Diário do Alentejo

Beja: CDU acusa PS de não ter visão estratégica

30 de outubro 2019 - 15:45

A oposição CDU na Câmara de Beja acusou a maioria PS de não ter uma visão estratégica e de desenvolvimento, considerando que realizou um trabalho que "fica muito aquém do desejável" e traduz "dois anos perdidos". Contactado pela agência Lusa, o presidente do município, o socialista Paulo Arsénio, frisando que o seu "papel não é fazer oposição à oposição", fez "um balanço muito positivo" dos dois anos de mandato do executivo, que "tem seguido a estratégia que definiu de recuperar, valorizar e promover Beja".

 

Em comunicado, os três vereadores da oposição CDU fazem um balanço dos dois anos de mandato do executivo municipal de maioria PS (quatro eleitos), constatando que "o trabalho realizado, e ainda que com algumas iniciativas positivas, fica muito aquém do desejável". "É por demais evidente que esta é uma câmara sem visão estratégica e de desenvolvimento", afirmam os comunistas, referindo que "ainda" não viram "qualquer projeto de desenvolvimento estruturante que tenha saído da visão" do PS e "o resultado salta à vista: dois anos perdidos e uma cidade e um concelho sem rumo".

 

Segundo os vereadores comunistas, o PS "limitou-se a dar andamento a projetos" da anterior gestão CDU, "nomeadamente a nível cultural", mas "o resultado ficou muito aquém". Durante a primeira metade do atual mandato, "projetos que já estavam em curso, alguns já em fase de conclusão, demoraram muito a ter novo andamento, e outros, estruturantes para o concelho e a região, deixaram-se cair sem justificação", como o Centro de Arqueologia e Artes, referem.

 

O centro histórico de Beja, que "constitui um recurso social, cultural e económico e implica estratégias e conservação, gestão e planeamento", atualmente "está a definhar, sem se conhecer o que pretende o atual executivo fazer para reverter esta situação", dizem. Uma situação que "espelha a falta de políticas de dinamização e de ambição" para interligar equipamentos culturais e histórico-patrimoniais da cidade, frisam, apontando os atrasos nas obras no Museu Regional e o "abandono" de projetos que iriam "contribuir" para valorizar o centro histórico e "estimular" o comércio, a economia e o turismo, como a criação do Museu de Banda Desenhada e do Gabinete do Centro Histórico.

 

"A linha de desenvolvimento do turismo e de revitalização do comércio estagnou" e "o incremento da qualidade de vida e o investimento em espaços públicos de excelência também não têm merecido a atenção do PS", que "abandonou" ou fez "paragens ou atraso significativos e inexplicáveis" em vários projetos, lamentam.

 

Os vereadores da CDU referem também que o PS "tem afastado potenciais interessados" em instalarem-se na Zona de Acolhimento Empresarial Norte "ao onerar os investidores com o pagamento de infraestruturas". "Aproveitando as mais-valias" do Alqueva e a agricultura de regadio, a zona tem "condições ideais" para ser um "centro de empresas" de agroindústria, "com todo o potencial de criação de emprego e fixação de jovens", mas o PS "pouco ou nada tem feito para captar investimento de micro, pequenas e médias empresas e não criou, nestes dois anos, qualquer medida ou política de incentivo, demonstrando não ter qualquer estratégia para o progresso de Beja", afirmam.

 

Os vereadores da CDU também criticam "a gritante a falta de afirmação" do PS "na reivindicação das medidas necessárias por parte do Governo para o distrito", "assistindo-se a uma subserviência que tem votado Beja a um abandono sem precedentes". Entre as medidas, os comunistas incluem a eletrificação do troço ferroviário Beja/Casa Branca, a conclusão do IP8 e a construção da segunda fase do hospital, do quartel da GNR e do Palácio da Justiça.

 

Lembrando o provérbio "Roma e Pavia não se fizeram num dia", o presidente da câmara disse que "lançou várias candidaturas para conseguir financiamento para depois realizar obras". "O nosso papel é garantir financiamento e conseguir executar aquilo a que nos comprometemos", afirmou o socialista Paulo Arsénio, referindo que o concelho está "muito degradado" em termos de equipamentos e da rede viária municipais e de infraestruturas que dependem do Governo. "Estamos crentes que o caminho que estamos a fazer, podendo, por vezes, ter erros, é o mais correto, mas, com o dinheiro que temos, não podemos fazer tudo o que Beja precisa", sublinhou.

 

Segundo Paulo Arsénio, "a oposição tem de fazer o seu papel", mas "os que agora criticam" o PS "nada conseguiram para Beja, nem em termos de renovação da cidade, nem em termos do que reivindicam do Governo".

Comentários