Diário do Alentejo

"Nenhuma direção partidária é superior ao interesse da região"

16 de setembro 2019 - 00:10

Se, por um lado, reconhece que o Baixo Alentejo “precisa de um olhar diferente” por parte da Governo, por ou- tro sublinha ter sido possível, nos últimos anos, “revolucionar a região”, no turismo e na agricultura. Argumentos que o cabeça de lista do PS promete levar para a campanha.

 

Texto Luís Godinho

Fotografia José Ferrolho

 

Se o resultado das últimas europeias se repetisse nas legislativas de 6 de outubro, Pedro do Carmo teria outra companhia do Baixo Alentejo na bancada parlamentar do PS. Com esse resultado (36,6 por cento do votos), o PS elegeria dois dos três deputados por Beja. O resultado até ficou ligeiramente abaixo do obtido pelo partido em 2015, quando foi eleito pela primeira vez, mas a desagregação de voto à direita acabaria por beneficiar os socialistas. Sem assumir, claramente, que o objetivo é a eleição do segundo deputado, Pedro do Carmo procura uma outra forma de dizer o mesmo, sublinhando que pretende “consolidar a posição do PS” como partido mais votado no distrito: “Humildemente, o PS vai para estas eleições de consciência tranquila, esperando aumentar o número de votos e esperando que os baixo alentejanos reconheçam o trabalho feito nos últimos quatro anos”. 

 

Entre o deve e o haver da contabilidade eleitoral, o candidato socialista diz partir para esta campanha com “orgulho no trabalho feito pelo Governo” nos últimos quatro anos. “Este foi um Governo que trouxe estabilidade ao País, devolveu salários e direitos sociais e temos hoje uma economia mais forte, reconhecida a nível internacional. As pessoas lembram-se que, ainda há bem poucos anos, não recebiam subsídios de férias nem de Natal, que alguns feriados tinham sido cortados e os jovens aconselhados a emigrar”, sublinha Pedro do Carmo, acrescentando que os números do desemprego serão outro dos trunfos a apresentar na próxima campanha: “Vivemos hoje uma situação de quase pleno emprego, bem diferente de há quatro anos”.

 

Considerando “inaceitável e inadmissível” que o troço da A26 entre Figueira de Cavaleiros e Grândola continue encerrado, apesar de pronto há vários anos, e de classificar como “lamentável” o estado da ferrovia – “fui eu que propus a inscrição da eletrificação da linha Beja/Funcheira no Plano Nacional de Investimentos” – o cabeça de lista do PS por Beja diz ser necessário um “olhar diferente” para o Baixo Alentejo: “Conheço bem a realidade desta região, precisamos de mais investimento público. Tudo isso é certo. Temos de reivindicar o aproveitamento das potencialidades que temos, é isso que nos deve mover, é isso que permitirá a afirmação dos nossos fatores de diferenciação, de autenticidade, num mundo cada vez mais global”. Na área da saúde, assegura que a ampliação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, é mesmo para fazer: “O financiamento está garantido e será uma realidade ainda no decurso do atual Quadro Comunitário de Apoio”.

 

“Nenhuma direção partidária é superior ao interesse do Baixo Alentejo. Quando as direções partidárias, sejam ela quais forem, qualquer que seja o partido, ponham para trás o desenvolvimento da região, serei uma voz contra”, refere Pedro do Carmo, acrescentando que o Baixo Alentejo, muito por força do empreendimento de Alqueva, tem dado nos últimos anos um “grande contributo” para a economia nacional. “Revolucionámos a região, transformámos a paisagem, o modo de vida, estamos a dar uma grande comparticipação para a economia do País. Hoje somos vistos com outros olhos, mesmo em termos internacionais, seja no turismo, na gastronomia ou na agricultura. Grandes empresas internacionais olham para nós como uma região com enorme potencial para se desenvolver”, sublinha.

 

Afirmando que o seu trabalho, enquanto deputado e presidente da Federação do PS do Baixo Alentejo, “não pode ser desligado” da atuação dos autarcas, o candidato socialista diz que a sua campanha será marcada por um “contacto direto” com as pessoas. “Queremos ouvir as suas dificuldades, em diálogo com todos, sejam cidadãos, empresários, autarcas ou instituições. Esta interligação entre todos os setores da sociedade não é uma coisa momentânea, não é campanha eleitoral, é uma tarefa importante para o nosso futuro coletivo”.

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