A Associação Ambiental dos Amigos das Fortes reagiu às notícias de que “produção de azeite pode parar no Alentejo”, uma vez que os “tanques das fábricas para armazenar bagaço proveniente dos lagares estão praticamente cheios”. Esta constatação, defende, “coloca em evidência as fragilidades de desenvolvimento e exploração do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva”.
Aníbal Martins, vogal do conselho de Administração da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas (Confragi), disse, recentemente, que “vai haver um colapso no setor”, porque a apanha de azeitona e a produção de azeite “vão ter que parar”, já que “não há espaço para colocar bagaço de azeitona produzido pelos lagares”. Segundo este responsável, “as três unidades do Alentejo que transformam bagaço de azeitona proveniente dos lagares da região “têm praticamente esgotada a sua capacidade estática de armazenamento”.
A Associação Ambiental dos Amigos da Fortes, após estas declarações, reagiu em comunicado, considerando que “esta Governo reforça investimento no regadio com mais 53 milhões Associação ambiental reagiu à falta de espaço para colocar bagaço de azeitona constatação coloca em evidência as fragilidades do modelo de desenvolvimento e exploração do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), que tem assentado na monocultura do olival”. Que considera ainda que “a ausência da aceitação de uma estratégia global equilibrada para o setor agrícola e para o EFMA tem provocando desequilíbrios estruturais, que já penalizam as comunidades e populações residenciais limítrofes, onde estão instalados os olivais e as unidades de receção dos bagaços”.
Para a associação, “faltam mecanismos de regulação por parte do Governo” e “não há dúvida de que, se nada for feito, situações como a da aldeia das Fortes vão multiplicar-se à medida que cresce a pressão para aumentar a capacidade de laboração das unidades industriais de extração do óleo do bagaço de azeitona” e, consequentemente, “a abertura de novas fábricas”. Por isso, os Amigos das Fortes defendem que “existem alternativas e que atualmente é necessário apostar na economia circular e na tão proclamada transição ecológica e energética”. Apostando, neste sentido, “num setor agrícola virado para os desafios do século XXI, modernizado e inovador, em que possa haver espaço para cadeias de produção ecológicas, multifuncionais e de proximidade”.
A associação relembra ainda que aguarda o “cumprimento” da resolução da Assembleia da República que recomenda ao Governo “a adoção de medidas urgentes para acabar com o problema ambiental e de saúde pública relacionado com a laboração do bagaço de azeitona em Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, e nos concelhos limítrofes, que está por cumprir”.
Recorde-se que, como o “Diário do Alentejo já tinha noticiado, tem sido defendido que “devido ao aumento da produção de azeitona e às condições climatéricas (falta de chuva), tem chegado azeitona “em maiores quantidades e mais rapidamente aos lagares” e “um volume inusitado” de bagaço de azeitona para ser transformado em três unidades.