O edifício onde está instalado o Centro de Alojamento de Emergência Social (CAES) gerido pela Cáritas de Beja vai ser alvo de obras de requalificação, pelo que a instituição está à procura de um espaço que possa albergar os utentes. Caso não o consiga, em “última hipótese” será obrigada a recorrer a contentores. As obras, orçadas em 800 mil euros, deverão estar concluídas daqui a um ano.
Texto | Nélia PedrosaFoto | Ricardo Zambujo
A Cáritas Diocesana de Beja está à procura de instalações que possam acolher provisoriamente os utentes do Centro de Alojamento de Emergência Social (CAES) enquanto decorrerem as obras de requalificação no edifício da antiga Casa do Estudante.
Isaurindo Oliveira, presidente da instituição, adianta ao “Diário do Alentejo” que as obras deverão ter início “em meados de junho, uma vez que, de acordo com o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], terão de estar prontas daqui a um ano”.
O responsável sublinha, no entanto, que está a ser um processo “complicado”, porque já procederam “a várias consultas de espaços”, mas “alguns dos proprietários “não estão interessados”. Isaurindo Oliveira admite que a natureza da resposta – pessoas e/ /ou famílias em situação de sem-abrigo – possa ser um entrave.
“Isto não é só para servir a Cáritas, mas é para servir a comunidade. Portanto, tudo o que a Cáritas e as outras instituições possam fazer para melhorar a condição de vida destas pessoas mais vulneráveis vai contribuir para que a comunidade também tenha uma vida melhor e esses problemas sejam reduzidos. Mas isto, por vezes, é uma ideia que não passa. As pessoas pensam que os problemas são dos outros e muitas das vezes estão interessadas em que estes se resolvam, mas não na sua rua, só na dos outros. E isto tudo, depois, muitas vezes, complica estas situações… Mas não é nada que a gente não saiba já…”, acrescenta.
Caso não seja possível encontrar um espaço para albergar temporariamente o centro de alojamento de emergência social, a alternativa poderá passar por instalar os utentes em contentores. Essa será, contudo, “a última hipótese”, reforça o responsável, frisando que será suficiente encontrar um espaço somente para os utentes pernoitarem, “porque tudo o resto poderá ser feito nas instalações da Cáritas, nomeadamente, a alimentação, a lavandaria”.
Orçadas em cerca de 800 mil euros – comparticipadas pelo PRR em 85 por cento – e com uma duração de “240 dias”, as obras preveem intervenções ao “nível das janelas, eletricidade, rede de esgotos e pintura” e a colocação “de um elevador na parte exterior do edifício”, com a finalidade de melhorar as condições de conforto e facilitar “a mobilidade” dos utentes e funcionários, “uma vez que o edifício se desenvolve em quatro pisos e muitas pessoas que o frequentam têm mobilidade reduzida”, explica Isaurindo Oliveira.
Para além do PRR, a requalificação conta, ainda, com o apoio “de 10 municípios da Cimbal” e da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal. De acordo com o presidente da instituição, ficarão ainda a faltar “60 mil euros”. Entretanto, a Cáritas “já tem um empréstimo mais ou menos garantido para poder, inclusivamente, encontrar tesouraria para os pagamentos durante a obra, uma vez que os pagamentos através do PRR normalmente são lentos”, revela Isaurindo Oliveira, frisando, no entanto, que o ideal seria não necessitarem de recorrer a esse valor.
O protocolo de compromisso para a prestação de alojamento de emergência social, entre o Instituto da Segurança Social e a Cáritas Diocesana de Beja, foi assinado a 11 de maio de 2023. Os utentes são referenciados através do Centro Distrital da Segurança Social de Beja ou da LNES – Linha Nacional Emergência Social 144. O centro tem 36 camas disponíveis, 30 das quais protocoladas com a Segurança Social.De acordo com Isaurindo Oliveira, sendo o CAES uma resposta “que funciona a nível nacional”, a sua capacidade, “normalmente, está esgotada”. “E mais lugares houvesse, se calhar, mais utentes nós teríamos. Sempre que há uma vaga ela é preenchida”, conclui.