Para cumprir as tarefas nesta situação de emergência sanitária, os bombeiros de Beja receberam até agora “pouca formação, em concreto”, sobre a covid-19. O que têm recebido são normas orientadoras emanadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (Anepc), mas de “forma dispersa”.
Quanto a equipamentos de proteção individual (EPI), os Bombeiros Voluntários de Beja “não têm recebido das entidades governamentais responsáveis por esse setor materiais suficientes para a sua proteção individual”, considera Rodeia Machado. O que tem chegado “é pouco e a conta-gotas, porque se tivermos que comparar com o que nos é exigido, e bem, para o transporte de doentes, sejam urgentes ou não, os EPI que recebemos da Anepc, no primeiro caso, não chegariam para um dia e na segunda remessa não dariam para uma semana”.
Lembra que, no País, os bombeiros receberam 80 mil EPI para 408 associações do Continente. “Se tivermos em linha de conta que os Bombeiros Voluntários de Beja têm dias de mais de 20 serviços de emergência, é só fazer as contas, uma vez que para um doente urgente ou emergente são necessários dois EPI completos e proteção para o doente”. Acresce que “temos várias equipas a funcionar por vezes ao mesmo tempo e dispomos de quatro ambulâncias destinadas à emergência”. Realça, por outro lado, que o INEM “não fornece os equipamentos e paga apenas dois euros – repito, dois euros –, quando o que exige custa mais de 20 euros aos preços de mercado”.
Revela que a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Beja “já recorreu ao mercado e comprou 350 “kits” de proteção numa primeira fase e depois mais máscaras e outros materiais, no valor de cerca de 2500 euros”. Recentemente, “adquirimos duas mil máscaras pelo valor de 2200 euros, custeadas pelas verbas atribuídas pela Câmara Municipal de Beja”. Entretanto, “já encomendamos mais EPI no valor de cerca de dois mil euros, tudo para garantirmos a proteção individual dos nossos bombeiros”.
Rodeia Machado insiste que “os bombeiros só querem que o Governo lhes dê aquilo a que têm direito, porque estão preocupados com a sua segurança e das suas famílias”. E denuncia que os custos exagerados destes materiais no mercado são “uma preocupação para as associações humanitárias de bombeiros voluntários e para as suas finanças”. Os interlocutores privilegiados das associações humanitárias de bombeiros voluntários são, naturalmente, o Ministério da Administração Interna (MAI) e, consequentemente, a Anepc, que assegura a coordenação das atividades de proteção civil.
No atual contexto de emergência sanitária, contudo, a ação centra-se no Ministério da Saúde e no Governo como um todo. Neste sentido e para defesa dos bombeiros, a Liga dos Bombeiros Portugueses “tem vindo a oficiar aos vários ministérios, mas em particular ao MAI, no sentido de conseguir apoios para as associações e para os bombeiros, o que em nosso entender é mais que justificado, dada a perda de receita existente com a quebra abrupta no transporte de doentes não urgente”.