Diário do Alentejo

Jerónimo de Sousa apela ao voto socialista na CDU

27 de setembro 2019 - 10:25

O líder do PCP apelou ao voto de socialistas descontentes na Coligação Democrática Unitária (CDU), que junta comunistas e ecologistas, nas eleições legislativas de outubro, num almoço-comício na Vidigueira. "No início aqui deste almoço, um amigo que está presente, saudava-nos e dizia ‘sou socialista, mas eles ultimamente não se andam a portar bem'. Deu-nos força, deu-nos alento. Queria daqui dizer que pode contar connosco e, se fizer a sua opção de voto pela CDU, vai ver que não se arrepende e que votou certo e seguro pelos avanços no país", afirmou Jerónimo de Sousa.

 

Segundo o secretário-geral comunista, "se há coisa de que aqueles que votaram há quatro anos na CDU se podem orgulhar é de que o seu voto foi respeitado, foi honrado, não foi traído”. "A CDU faz aquilo que aqui está a dizer. Faz o compromisso com os trabalhadores e o povo", garantiu.

 

O líder comunista lamentou que, "haja crise real ou crise fictícia, sempre mas sempre, são os mesmos a pagar, ou seja, os trabalhadores e o povo”. "Avançar é preciso. Não deixar o PS de mãos livres para fazer aquilo que muito bem entender", defendeu.

 

Jerónimo de Sousa vincou que, ao longo da legislatura, "a CDU propôs”. "Acompanhou aquilo que era positivo, mas demarcou-se e criticou aquilo que foi negativo neste Governo PS. A CDU faz falta. Não é a nós, ter mais um deputado ou menos um deputado. Uma CDU mais forte pode manter este rumo de avanço, de continuar a andar para a frente e não andar para trás", afirmou.

 

"No dia 6 de Outubro o que está em causa é a escolha de 230 deputados à Assembleia da República, que decidirão sobre o nosso futuro colectivo, os nossos direitos, a nossa qualidade de vida, o equilíbrio ambiental, a justiça social", salientou por sua vez o cabeça-de-lista da CDU, João Dias, acrescentando que os candidatos comunistas "não fazem viagens fantasmas como os outros". "Sabemos e não nos desviamos, em nenhum momento, do objectivo de sempre: não desperdiçar nenhuma oportunidade para defender, repor e conquistar direito”, sublinhou.

 

Mais tarde, em Serpa, Jerónimo de Sousa criticou a recente comissão parlamentar de inquérito ao furto de armas em Tancos, da iniciativa do CDS-PP, por se ter adiantado à justiça, acusando ainda os democratas-cristãos de terem "duas caras”. Por se tratar de um assunto de Estado, Jerónimo de Sousa, num palanque alternativo e já fora do palco do comício noturno da campanha das legislativas da CDU, que junta comunistas e ecologistas, fez uma declaração aos jornalistas, sem espaço para perguntas, sobre a polémica do processo judicial e acusações hoje conhecidas, nomeadamente do ex-ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes em virtude de eventual encobrimento da operação de recuperação do material de guerra.

 

"Se tivesse sido feito o que o PCP defendeu a situação teria sido diferente. Ou seja, primeiro concluir a investigação e só depois criar a comissão de inquérito. Ninguém nos acompanhou nesta posição, incluindo o CDS. Não temos duas caras como o CDS", afirmou.

 

Para o líder comunista, "havendo condenação, há outro facto que tem de ser apurado: se o ex-ministro prestou ou não falsas declarações perante a comissão de inquérito", sem nunca se referir às atuações do primeiro-ministro, António Costa, ou do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em todo o caso.

 

"Seja qual for o governo, seja do PSD/CDS ou do PS a justiça tem de ter condições para trabalhar e apurar todas as responsabilidades. Ninguém pode esconder gravidade do que está em causa. Apurem-se todas as responsabilidades, em particular as que resultam das gravíssimas acusações que são imputadas ao ex-ministro da Defesa. A justiça deve decidir", defendeu.

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