Diário do Alentejo

Amílcar Mourão: “Cenário preocupante” para o PSD

07 de outubro 2019 - 00:25

O PSD falhou nas legislativas de hoje a eleição de qualquer deputado para a Assembleia da República pelos três círculos do Alentejo, o que acontece pela segunda vez nas últimas duas décadas. Desde 2000, nas seis eleições legislativas realizadas, incluindo as de hoje, só nas de 2005 é que o sociais-democratas não elegeram qualquer deputado no Alentejo, considerando o global dos círculos de Évora, Beja e Portalegre, resultado repetido este domingo.

 

No círculo eleitoral de Évora, o PS elegeu dois deputados (o que já tinha e mais um) e a CDU manteve o seu, tendo o PSD perdido o mandato que detinha desde as eleições de 2009 (elegeu um deputado nessas eleições e em 2011, quando concorreu sozinho, e em 2015, coligado com o CDS-PP). Por Beja, o PS também reelegeu hoje o deputado que já detinha e “conquistou” mais uma “cadeira” no parlamento, enquanto a CDU manteve o seu eleito, tendo os sociais-democratas perdido o mandato conseguido em 2015, coligados com CDS-PP, e em 2011, quando o partido se apresentou sozinho a sufrágio (em 2009, 2005 e 2002 não elegeu qualquer deputado).

 

No círculo de Portalegre, tradicionalmente onde o PSD costuma ter mais “peso” político por terras alentejanas, liderando até, atualmente, as únicas quatro câmaras municipais “laranja” de todo o Alentejo - Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Fronteira -, o “filme” das legislativas de hoje não foi, ainda assim, diferente.

 

Quando, em 2005, Portalegre deixou de eleger três deputados e passou a eleger apenas dois, os socialistas conquistaram logo essas duas “cadeiras”, ficando os sociais-democratas sem aquela que habitualmente lhes calhava.

 

Nesse distrito, nas legislativas de 2009, 2011 e 2015 (nessa última coligado com CDS-PP), os dois mandatos de deputado já foram repartidos entre PS e PSD, mas hoje a votação voltou a ditar que este círculo eleitoral alentejano fique representado no parlamento por dois deputados socialistas.

 

No global da região, sem que o PSD tenha eleito qualquer deputado, perdendo os três que tinha para o PS, a predominância “rosa” no Alentejo sai reforçada, com um total de seis mandatos na Assembleia da República, mantendo a CDU as suas “posições”, com um deputado por Beja e outro por Évora.

 

Contactado pela agência Lusa, Amílcar Mourão, um dos históricos sociais-democratas no distrito de Beja, lamentou o resultado alcançado pelo partido no Alentejo, considerando-o “um cenário preocupante”, que merece “uma reflexão nacional, mas também uma análise mais local”. “Já havia o risco da perda do deputado por Portalegre porque tem muito a ver com a redução do número de deputados” por esse círculo, mas, “nos casos de Beja e de Évora houve nitidamente um decréscimo do número de votos”, afirmou Amílcar Mourão, que foi presidente da distrital social-democrata de Beja por duas vezes, nos anos 90 e nos anos 2000.

 

“E se em Beja praticamente só quando o PSD ganha a nível nacional é que se consegue eleger um deputado, já por Évora é mais significativa essa perda, porque, mesmo quando o partido não ganhava em termos nacionais, conseguia eleger um deputado”, acrescentou.

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