A secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, apontou Odemira como um “concelho-piloto” no que respeita à "integração de migrantes” pelas “boas práticas” implementadas no território. Em declarações à agência Lusa, a governante afirmou que “serão poucos os sítios na Europa onde, em dez anos, a população estrangeira triplicou e em que o município em conjunto com as empresas e entidades, como o Alto Comissariado para as Migrações, conseguiram manter a paz e a harmonia social".
A deslocação a Odemira, inserida num roteiro que a secretária de Estado pretende realizar pelo país, destinou-se a conhecer "mais de perto" as questões de integração dos trabalhadores agrícolas estrangeiros da zona e "reforçar" as respostas que o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) tem vindo a desenvolver no terreno. “Havendo ainda aspetos que necessitam de ser melhorados mas por ser um município que tem feito tantos esforços para integrar a população migrante, desde 2013, convidámo-lo a ser um concelho-piloto para integrarmos algumas medidas e também para que algumas das medidas que têm sido desenvolvidas neste território sejam mostradas a outros concelhos”, afirmou Cláudia Pereira.
No concelho de Odemira, através do ACM, o município tem desenvolvido projetos como o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), o Plano Municipal para a Integração de Migrantes, o Programa Escolhas e cursos de português para estrangeiros. Durante a visita, que incluiu um estabelecimento de ensino e uma exploração agrícola, a secretária de Estado para a Integração e as Migrações lembrou que “um quarto da população do concelho de Odemira é estrangeira, trabalha essencialmente na agricultura intensiva e contribui de diferentes formas para a economia do concelho e do país”.
Questionada sobre os problemas sociais relacionados com presença de milhares de trabalhadores imigrantes nas explorações agrícolas do concelho, a secretária de Estado reconheceu tratar-se de uma questão preocupante. “É uma das questões que tem preocupado o Governo, que tem consciência dessa exploração que vem dos países de origem, e foi por isso que decidiu investir na Secretaria de Estado para a Integração e as Migrações, que tem várias medidas com os diferentes ministérios para melhorar a integração dos imigrantes” no âmbito do Pacto Global para as Migrações, disse.
Segundo a governante, Portugal “precisa de imigrantes” em várias áreas, como a hotelaria, turismo, pescas e agricultura, em diferentes zonas do país. “Estamos a trabalhar com os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna a simplificação dos vistos e das autorizações de residência e com os ministérios da Educação e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social a questão dos cursos de língua portuguesa, mas também com outros ministérios aspetos que melhoram e simplificam a sua integração”.
Na visita à escola sede do Agrupamento de Escolas de São Teotónio, onde “quase metade dos alunos são imigrantes” e “são ministrados cursos de português a pais e alunos estrangeiros”, a governante realçou o “trabalho pioneiro” da comunidade escolar e anunciou a implementação de medidas que garantam uma melhor integração dos imigrantes no concelho. “Durante a visita foi-nos solicitada a colocação de mediadores interculturais, que façam a ponte entre os serviços no município, a população imigrante e a população local. Nesse sentido, vão abrir ainda este semestre avisos de financiamento para se poderem candidatar e passarem a ter mediadores”, avançou.
Os cursos de português para estrangeiros “estão a ser reestruturados e readaptados para os novos imigrantes, porque muitas vezes os equívocos que existem entre população residente e imigrante é porque não conseguem comunicar na mesma língua”, acrescentou. “Estamos também a trabalhar com o ACM em dois programas que iremos aplicar em Odemira que promovem a interação local com a população imigrante e uma das principais ferramentas que permitirá a sua integração é o domínio da língua portuguesa”.