Diário do Alentejo

O Louredense Futebol Clube já fez a sua estreia em competições federadas

28 de setembro 2024 - 08:00
Com o pé direito
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Campo José Cardador, em Santa Clara do Louredo, recebeu, no último fim de semana, o primeiro jogo oficial do Louredense Futebol Clube, no Campeonato Distrital da 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja.

 

Texto Firmino Paixão

 

Uma estreia vitoriosa. Um jogo, em parte, abençoado pela chuva, mas que terminou com o triunfo da equipa axadrezada, algo que satisfez os adeptos e dirigentes do clube que, em março último, completou um quarto de século de existência. Paulo Jorge Amaro, presidente do Louredense, era bem o exemplo dessa felicidade. “Estou muito feliz. Foi um dia histórico. Um dia muito importante para aquilo que é o palmarés do Louredense Futebol Clube, depois de muitos anos a fazer história nas competições do Inatel, conquistando inúmeros títulos. Chegou hoje o dia que esta nova direção do clube sonhou e concretizou. Ganhar logo o primeiro jogo teve um sabor enorme”.

 

O clube estava estruturado. Foi fácil dar este passo para as competições da Associação de Futebol de Beja?

Nada é fácil nisto do associativismo. As coisas dão trabalho, são feitas pro bono e nem sempre é fácil juntar as pessoas em prol de uma causa deste género. Nós, os atuais órgãos sociais do clube, quando fomos eleitos, assumimos logo que iríamos tentar colocar o clube nas competições federadas. Conseguimo-lo! Foi um processo complicado e feito por etapas. Ambicionávamos competir numa prova federada, trabalhámos para isso e, hoje, esse processo foi encerrado, acrescentando mais uma página de história nos 25 anos do Louredense.

 

A continuidade no Inatel era um projeto esgotado?

Acho que sim, estava esgotado. E a prova disso é que são cada vez menos as equipas do nosso concelho e do nosso distrito a participarem nesses campeonatos. Nos últimos tempos e, principalmente, na época passada, fomos empurrados para outra zona geográfica para jogar com equipas muito distantes daqui e fora da nossa realidade. Sentimo-nos empurrados, acabámos por decidir sair à nossa maneira e pelo nosso pé. Queremos construir o nosso futuro de outra forma, por outro caminho e com outros objetivos, sabendo que este é o nosso ano zero. Não é o ano um, é o zero, porque temos de criar as condições para que nos possamos fixar e manter nesta realidade para o futuro.

 

Que objetivos trouxeram para este campeonato?

Toda a gente, dentro da nossa estrutura, sabe que não temos objetivos desportivos. Como disse, estamos no ano zero, vamos criar os alicerces, construir a base. No futuro logo pensaremos em objetivos desportivos porque, para já, não podemos ambicionar muito. Sonhar, podemos sempre, mas definir objetivos, não queremos fazê-lo, porque é o nosso primeiro ano nesta nova realidade e o principal, neste momento, é que nos saibamos adaptar a ela.

 

Competir a este nível traz outras exigências, pede mais compromisso?

Fui aqui jogador e também fui aqui treinador. Conheço bem esta casa. Independentemente de termos estado alguns anos nas competições do Inatel, a nossa forma de estar no Louredense foi sempre de total compromisso. Compromisso com o clube, com o treino, com os jogos, com as competições que disputávamos e respeito máximo pelos adversários, além do compromisso com os nossos adeptos e associados. Portanto, nesse aspeto, não sentimos grande dificuldade, nem grande necessidade de adaptação. Tivemos sempre presente a nossa responsabilidade perante o clube e perante a nossa terra. Sempre com a maior dedicação e foi por isso que, no passado, conseguimos conquistar os títulos que conquistámos. Fomos sempre sérios naquilo que fazíamos. Estamos noutra realidade, porventura, teremos de elevar um bocadinho esse compromisso, mas não será nada difícil, porque já o tínhamos interiorizado.

 

A proximidade com a cidade de Beja facilita o recrutamento?

Ajuda sempre, mas não é fácil encontrar jogadores. Cerca de metade do plantel são jogadores de Santa Clara do Louredo. Recrutámos três ou quatro atletas já com alguma experiência em campeonatos distritais para nos darem esse capital de experiência. Os que jogavam no Inatel transitaram quase totalmente. Não temos todos os que queríamos, mas estamos confortáveis com os jogadores que temos.

 

Outro aspeto é o equilíbrio orçamental. Seguramente que aumentaram as exigências financeiras. Dando este passo não há o risco de poderem hipotecar o futuro do Louredense?

Tivemos de fazer essa avaliação. A realidade com o custo de uma inscrição de um jogador no campeonato do Inatel não tem nada a ver com os valores cobrados pela Associação de Futebol de Beja e, além das inscrições, todos os outros custos inerentes a esta nova competição. Mas é desafiante encontrarmos esses recursos financeiros junto de patrocinadores particulares, junto da junta de freguesia e da Câmara Municipal de Beja. Mas temos que procurar mais recursos, porque ninguém virá cá trazer nada, por isso estamos empenhados numa nova dinâmica que passa pela presença em eventos, por exemplo, no Beja Jovem e nos Patrimónios do Sul, onde esperamos obter algumas receitas.

 

Este era um passo fundamental para que, um dia, possam sonhar com um piso sintético no Campo José Cardador…

Obviamente que esse é, também, um sonho que temos e por cuja concretização iremos lutar. Está assumido que vamos à luta. Não será fácil, estamos conscientes, mas temos de sonhar, temos de crescer. Se não o fizermos e continuarmos na mesma realidade teremos mais dificuldades no futuro. Já estamos a ver como é que podemos lá chegar, porém, estes últimos meses têm sido mais de aprendizagem e de estabilização do clube, pois isto tem sido quase tudo novo para nós.

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