Diário do Alentejo

Legislativas: PSD perde deputado pelo círculo de Portalegre

07 de outubro 2019 - 00:25

O PSD perdeu um deputado no círculo eleitoral de Portalegre, o que menos elege no país, tendo o PS conquistado os únicos dois mandatos, após vencer em 14 dos 15 concelhos daquela região alentejana. Em 2015, o PS perdeu apenas no “bastião comunista” de Avis, situação que voltou a ocorrer nestas eleições legislativas.

 

Ao conquistar os dois deputados, o PS vê reeleito por este círculo eleitoral Luís Moreira Testa, também presidente da Federação Distrital de Portalegre do PS, e Ricardo Pinheiro, atual preside do município de Campo Maior.

 

O PSD, que apenas em 2005 não conseguiu eleger um deputado, voltou nestas eleições a perder um parlamentar, não tendo sido eleito o atual presidente da Comissão Política Distrital de Portalegre do PSD, António José Miranda. O PS obteve no distrito de Portalegre 22.909 votos (44,73%), ao passo que o PSD obteve 10.284 votos (20,08%). Nas eleições legislativas de 2015, o PS obteve 25.037 votos, enquanto a coligação PSD/CDS-PP obteve 16.303 votos.

 

Em Avis, a CDU continua a conquistar a maioria dos votos dos eleitores daquele concelho, sendo considerado um bastião do PCP, partido que tem conquistado sempre o município desde as primeiras eleições autárquicas e legislativas, após o 25 de Abril de 1974.

 

Atualmente há 96.391 eleitores inscritos no distrito, quando em 2015 estavam registados 101.189, segundo dados do Ministério da Administração Interna. Nas eleições deste domingo votaram 51.212 eleitores (53,13%). Há quatro anos, o PS obteve neste círculo eleitoral o seu melhor resultado do país, com 42,43% dos votos (contra 32,38% a nível nacional), sendo o distrito de Portalegre uma das regiões menos abstencionistas em 2015 (41,69%).

 

O distrito de Portalegre perdeu mais de 12.200 habitantes desde os Censos de 2011, registando no ano passado uma população média de 106.271 residentes, segundo o portal de análise de dados estatísticos EyeData. Em 2011, nos Censos, o distrito tinha 118.506 habitantes distribuídos pelos seus 15 municípios.

 

De acordo com o portal, o concelho de Portalegre é o que tem mais habitantes (22.493), ao passo que, no último lugar da tabela, surge o concelho de Arronches, com 2.885 residentes. À falta de peso político do círculo eleitoral junta-se um tecido empresarial débil, sendo que o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem era de 909,28 euros em 2016, contra a média nacional de 1.108,56 euros.

 

Sem uma autoestrada que sirva Portalegre e com uma estação ferroviária a cerca de 12 quilómetros da sua zona industrial, a cidade, que em tempos foi conhecida como a “cidade operária” do Alentejo, depara-se com um tecido empresarial débil. As instituições de solidariedade social e o setor agrícola ocupam um lugar de relevo na empregabilidade, mas as câmaras mantêm-se também como umas das principais entidades empregadoras, como indica o facto de o distrito, em 2017, ter 23,43 trabalhadores da administração pública local por mil habitantes (no país o número era de 11,62).

 

Num cenário de perda de população e falta de investimento, há também os denominados ‘oásis’ empresariais, nomeadamente em Campo Maior, onde está instalada a empresa Delta Cafés. O ‘cluster’ aeronáutico que está a ser desenvolvido no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor ou a monumentalidade da cidade raiana de Elvas, com as suas fortificações classificadas como Património Mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), são ‘balões de esperança’ que surgiram recentemente para atrair investidores e moradores.

 

O setor do turismo é também sistematicamente apontado como uma possível âncora da região, procurada por turistas pela sua gastronomia, vinhos, unidades de turismo rural e festivais de música (Crato e Marvão).

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