O número de vagas sobrantes é particularmente significativo em cursos como Agronomia (dos 50 lugares disponíveis foram apenas colocados quatro alunos), Engenharia Informática (ainda há 39 lugares por preencher) ou Solicitadoria, no regime de ensino à distância. A segunda fase de colocações decorre até 20 de setembro. Segundo Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, estes resultados, em linha com o verificado na maioria dos institutos politécnicos, “revelam claramente os efeitos” do reajuste de vagas em benefício das instituições localizadas no interior do País.
“Já se notam claramente esses efeitos, com mais colocados no ensino superior. Dissemos que algumas coisas têm de ser feitas nesse sentido. Dissemos em primeiro lugar que as bolsas do [programa] +Superior deviam ser disponibilizadas aquando do concurso nacional de acesso - e já o são - e acho que isso foi positivo. Este ano até houve um aumento relevante do valor dessas bolsas, que acho também que é extremamente positivo. Nota-se esse efeito de mais estudantes nas instituições do ensino superior, que tem um efeito mais expressivo no número de colocados de estudantes internacionais”, acrescenta Pedro Dominguinhos, em declarações à Lusa.
Os politécnicos de Beja, Portalegre, Castelo Branco, Bragança, Guarda são exemplos de institutos onde as vagas para estudantes internacionais estão já todas preenchidas, com cerca de 100 a 200 estudantes internacionais acolhidos, em média, por cada instituição.
ALOJAMENTO DIFÍCIL
A chegada de novos alunos traz velhos problemas, a começar pelas dificuldades de alojamento. O Governo garante que já estão disponíveis em todo o País 600 novas camas destinadas aos estudantes do Ensino Superior, totalizando 15 965. No entanto, para Beja, Faro e Portimão, em conjunto, a percentagem de aumento é de apenas dois por cento, em relação ao ano anterior.
Numa nota distribuída à imprensa, a tutela informa que o maior aumento de alojamentos a preços regulados observou-se no Porto (mais 19 por cento) e Lisboa (11 por cento). No Alentejo (Beja) e Algarve (Faro e Portimão) são referidos como estando já disponíveis 44 novas camas, o que significa um aumento de dois por cento. Assegurando que a situação “não é crítica”, o presidente do Instituto Politécnico de Beja, João Paulo Trindade, sublinha que o objetivo de aumentar a oferta de alojamentos para os estudantes é “um processo
contínuo” que tem sido desenvolvido com a tutela, e que “não está encerrado”. Em análise está a possibilidade de ocupar um espaço, cedido pelo município de Beja, na praça da República. “Apesar de ainda ser insuficiente”, as 420 camas atualmente disponíveis permitem que o presidente do Instituto Politécnico de Beja considere que “a situação não é crítica”.
Carolina Cruz, estudante de Turismo e ex-dirigente da Associação Académica de Beja, considera que os preços na cidade são os “adequados”, no entanto sente-se “cada vez mais dificuldade” em arranjar casa. “Beja tem cada vez mais estudantes, mas as condições de acolhimento não têm aumentado na mesma proporção”, conclui.