Diário do Alentejo

Falta de médicos é “dramática” em Vila Nova da Baronia

30 de novembro 2024 - 08:00
Presidente da Câmara Municipal de Alvito apela à ministra para “resolver problema”
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

A falta de médicos no concelho de Alvito, particularmente, na freguesia de Vila Nova da Baronia, é “dramática”, queixa-se José Efigénio, presidente do município. No último concurso para a colocação de especialistas – entre eles, de Medicina Geral e Familiar –, apenas cinco das vagas abertas pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) foram preenchidas, mas todas para as “unidades do Centro de Saúde de Beja”.

 

Texto Aníbal Fernandes 

“Está-se a tornar dramática a falta de médicos no concelho de Alvito, particularmente, em Vila Nova da Baronia”, onde as consultas “apenas se realizam às quinta e sexta-feira de manhã”, denuncia o presidente da câmara, considerando que a situação já dura “há uma eternidade”.

Em declarações ao “Diário do Alentejo”, o autarca recorda que este cenário se mantém há cerca de seis meses, ao contrário do que acontecia há um ano, quando tinham “a totalidade dos médicos” necessários.

“A carência de médicos, num concelho com uma alta percentagem de população envelhecida, torna tudo mais difícil”, diz, lamentando que as pessoas não possam fazer os seus exames e tenham de esperar um ano para mostrarem aqueles que fizeram. “É triste as pessoas trabalharem uma vida inteira e chegarem aqui, quando mais necessitam, e nem sequer terem um médico de família”, protesta José Efigénio.

Os contactos com a direção da Unidade local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) não têm dado em nada: “Por muita boa vontade que haja por parte da Ulsba, este é um assunto que os ultrapassa e que só o Governo poderá resolver”, diz o autarca, que apela à ministra da Saúde – a quem vai pedir uma audiência em breve – para “resolver o drama que está acontecer, não só em Alvito, mas um pouco por todo o Baixo Alentejo”.

Na sede do concelho o cenário não é tão mau – “uma médica aposentada presta serviço três vezes por semana” – e o quadro de enfermeiros é suficiente. Já no que diz respeito aos funcionários administrativos também existe alguma carência.

Questionado pelo “Diário do Alentejo” se o município tem algum regulamento para facilitar a fixação de médicos, José Efigénio diz que existe um pronto para ser aprovado, mas acredita que “não é por aí que se resolve o problema”, como se pode verificar em outros concelhos que o têm “e não conseguiram convencer mais clínicos”.

 

Concursos não convencem médicos

 

Contactada pelo “Diário do Alentejo”, a Ulsba lembrou que a meio de setembro, “na sequência dos procedimentos concursais para recrutamento de médicos, foram contratados seis novos médicos: uma especialista em Medicina Interna, integrada no serviço de Medicina Interna do Hospital José Joaquim Fernandes, e cinco especialistas em Medicina Geral e Familiar, que optaram pelas vagas disponíveis nas unidades do Centro de Saúde de Beja”.

Contudo, o gabinete de comunicação da Ulsba anunciou, ainda, que “em dezembro abrirá concurso para mais seis vagas na Ulsba, sendo uma delas para Alvito. No entanto, nada nos garante que as mesmas sejam preenchidas”.

Com a contratação destes últimos clínicos especialistas em Medicina Geral e Familiar o número de utentes sem médico de família atribuído no Centro de Saúde de Beja passará de cerca de 8100 utentes para cerca de 1500. No total da área de influência da Ulsba, “o número de utentes sem médico de família atribuído passará de cerca de 20 300 utentes para 13 800 utentes, o valor mais baixo desde o ano de 2021”.Entretanto, na semana passada, a Administração Central do Sistema de Saúde revelou que, nos últimos concursos de médicos de família para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “promovidos pelas unidades locais de saúde (ULS)”, apenas foram contratados 279 clínicos, cerca de 30 por cento das 904 vagas disponíveis.

António Luz Pereira, vice-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral Familiar, lamentou que, embora neste ano se tenham formado mais médicos desta especialidade, o SNS não os tenha convencido a ingressar na função pública.

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