Também Elisabete Gonçalves, a nova diretora do Hotel Melius, considera que “não só para o turismo, mas para a economia, em geral”, o facto de a “autoestrada estar parada, e o comboio ser o que é”, não ajuda ao desenvolvimento. No entanto, as taxas de ocupação do seu hotel são “simpáticas” e a perspetiva é de aumento, mas o tipo de clientela é mais empresarial, com enfoque para as empresas que têm como base o aeroporto de Beja.
Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, admite que as queixas dos operadores turísticos têm razão, mas diz que o município está a fazer tudo para que esse cenário mude. “Hoje, a média de permanência de um turista no concelho de Beja é de 1,8 dias, mas, segundo estudos que nós fizemos, essa média, depois da albufeira dos Cinco Reis estar em funcionamento, poderá passar para 2,7”. Mas o autarca de Beja diz que a valorização deste território também passa pela “reabilitação do património”, nomeadamente, o património religioso, e refere o investimento de 1,2 milhões de euros, recentemente aprovado, no Museu Regional de Beja, como uma âncora para a atração de turistas à cidade. O presidente da Câmara de Beja faz ainda questão de lembrar que a eletrificação da ferrovia e as novas acessibilidades rodoviárias são “essenciais” para que Beja possa concorrer com Évora, uma cidade que “é Património Mundial e está muito mais próxima de Lisboa”.
Portas do Património
Nasceu em 2008 para “valorizar os recursos existentes e concorrer aos fundos comunitários para a salvaguarda e a promoção do património”, mas só desde agosto do ano passado é que passou a funcionar em velocidade de cruzeiro. A Associação Porta do Património, uma parceria entre a diocese, o município de Beja e a misericórdia, é responsável pela abertura aos turistas dos espaços religiosos do concelho de Beja, edifícios que cobrem várias épocas, e que vão desde o gótico alentejano, do século XIII, até ao barroco, da segunda metade do século XVIII.
O padre Manuel Rosário, da Comissão Diocesana do Património e responsável pela instituição, diz que “o património tem de ser uma causa comum, e envolver a paróquia, as autarquias, as empresas e os particulares, bem como a Direção Regional de Cultura, cujo apoio é essencial”. “As pessoas procuram o património religioso, mas a Igreja, por si só, não tem recursos” suficientes para o manter. Daí a importância desta parceria. A Sé de Beja parece ser o monumento que cativa mais turistas. De janeio a julho deste ano já a visitaram cerca de 12 mil pessoas. Como objetivo de curto prazo o padre Manuel Rosário aponta para que a igreja de Santa Maria possa ficar visitável, e recorda que desde agosto que os valiosos azulejos da capela do Rosário já podem ser apreciados por quem visita a cidade.