A mina de Neves-Corvo vai mudar de dono. O anúncio foi feito pela multinacional sueco-canadiana Lundin Mining, proprietária da Somincor, concessionária da mina sediada em Castro Verde. O novo proprietário será a empresa, também sueca, Bolinden, e o negócio deve ficar concluído em meados de 2025. Esta transferência não surpreende, uma vez que em julho a Somincor tinha informado “a existência de contactos exploratórios de empresas interessadas na aquisição da operação mineira em Portugal”.
O negócio da venda da Somincor a outro operador sueco já era esperado e os autarcas de Almodôvar e Castro Verde foram sendo informados sobre o negócio. Nesta semana foi divulgado o valor da transação, que ascende a 1,52 mil milhões de dólares, cerca de 1,44 mil milhões de euros.
Em comunicado, a Lundin Mining explicou que o negócio envolve também a mina sueca de Zinkgruvan, acrescentando que as duas explorações “desempenharam um papel significativo na catalisação da empresa para se tornar um produtor de metais básicos com múltiplos ativos à escala global”, como afirmou o presidente da Lundin Mining, Jack Lundin.
Segundo o gestor, como refere a “Lusa”, o negócio permitirá à empresa sediada em Toronto, no Canadá, reforçar o seu balanço e continuar a crescer na América do Sul, onde é proprietária das minas de Candelária e Caserones (ambas no Chile), Chapada (Brasil) e Josemaria (Argentina), além de Eagle (Estados Unidos).
“É um momento oportuno para otimizar o nosso portefólio através deste desinvestimento, à medida que avançamos para nos tornarmos uma empresa mineira de primeira linha, com predominância no cobre”, acrescentou Jack Lundin.A venda das duas minas à Bolinden deverá estar concluída “em meados de 2025”, sendo que, no caso português, o processo carece de “aprovação da alteração de controlo pela Direção-Geral de Energia e Geologia, ao abrigo do Contrato de Concessão Neves-Corvo”, explicou a Lundin Mining.
Constituída em 24 de julho de 1980, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de duas mil pessoas.
“Processo normal” António José Brito, presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, considerou que a venda da mina de Neves-Corvo à sueca Boliden é “um processo normal”, esperando que os novos proprietários possam “fortalecer a empresa” e “a sua produtividade”.
“Julgamos ser um processo normal, num mundo globalizado, onde as empresas avaliam em cada momento o seu quadro de funcionamento e as suas oportunidades, e não creio que devamos diabolizar esta situação”, disse à “Lusa” o autarca.
António José Brito frisou que a Somincor “é uma empresa sólida e muito capaz”, sendo Neves--Corvo “uma das maiores minas da Europa e a maior em Portugal”. “Logo, é um negócio apetecível para os grandes grupos mineiros”, continuou o autarca, garantindo que o município vai estar “muito vigilante” relativamente ao futuro da empresa.
“Naturalmente, um novo proprietário vai querer impor a sua visão e métodos no funcionamento da empresa, mas estamos confiantes de que esses acertos passarão, sobretudo, pela definição de estratégias para aumentar a capacidade produtiva na mina”, sustentou.
Na opinião de António José Brito, “isso pode ser bom, porque vai certamente assegurar mais longevidade à operação e mais solidez e longevidade no trabalho”.O presidente da Câmara de Castro Verde adiantou igualmente que o executivo municipal já teve oportunidade de se reunir com responsáveis da Boliden, onde estas questões foram abordadas.
“Somos prudentes e sabemos que haverá certamente ajustes, mas acreditamos, contudo, que serão passos capazes de fortalecer a empresa, a sua produtividade e a ação dos seus colaboradores”, disse.
António José Brito defendeu ainda que “será fundamental que a Boliden entenda, também, que não pode prescindir de continuar uma atitude de elevada responsabilidade ambiental e social”.
Pelo seu lado, António Bota, presidente da Câmara Municipal de Almodôvar, através das redes sociais, confirmou “diversas reuniões entre as câmaras da zona mineira da Somincor e a empresa, assim como com a Boliden”.
O autarca mostra-se confiante no futuro, uma vez que “a Boliden mostra ser uma empresa cuidadosa e inovadora, com práticas respeitosas no que concerne à empregabilidade e ao respeito pelos direitos laborais, tem preocupações de sustentabilidade ambiental, social e financeira, alinhando com compromissos de segurança e de bem-estar com todos os que laboram nesta atividade”, escreveu.
É, assim, com “optimismo” que o autarca olha para esta “transição”, disponibilizando-se “para encontrar soluções técnicas e políticas, como sempre fizemos ao longo destes últimos 11 anos”. “DA” com “Lusa”