Diário do Alentejo

Académicos estudam imigração na agricultura

23 de julho 2019 - 11:10

Texto Aníbal Fernandes

 

A integração de trabalhadores e o aumento da procura de mão de obra no setor agrícola podem parecer contraditórios se tivermos em conta o declínio do meio rural. No entanto, é uma realidade e está a ser observada por um grupo de académicos do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, coordenados pelo investigador João Carvalho. A migração de trabalhadores na agricultura, quer em termos geográficos, quer em termos ocupacionais, consiste numa das maiores transformações neste setor no século XX. Recentemente o tema foi debatido em Évora, durante um colóquio que teve lugar na Escola de Ciências e Tecnologia – Colégio Luís António Verney.

O meio rural português tem sido caracterizado por um elevado nível de desertificação e de envelhecimento da população. Ao mesmo tempo, a agricultura, a principal atividade económica destes territórios, observou um declínio substancial em termos de preponderância no mercado laboral e na economia nacional. Mas a falta de mão de obra e os elevados níveis de concorrência têm criado condições para que surgisse um processo de reestruturação do setor agrícola. Foi este paradoxo que se transformou no ponto de partida para o estudo sobre o impacto da imigração no setor agrícola.

 

João Carvalho, o coordenador do projeto científico, que é apoiado pelo Fundo de Asilo, Migrações e Integração, explicou ao “Diário do Alentejo” que os objetivos do trabalho se resumem em “identificar as características, intensidade e determinantes da procura de mão de obra estrangeira” na região, e “analisar o perfil sociodemográfico e as expetativas dos trabalhadores.

 

O trabalho de campo já começou, tendo já sido realizadas muitas entrevistas, através de respostas a um questionário em várias línguas que é disponibilizado on line. “Estou bastante satisfeito com a adesão dos trabalhadores estrangeiros. Muitos veem isto como uma oportunidade para terem voz, já que se sentem como cidadãos de segunda classe”, diz João Carvalho.Em princípio as conclusões do trabalho serão conhecidas no final do primeiro semestre do próximo ano.

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