Investimento público em que áreas? Investimento na saúde, na educação, na mobilidade, na criação de condições para corresponder às necessidades das pessoas… Hoje até para se nascer em Beja é preciso ter a sorte de nesse dia a maternidade estar aberta. Tudo isto conta para que as pessoas se possam fixar no território. Precisamos de ver concretizado um modelo de desenvolvimento económico assente numa base fundamental que é a agricultura. E nós, numa região que tem todas as condições para produzir o que o País precisa, poderíamos aproveitar muito mais a riqueza da terra e a riqueza da água que temos. Não estamos a produzir o alimento que a nossa população precisa mas o que outros nos impõem, porque este mercado liberalizado e competitivo cria condições só para duas ou três culturas.
A nível da saúde, qual o seu retrato do que se passa em Beja?Conheço muito bem a situação da saúde no nosso distrito, estava a chefiar a Unidade de Cuidados na Comunidade no Centro de Saúde de Beja antes de ir para o Parlamento… A situação é dramática, desde logo ao nível dos cuidados de saúde primários. Por isso fizemos aprovar muito recentemente um projeto de resolução para o reforço da resposta pública nos serviços de saúde, na área dos cuidados primários e dos cuidados hospitalares, novamente reforçando a necessidade de construção da segunda fase do hospital, mas também na área dos cuidados continuados. Beja, a capital de distrito, não tem uma única unidade de cuidados continuados integrados. Qualquer pessoa de Beja que precise desse tipo de resposta tem de ir para Casével, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura ou Serpa, com as contingências que isso tem em termos familiares. Exigimos que em 2020 seja concretizada uma unidade deste género em Beja.
Problemas a que se somam outros, relacionados com a falta de profissionais…Precisamos de 74 médicos para responder às necessidades atuais. A médio prazo, nos próximos cinco anos, 60 por cento dos médicos estarão em condições de se reformar, o que é gravíssimo. A resposta a estes problemas deve ser uma resposta integrada a nível de todo o Alentejo. Não podemos olhar para o Hospital Central do Alentejo como sendo um ataque aos cuidados de saúde aqui em Beja, mas têm de ser os profissionais de saúde a deslocar-se, a vir ter com as pessoas, e não o contrário. Ao mesmo tempo que é construído o Hospital Central em Évora tem de ser feito um investimento em Beja. E depois temos de fazer com que os médicos e os outros profissionais de saúde possam, de forma integrada, coordenada, dar resposta às necessidades existentes nos diversos distritos.
O João Dias assumiu o lugar de deputado, foi candidato ao Parlamento Europeu, é agora cabeça de lista às Legislativas… Vê-lo-emos também como candidato a presidente da Câmara de Beja nas próximas Autárquicas?É um problema que não se coloca neste momento. Será uma reflexão coletiva que a seu tempo será feita não só pelos militantes da CDU mas também por muitos progressistas independentes que contribuem para a construção das listas autárquicas. Cada coisa a seu tempo. Neste momento estamos focados no combate das eleições legislativas, que vão escolher os deputados para a Assembleia da República.