Diário do Alentejo

O Beja Basket Clube é uma referência na formação de jovens atletas

18 de novembro 2022 - 11:30
Um clube de formação
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Beja Basket Clube já tem todas as suas equipas a competir: os escalões de formação, em ambos os géneros, nas provas regionais que podem dar acesso às competições nacionais, e os seniores masculinos, com uma prestação acima das expectativas, no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão.

 

Texto Firmino Paixão

 

Pedro Severino, coordenador desportivo do clube, revelou ao “Diário do Alentejo” que se mantêm todos os escalões de formação, masculinos e femininos, exceto os Sub/18 femininos, por compromissos académicos das atletas. Mas, o momento competitivo do clube é francamente positivo, com resultados relevantes em diferentes provas e com os seniores masculinos a liderar a série mais ao sul do campeonato.

 

Com que metas é que o Beja Basket Clube iniciou esta temporada?

Queremos, principalmente, aumentar o número de praticantes, para que possamos atingir, de novo, a marca dos 150 atletas federados. Neste momento já estamos numa base entre os 120 e os 130, portanto, não andamos muito longe. Vamos retomar o trabalho que vínhamos fazendo nas Escolas e que interrompemos por causa da crise pandémica do covid-19. Vamos reiniciar esse trabalho com uma aluna do Instituto Politécnico de Beja que concluiu o seu Curso de Desporto e vem estagiar no clube.

 

O Beja Basket Clube é um clube de formação?

Sem dúvida. Não podemos, nem queremos investir na equipa sénior, porque isso poderia fazer-nos perder essa condição de clube de formação. Queremos investir em treinadores para os escalões de formação e captar atletas que façam esse percurso natural até à equipa sénior. Esse é o nosso grande desígnio, criar um espaço com qualidade, para que os atletas evoluam dentro do próprio clube.

 

Têm notado que existe procura do basquetebol em Beja?

No escalão mais baixo, no minibásquete, têm aparecido muitos atletas novos. É um bom sinal. Uma consequência do programa de “Férias Desportivas” que promovemos no último verão. Conseguimos manter alguns e surgiram bastantes de novo, o que nos satisfaz imenso.

 

O acentuado desequilíbrio entre praticantes masculinos e femininos está na ordem do dia. O Beja Basket Clube tem presente essa preocupação?

A solução passa pela mudança de mentalidades. O desporto e a prática da actividade física têm que se apresentar e proporcionar às crianças, principalmente nas escolas. Creio que o nosso país, neste momento, já estará preparado para isso, mas faltam as necessárias alterações ao actual paradigma, à semelhança do que acontece em sociedades mais evoluídas, em que a prática desportiva é obrigatória. Toda a gente participa e depois faz-se alguma captação, para competirem nas diferentes modalidades.

 

Esse não será também um papel para o Desporto Escolar?

Não só o Desporto Escolar, mas a própria Escola, em si. Noutros países, o desporto federado está inserido nas escolas, ou seja, os clubes fazem parte das escolas. Os atletas têm aulas de manhã e o período da tarde é para o desporto e outras actividades lúdicas. O país ficaria mais organizado desta forma. Os nossos miúdos acabam as aulas às seis da tarde, se tiverem explicação ficam até às sete e meia, vão jantar com as famílias, e os treinos prolongam-se até às onze horas da noite. Hoje em dia, para fazermos desporto, em Portugal, temos que chegar a casa às onze da noite. Não é um modelo justo.

 

Neste momento, apenas os seniores masculinos estão a competir no campeonato nacional?

Sim, os escalões de formação têm, previamente, que cumprir os campeonatos regionais todos os anos e, nessa própria época, é que podem qualificar-se, ou não, para as provas nacionais do respectivo escalão. Não existem subidas, nem descidas, apuram-se se ficarem nos dois primeiros lugares do regional, mas, todos os anos, todas as equipas podem ter competições nacionais. Em janeiro, quando atingirmos as finais a quatro, logo veremos quantos apuramentos conseguiremos. Os seniores, sim, disputam o nacional da segunda divisão.

 

Por sinal, a equipa que dá, se calhar, mais visibilidade ao clube e que este ano está a fazer um percurso muito positivo...

Houve um corte, uma redução no número de atletas seniores. Sou coordenador do clube, também treinador dos seniores, e quis apenas atletas que pudessem treinar. O objectivo é ter uma equipa, repare que eu digo uma equipa, a treinar quatro ou cinco vezes por semana, esse é o principal objectivo. Se os resultados aparecerem, tanto melhor, mas a nossa intenção é que a formação consiga chegar aos seniores e que a equipa sénior trabalhe e consiga também mostrar esse percurso aos atletas da formação. Temos os Sub/18 a treinar em conjunto com os seniores e convocamos sempre quatro atletas da equipa Sub/18 para participarem nos jogos de seniores.

 

A equipa sénior lidera, nesta altura, a Zona Sul E, com três vitórias e duas derrotas…

Estamos a fazer um excelente campeonato, mesmo acima das nossas expectativas. Depois, estes resultados são um exemplo para os escalões mais jovens, principalmente pelo facto de termos que trabalhar quase diariamente. A intensidade e o bom rendimento que temos mostrado nos jogos resultam do trabalho que fazemos durante a semana, sem isso não seria possível.

 

A equipa Sub/16 feminina que, esta época está no topo em termos de género, também mostra muita qualidade…

São miúdas com muito potencial, miúdas que participam nas selecções regionais. Estão no início do seu desenvolvimento, algumas até iniciaram esse percurso mais tarde mas, estamos a criar um grupo, direi até, uma linha de formação em que já possuímos Sub/16, Sub/14. Mini 12 e Mini 10 femininos e isso, eventualmente, no futuro, potenciará a constituição de uma equipa sénior, assim consigamos manter continuamente esta linha de formação, sem intervalos, como no passado.

 

A disponibilidade de espaços é sempre a grande preocupação das modalidades de pavilhão…

Felizmente, o município de Beja tem feito um esforço grande para nos proporcionar essas condições, com benefícios já realizados no pavilhão João Magalhães, com obras em curso no pavilhão da Escola Mário Beirão, também com intervenções em curso e previstas no pavilhão da Escola de Santiago Maior. As condições estão a ser criadas, não só para a nossa modalidade, como para todas as outras que necessitem desses espaços.

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