogos António Joaquim Pestana Baltazar a formação do Futebol Clube de São Marcos (Castro Verde), em jogo relativo à 12.ª jornada do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão, da Associação de Futebol de Beja.
Texto Firmino Paixão
Uma partida que assinalou o início da segunda volta do campeonato e que, seguramente, trouxe a equipa oriunda do Campo Branco até ao concelho de Cuba com a ideia de vingar a derrota (0-3) sofrida no jogo de abertura do campeonato. Dois conjuntos em que o amadorismo contrasta com a persistência de dirigentes e atletas em manter acesa a chama da prática desportiva nas respetivas freguesias.
A equipa visitada, treinada por Luís Quaresma, que recentemente sucedeu a Tiago Borges, ocupava e mantém-se no décimo e penúltimo lugar da tabela, com nove pontos. O conjunto de São Marcos de Ataboeira, treinado por José Guerreiro “Barrote”, era o sétimo classificado e, após a derrota em Faro do Alentejo, baixou ao décimo posto.
Perante um boa moldura humana, as equipas proporcionaram uma partida agradável, equivaleram-se em muitos dos momentos de jogo com os visitantes muito batalhadores, mas sem conseguirem contrariar a maior eficácia dos locais que chegaram ao intervalo a vencer por três bolas a zero, quase tantas vezes as que se acercaram da baliza do São Marcos.
No final da partida, com o resultado em 4-1 para o Faro do Alentejo, os dois treinadores disseram de sua justiça. José Guerreiro, líder do São Marcos, sublinhou as dificuldades e revelou algum cepticismo quanto ao futuro do clube: “Os nossos jogadores trabalham, quase todos, por turnos. Muitas vezes, trocam serviços e antecipam folgas e aqui não ganham nada. Vou exigir-lhes o quê?”. E continuou: “O resultado peca por excessivo, não foi o mais justo. Na primeira parte eles foram três vezes à nossa baliza e fizeram três golos, foram totalmente eficazes. A nossa equipa não soube reagir, nunca nos encontrámos. Porém, no segundo período as coisas equilibraram-se, mas o adversário já vencia por três bolas e só teve de controlar a vantagem. Foi uma derrota muito pesada tendo em conta o que se passou no jogo. Até podíamos ter perdido, mas nunca por estes números. Só que eles foram eficazes e mais fortes nos duelos individuais”.
O técnico recordou: “Perde-mos cinco ou seis jogadores importantes para a equipa, que saíram no final da época passada, eram miúdos que faziam a diferença e, nesta época, as coisas não têm saído como nós queremos”. “Não é fácil”, comentou repetidamente, justificando: “Andamos por amor à camisola. Não lhes posso pedir nada mais, esta é a nossa realidade. Noutros tempos, o São Marcos já andou lá por cima, agora, somos um grupo de amigos que andamos aqui a dignificar o emblema, tentando que a segunda volta seja melhor. Não temos objetivos, vamos jogo a jogo, as metas passam por tentarmos ganhar mais vezes do que perder ou empatar e por fazermos a classificação possível”.
José Guerreiro questiona-se sobre o futuro do São Marcos: “Anda pouca gente atrás deste clube, tirando este grupo de miúdos, que são muito amigos e muito unidos. Não temos um diretor que vá a um treino, não aparece lá ninguém, estou lá sozinho, por isso, não é fácil. Temos um campo com relva sintética, mas as pessoas de São Marcos parece que estão afastadas do clube. Não vejo que o futuro seja risonho. Já represento este clube há uns anos e Deus queira que eu esteja errado”.
Já Luís Quaresma, treinador do Faro do Alentejo, reconheceu o equilíbrio entre as equipas e admitiu a capacidade de finalização do seu conjunto: “Considero que a nossa vitória foi justa, porque fomos a equipa mais eficaz, apesar de o jogo ter sido dividido. O São Marcos apresentou-se audaz, teve capacidade para dividir o jogo connosco, mas os nossos atletas desequilibraram no último terço e o resultado acabou por ser justo”. E referiu que, tendo chegado há uma semana, foi muito bem acolhido: “Estou contente por oferecermos esta vitória aos nossos adeptos”.
O técnico recordou o triunfo no jogo da primeira volta: “Tínhamos ganhado lá por 3-0, e esta vitória, por 4-1, é um resultado que projeta a equipa para cima, porque reforça o nível de confiança dos atletas. A semana de trabalho tinha sido boa, o fator psicológico diferencia as equipas que estão mais acima e mais abaixo, a nossa equipa estava com muitas dificuldades, por todas e muitas razões, parece que tudo lhe acontecia”. Adiantou ainda: “Entrámos confiantes. Vencemos e, a partir de agora, teremos de manter esta motivação. Durante a semana, mais do que o trabalho técnico e táctico, insistimos em demonstrar aos atletas a qualidade que podem apresentar para sairmos para outro patamar”. O técnico admitiu, contudo: “Ainda não têm o melhor estilo de jogo, nem a capacidade que pretendemos, mas acreditamos piamente que tudo será diferente no resto da segunda volta”. Quanto ao plantel, comentou: “Estava construído, mas acrescentaremos um ou dois atletas”. Confessou também: “Aceitei este desafio porque acredito na qualidade dos jogadores, treinamos duas vezes por semana, não temos capacidade para mais, pois somos completamente amadores, mas temos uma massa adepta que motiva, que exige e que nos apoia muito. É muito bom existir este tipo de envolvência e é isso que me faz estar aqui”.