Diário do Alentejo

FITA apresenta diferentes linguagens cénicas contemporâneas

23 de maio 2025 - 12:00
Festival de teatro decorre até ao dia 31, percorrendo nove concelhos do Baixo e Alto AlentejoFoto| DR

A 12.ª edição do FITA – Festival Internacional de Teatro do Alentejo, inaugurado ontem em Beja, decorrerá até ao dia 31 em nove concelhos do Baixo e Alto Alentejo, num total de 32 espetáculos protagonizados por 12 companhias. O Chile é o país convidado deste ano.

 

Texto | Nélia Pedrosa

 

Proporcionar ao público do Alentejo a “possibilidade de ter acesso, principalmente, a espetáculos de teatro internacionais”, continua a ser “o que move” a companhia Lendias d’Encantar na realização do FITA – Festival Internacional de Teatro do Alentejo, “um dos maiores festivais em termos de área geográfica do País” e cuja 12.ª edição arrancou ontem, quinta-feira, em Beja, prolongando-se até ao dia 31.

Tendo como país convidado o Chile, a 12.ª edição do FITA passará por nove concelhos do Baixo e Alto Alentejo – Beja, Mértola, Cuba, Portalegre, Odemira (que faz a sua estreia), Ferreira do Alentejo, Ponte de Sor, Santiago do Cacém e Aljustrel –, num total de 32 espetáculos, apresentados por 17 companhias provenientes, para além do Chile, da Argentina, Honduras, Brasil, Espanha e Portugal.

A programação inclui peças para o público geral e escolar, com “propostas que atravessam diferentes géneros, estéticas e linguagens cénicas contemporâneas”.

Ainda que a organização já tenha sido criticada por “ter mais programação de espetáculos estrangeiros do que de companhias nacionais”, sublinha António Revez, diretor artístico do festival, o responsável defende que “a função de um festival internacional é essa – porque às companhias nacionais, de uma maneira ou de outra, vamos tendo acesso”.

“Se não for através da realização de um festival, muito dificilmente nós teremos aqui, no Alentejo, acesso a companhias internacionais, e quem diz este festival, diz outros. Porque se olharmos, por exemplo, para a programação de 80 ou de 90 por cento dos concelhos do Alentejo não vemos uma programação de teatro internacional. Isso acontece através da realização dos vários festivais. Essa é uma das razões pelas quais ainda mantemos a realização do FITA”, justifica, frisando que “não é fácil, umas vezes com mais apoios, outras com menos, outras mesmo sem”, conseguir manter “um festival, ininterruptamente”, durante 12 edições. “É muito frequente os festivais realizarem duas, três edições, depois param, depois voltam, outros nunca voltam. E manter permanentemente as edições do FITA de forma contínua, com a quantidade e a qualidade dos espetáculos que propomos, é um aspeto que eu considero bastante positivo”, reforça.

Esta “intermitência de apoios” é, segundo António Revez, “um grande entrave à realização do festival”, porque não têm “a garantia”, com a antecedência necessária à preparação do evento, de que terão apoios, nomeadamente, da Direção-Geral das Artes (Dgartes).“Por exemplo, neste ano não temos apoio da Dgartes, porque o concurso só permitia realizações pós 1 de julho e nós não íamos alterar a data do festival só para nos podermos candidatar aos apoios. Isto é muito difícil. Deveríamos começar a trabalhar na edição de 2026 logo após a conclusão da edição de 2025, mas não sabemos com o que é que contamos”.

A edição deste ano é realizada em parceria com os municípios que acolhem o festival e ainda com recurso a “meios próprios que resultam da atividade” da companhia Lendias d’Encantar, que está sediada em Beja, adianta o responsável.

Quando às expectativas para esta 12.ª edição, António Revez diz que “são as melhores”, apesar de a “reação do público” não ser “uniforme”. “Há concelhos com maior recetividade, há outros com menos… Agora, nós tentamos sempre fazer o nosso melhor e divulgar o mais possível”, assegura, sublinhado que “se as pessoas não têm hábitos, se não há uma programação regular…”, é “muito difícil contrariar isso” e não será “uma entidade” que o conseguirá, terá de “haver um trabalho de articulação conjunta”.

A edição de 2026 deverá ter a Colômbia como país convidado e a organização espera que, para além do teatro, já seja possível dar outra dimensão ao festival, no que aos países convidados diz respeito, abrangendo outras atividades artísticas, nomeadamente, espetáculos musicais e exposições de artes plásticas.

“O festival tem este perfil ibero-americano, que recebe companhias da Península Ibérica e da América Latina e, às vezes, um ou outro espetáculo dos Palop [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa]; não tem uma centralidade num só concelho. Queremos manter isso. Também o país convidado e um aspeto muito importante, que temos vindo a desenvolver desde as últimas edições, que é a realização de coproduções”, fomentando o intercâmbio artístico entre os criadores, conclui.A programação do evento poderá ser consultada em lendiasdeencantar.com/.

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