Diário do Alentejo

"O interior tem de ter as mesmas oportunidades"

16 de setembro 2019 - 00:05

Inês Palma Teixeira quer recuperar eleitorado para o CDS, num terreno habitualmente difícil. A descida nas europeias (que colocou os centristas com apenas mais 200 votos que o PAN) e a “pulverização” de candidaturas à direita condicionam a campanha. Acessibilidades, saúde e falta de investimento público são algumas das suas preocupações.

 

Texto Luís Godinho

 

Nas últimas vezes que foi a eleições sozinho, em 2009 e 2011, o CDS “valeu” cerca de cinco mil votos no círculo eleitoral de Beja. Mais em 2011 (7,29 por cento) do que dois anos antes, quase o dobro do registado em 2005. Depois chegou a coligação que viabilizou o governo liderado por Pedro Passos Coelho. Em 2015, PSD e CDS criam o Portugal à Frente (PAF) e apresentam-se juntos às urnas, tendo os votos centristas sido decisivos para a eleição de Nilza de Sena como deputada. Não foi por muito, mas foi. Quatro anos volvidos, o CDS volta a concorrer sem coligações, num contexto difícil para o partido, ainda muito marcado pelos 1444 votos (3,63 por cento) alcançados em Beja das últimas europeias e pela pulverização de candidaturas a disputarem o mesmo espaço político, da Aliança à Iniciativa Liberal, do Chega ao Nós Cidadãos.

 

“O CDS, ao contrário das últimas legislativas, nestas eleições, concorre sozinho, por entender que tem o seu programa e que apesar de convergir em muitos pontos com outros partidos de direita, tem uma visão própria”, diz a empresária Inês Palma Teixeira, 47 anos, nascida em Beja e há muito radicada em Lisboa. “É natural que o aparecimento de outras candidaturas se traduza numa pulverização de votos, mas conseguirei mostrar que o CDS tem medidas para ajudar esta região a ter o desenvolvimento que merece. Tentarei percorrer todo o distrito, apostando numa campanha de proximidade, ouvindo as pessoas e as suas preocupações”.

 

Deputada à Assembleia Municipal de Cascais, órgão presidido por Pedro Mota Soares (ex-ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social que falhou a eleição para o Parlamento Europeu, em maio), a cabeça de lista do CDS diz estar ligada ao Baixo Alentejo desde a infância: “Passei os primeiros anos da minha vida em Beja, de onde o meu pai é natural. Quando fui viver para Lisboa, continuei a vir cá passar férias e fins de semana com a minha família e muitos amigos com os quais mantenho contacto”.

 

Diz a candidata que, “infelizmente”, o distrito de Beja “tem vindo a perder relevância a nível nacional”. Em todo o caso, mais do que “apontar o dedo e criticar”, quer aproveitar a campanha eleitoral para se juntar “ao debate e à discussão”. “Sobre o que queremos para a nossa região, ajudar os militantes e votantes do CDS a divulgar os nossos princípios e valores e conseguir as melhores soluções para os problemas que nos afligem”.

 

“Apesar de defendermos um menor peso do Estado na economia, não faz sentido que a população do interior, pagando impostos como o resto da população, não tenha as mesmas oportunidades”, resume, invocando a sua condição de autarca num dos concelhos com “melhores índices de nível de vida” para dizer ao que vem: “Quero ajudar a construir uma região melhor”.

 

Segundo Inês Palma Teixeira, os problemas mais graves da região estão identificados, com as acessibilidades e a saúde no topo da lista, a par da falta de investimento público. “Para nós, é essencial melhorar as condições do IP8 e das estradas nacionais, abrir o troço já concluído da A26 e melhorar as ligações ferroviárias”, acrescenta a candidata centrista, elencando um conjunto de propostas que constituem o “caderno de encargos” do partido, entre as quais se inclui a dinamização do aeroporto, a dotação da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) com os “recursos humanos suficientes a fim de melhorar os tempos de espera e evitar falhas nas urgências” e a criação de um estatuto especial para as regiões do interior do País, capaz de atrair empresas e fixar populações através da redução da carga fiscal.

 

A agricultura será outra das prioridades. Inês Palma Teixeira diz ser necessário fazer com que os agricultores “se sintam valorizados e acreditem no futuro da sua atividade, ao invés de se sentirem ameaçados por uma política de desconfiança constante”. Quer “simplificar e desburocratizar o apoio aos investimentos agrícolas”, envolver as escolas profissionais e o Instituto Politécnico de Beja na adaptação da oferta formativa às necessidades das empresas e “adotar medidas que ajudem a fixar a população estrangeira que é empregue por pequenas temporadas nem sempre nas melhores condições”.

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