Diário do Alentejo

Associação de ciclismo de Almodôvar ambiciona Volta a Portugal

21 de janeiro 2022 - 12:10
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Uma época bem-sucedida para a Associação Sport Ciclismo Almodôvar que, ao longo do ano, teve a sua equipa de esperanças a competir em algumas das principais provas nacionais. No próximo ano, o desejo é que o calendário se repita, mas o sonho maior é correr na Volta a Portugal.

 

Texto Firmino Paixão

 

Bem à beirinha da Barragem Monte dos Clérigos, em Almodôvar, num cenário aprazível, fica a “fortaleza” da Associação Sport Ciclismo Almodôvar (SCAV), que visitámos, após a realização de mais um estágio da sua equipa Sub/23. Filipe Quinta, presidente da associação, e Pedro Barão, vice-presidente, são os pilares do projeto, uma espécie de “pau para toda a obra” para que nada falte aos atletas.

 

A paixão é tanta que nem escondem o que lhes vai na alma: “Perseguimos o sonho de ter uma equipa profissional a correr a Volta a Portugal. O nome de Almodôvar já tem um grande impacto no ciclismo nacional. Isto tem que ir para a frente, porque o Alentejo merecer uma equipa de ciclismo profissional. Apostem em nós... O ciclismo é uma paixão, espero que olhem para nós de outra forma”, diz Pedro Barão, o interlocutor desta viagem aos bastidores da sede e do centro de estágio da SCAV.

 

Terminou a época desportiva e o ano de 2021 chegaram ao fim. Que balanço faz da última campanha desportiva da SCAV?

Para nós, Associação SCAV, a época nunca chega a terminar, porque ela concluiu-se no dia 5 de outubro, mas nós começámos de imediato a trabalhar na época seguinte, que será a de 2022. Para trás ficou uma temporada muito boa ao nível desportivo. Fomos consideradas a melhor equipa nacional de clubes, no escalão Sub/23, porque tivemos boas prestações nas várias provas nacionais onde competimos.

 

Uma delas foi a 39 ª Volta ao Alentejo, por exemplo?

Sim, na Volta ao Alentejo, onde nos mantivemos três dias em fugas, o Raul Ribeiro conquistou algumas metas volantes, fizemos uma Volta que, para o nosso clube, considerámos de alto nível e teve muito impacto. Corremos o troféu Joaquim Agostinho, onde também não ficámos aquém da expectativa da organização, fomos até felicitados pela atuação da equipa, seguimos para o Grande Prémio JN, com prestações de igual forma positivas, enfim, fizemos uma época muito regular.

 

Qual o momento que elege como tendo sido o foi o melhor da época?

O melhor momento, sem dúvida, foi a nossa participação na Volta ao Alentejo. Correndo em “casa”, tivemos que dar tudo o que tínhamos e fazer o apelo do que não tínhamos, para dignificarmos os nossos patrocinadores e para honrarmos a região, porque o Alentejo também merece pedalar no pelotão nacional.

 

Foi importante, sobretudo pela visibilidade que deram ao vosso projeto, mostrando-o à grande região alentejana…

Sem dúvida que foi muito importante, esperemos que a organização da Volta ao Alentejo nos volte a convidar para edições futuras, até porque lutámos pelos objetivos de ficarmos bem posicionados no “ranking” Sub/23 da Federação; se ficarmos nos dois primeiros lugares entraremos diretamente, caso isso não aconteça teremos que esperar por convite mas, de uma forma ou de outra, mostraremos a nossa garra, mostraremos o que é o Alentejo.

 

 Essa é uma responsabilidade que terão que assumir, porquanto a SCAV é a única equipa que pedala no pelotão nacional falando alentejano...

É verdade. E somos muito acarinhados por todas as equipas nacionais, sobretudo as grande equipas como a W52/FC Porto, a Efapel, todos gostam de nós, porque representamos a região alentejana.

 

Na retoma do ciclismo, após um largo período de suspensão devido à pandemia, a SCAV conseguiu algumas prestações de relevo?

Fomos bem-sucedidos, principalmente no Grande Prémio JN, onde ganhámos a camisola roxa, atribuída ao atleta do pelotão com maiores preocupações ecológicas, uma novidade que introduz novos hábitos ambientais durante as corridas. Na Volta à Extremadura, aqui na vizinha Espanha, o Ivo Pinheiro esteve em destaque, com um quarto lugar na geral individual. Foi muito bom. Pelo que sei, a Federação, na próxima época, também vai implementar um nova regra para apoiar as equipas de clube nos escalões de juniores, cadetes e sub/23 que forem competir no estrangeiro e isso, para nós, é uma boa notícia, porque teremos uma equipa de Juniores, que será orientada pelo José Sardinha, e a equipa sub/23, à frente da qual se manterá o Fernando Vieira.

 

 No final da época viram sair o Raul Ribeiro (para a LA Alumínios) e o Ivo Pinheiro (para a Antarte Feirens)e, mas não perderam tempo a reforçarem a equipa.

Sim, até me custa falar desses atletas, porque fomos nós que lhe demos a mão, mas eles tinham o objetivo de ingressar em equipas profissionais. O Raul vai para a equipa do Hernâni Broco e o Ivo vai trabalhar com o Joaquim Andrade. Para nós, foi o sentimento de dever cumprido. É para isso que existimos, para formar ciclistas, esse é o nosso papel, formar atletas para saírem para as equipas profissionais. Custa muito vê-los sair, mas eles seguem os seus sonhos e, seguramente, que nunca se esquecerão de nós.

 

Quais são as grandes metas para o ano de 2022?

Principalmente obter uma boa posição na Prova de Abertura, para garantirmos uma boa posição no “ranking” da Federação e, depois, tentaremos competir de novo na Volta ao Alentejo, regressar ao Troféu Joaquim Agostinho, ao Grande Prémio JN e ao Grande Prémio Abimota… vamos ver. Temos que competir com muita garra, com muita atitude, para podermos destacar os nossos patrocinadores porque sem eles nada disto seria possível.

 

Quantas equipas é que terão esta época em atividade?

Este ano, recomeçámos com as escolas de formação, desde infantis, pupilos, iniciados, benjamins e juvenis. Temos uma equipa de juniores formada este ano, uma de sub/23 e uma equipa de “masters”, é um envolvimento enorme, mas nada é impossível. Desde que os atletas tenham paixão e os nossos patrocinadores nos ajudem, nós estaremos cá. Se não se fizer formação e se os clubes não forem devidamente apoiados pelas entidades, o ciclismo acaba em Portugal. A própria Federação terá que repensar toda essa estratégia.

 

Os patrocinadores são sempre a mola real de projetos desta natureza, especialmente em modalidade amadoras? Se não vos têm faltado é porque o projeto é credível?

Essa é uma grande verdade. Temos bons patrocinadores, contamos com o apoio do Crédito Agrícola e das sucursais de Almodôvar e de Aljustrel, a Delta Cafés, com o nosso grande amigo João Nabeiro, que tem sido fantástico, mas não podemos deixar de fora o nosso município, o seu presidente António Bota e restante executivo pois, sem eles, também não seria possível. Mas quero deixar o nosso reconhecimento aos restantes patrocinadores, as Uniões de Freguesia, a Peçamodovar, a Servemais Pinturas, a Farmácia Ramos, entre outros. Todos juntos ajudam-nos muito.

 

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