Compreender o conceito de “desinformação” no seu sentido “lato”, como, por exemplo, na abordagem militar, linguística, psicológica ou da investigação criminal, é a proposta apresentada pelo Laboratório UbiNET – Segurança Informática e Cibercrime (Lab UbiNET), do Instituto Politécnico de Beja, para o Simpósio de Segurança Informática e Cibercrime 2025.
Texto | Ana Filipa Sousa de SousaIlustração | Susa monteiro/Arquivo
O auditório dos serviços comuns do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) recebe, nos próximos dias 21 e 22, o XV Simpósio de Segurança Informática e Cibercrime (SimSic), com “10 perspetivas” diferentes sobre a temática da “desinformação”. Além da abordagem que será feita ao nível tecnológico e jurídico, com enfoque no combate tecnológico, na lei europeia da liberdade de imprensa, no direito brasileiro e nos regulamentos dos serviços gerais e da inteligência artificial (IA), os especialistas abordarão a temática também sobre a forma militar, dos serviços de informações, da investigação criminal, da ética, da psicologia e da linguística.
“Nós começámos a estudar [a área da desinformação] numa perspetiva científica e da ciência aplicada, que é a nossa génese, com a história dos ataques baseados em A [ataques que utilizam a identidade de um usuário ou organização para obter o acesso não autorizado a sistemas, recursos ou dados] e das fake news, mas para percebermos bem como é que poderemos dar o nosso contributo, através da nossa especialidade que é a tecnologia, a programação e os algoritmos, temos que conhecer esta área como um todo”, começa por explicar, ao “Diário do Alentejo”, Rui Silva, do Laboratório UbiNET – Segurança Informá-tica e Cibercrime (Lab UbiNET), do IPBeja, entidade responsável pelo evento.
Desta forma, o SimSic deste ano “é muito particular”, uma vez que a abrangência do tema escolhido não se resume apenas à “técnica” e, sim, à presença constante que este ocupa “nas nossas vidas a todos os níveis”.
“O ciberespaço é cada vez maior e nós somos ‘bombardeados’ com todo o tipo de informação nas redes sociais. À medida que este ciberespaço fica cada vez mais influente nas nossas vidas – pessoais, sociais e económicas –, a desinformação vai-se começando a disseminar [e] quando tudo isto acontece, de uma forma que se baseia em tecnologia ou em sistemas informáticos, nós temos de estudar isto”, admite.
Segundo Rui Silva, a evolução constante dos LLMs (sistemas de inteligência artificial avançada que utilizam técnicas mecanizadas para entender e criar uma linguagem natural) e da (inteligência artificial) generativa vieram tornar este caminho de formação “uma inevitabilidade” para os técnicos informáticos.
“A desinformação está muito relacionada com a comunicação, mas tendo em conta as evoluções que o ciberespaço tem e a sua abrangência, nós, que somos engenheiros e que somos da área de informática, temos de prestar o nosso contributo, porque é cada vez mais importante termos esta capacidade de saber como é que isto funciona e tentar, depois, controlar os aspetos negativos”, assegura.
Para complementar este conhecimento, o Lab UbiNET apresenta ainda durante o simpósio, à semelhança de edições anteriores, a “Casa do Crime”, um espaço de simulacro de “recolha de provas em local de crime e procedimentos iniciais de análise forense digital”.
Neste campo, que decorrerá no Espaço H20 da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, as equipas de investigação terão de resolver um crime criado por um hacker em “espaços reais”, enquanto são avaliados por profissionais de investigação criminal.
Segundo Rui Silva, esta é uma forma “prática” e “criativa” de transmitir conhecimentos e que permite aos alunos e participantes experienciar “vivências em equipas” e em contexto específico de trabalho. Com o mesmo objetivo está também o Campeonato de Jogos Counter Strike 2, em que os inscritos, enquanto participam numa competição de jogos computorizada, são constantemente obrigados a resolver problemas oriundos de ataques informáticos.O evento é de entrada gratuita, porém, carece de inscrição no site do SimSic 2025.